Crónicas
(ilustração: Rembrandt, Cristo e a Samaritana, reproduzida daqui)
Na
sua crónica de hoje no Público, intitulada A samaritana não se disfarçou de
santa, frei Bento Domingues escreve, sobre o episódio narrado no Evangelho
Segundo São João:
Vale
a pena percorrer a espantosa narrativa do encontro de um “judeu marginal”,
Jesus, com uma samaritana pouco recomendável, junto a um poço, no pico do
calor. (...) Foi Jesus quem quebrou a animosidade inicial, mas a samaritana
acaba por se esquecer do que foi fazer ao poço, sentindo-se perfeitamente
compreendida por aquele judeu que desloca a religião do Templo de Jerusalém e
do monte Garisim, para o culto do Pai, em espírito e verdade. Pressente
que está a nascer nela uma fonte de eternidade, uma outra religião, um futuro
novo.
Os
discípulos de Jesus, meio escandalizados com o cenário não entendem, como de
costume, o que se está a passar. Entretanto, a mulher partiu em missão: contou
a sua experiência, não como protagonista, mas para levar os samaritanos a
fazerem eles próprios o seu caminho. (...)
Porque
teria Jesus, segundo as narrativas da Ressurreição, confiado a evangelização da
própria Igreja às mulheres?
(texto
completo aqui)
No
domingo anterior, a crónica intitulava-se Conversão da Igreja ao serviço da
transfiguração do mundo e nela se falava também do manifesto sobre a
reestruturação da dívida portuguesa:
70
personalidades assinaram um manifesto sobre a reestruturação da dívida. A
dívida é cada vez maior. Seja qual for a opinião acerca deste gesto, o que
parece claro é que nunca iremos ter possibilidades de a pagar. Nestas crónicas
antecipámos uma transfiguração quaresmal. O perdão das dívidas é um assunto bem
conhecido do AT e NT. É melhor não os esquecer nesta Quaresma, que deve ser
transfiguradora. A Alemanha não está arrependida de lhe terem perdoado uma
dívida imensa. Desse perdão dependeu o seu milagre económico.
Os
deputados, todos os deputados, não se esqueceram das suas condições de vida.
Quando acordarem para a situação de vida da maioria dos seus eleitores, talvez
descubram que muitos deles já morreram e outros imigraram.
(texto
completo aqui)
Dia
9 de Março, na segunda crónica com o título O ser humano tem cura, frei Bento
falava também da Quaresma:
A
Quaresma não é um programa de dieta alimentar para vencer os
desvarios do Carnaval. Este significa que, sem divertimento e prazer, fazemos
do ser humano uma simples peça da cadeia de produção. O tempo de Quaresma é
dedicado a descobrir quem somos: lembra-te que és pó e em pó te hás-de
tornar. Uma tristeza! Os cristãos eram obrigados a voltar ao Antigo Testamento.
A alternativa actual é muito melhor: arrependei-vos e acreditai no
Evangelho da Alegria, acreditai que tendes cura.
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