As comunidades da Diocese de
Bragança-Miranda estão a ressentir-se com a falta de clero e sentem-se cada
vez mais abandonadas. A torcida da fé que ainda fumega nas aldeias mais remotas
do Nordeste Transmontano está quase a apagar-se.
S. João Maria Vianney, o Santo
Cura de Ars, dizia: “Deixai uma paróquia 20 anos sem padre e lá os homens
adorarão os animais”. Talvez tenha razão, mas há pelo menos uma realidade no
mundo que contradiz essa afirmação: a Igreja coreana.
No século XVII a fé
cristã foi introduzida naquela península asiática com a chegada de livros
católicos em chinês do jesuíta italiano Matteo Ricci. Até à chegada dos
primeiros sacerdotes franceses, em 1836, os católicos alimentaram e mantiveram
a fé, extraordinariamente, sem o alimento da eucaristia. Diversas perseguições
foram decapitando as comunidades coreanas, habituando-se estas a viver e a
aprofundar a sua fé mesmo sem sacerdotes, de tal modo que a Coreia é
considerada um caso único no mundo de uma “nação que se evangelizou a si
mesma”.
Durante os últimos
anos o concelho de Vinhais foi particularmente fustigado pela diminuição do
clero. Em pouco tempo, de sete diminuíram para três o número de sacerdotes que
o servem. Há localidades que não têm missa durante mais de dois meses. D. José
Cordeiro, o bispo desta diocese, tem-se disponibilizado ele próprio a celebrar
em alguns domingos nessas comunidades. Numa delas, alguém lhe terá manifestado
o abandono em que se encontram e lhe fez este apelo: “Todos nos abandonaram,
por favor que a Igreja não nos abandone”.
(o texto pode continuar a ser lido
aqui)
Imagens: Igreja de Gimonde, Bragança (foto Fernando Calado Rodrigues) e Mártires da Coreia (ilustração reproduzida daqui)
Imagens: Igreja de Gimonde, Bragança (foto Fernando Calado Rodrigues) e Mártires da Coreia (ilustração reproduzida daqui)
Sem comentários:
Enviar um comentário