No Público de domingo passado, Margarida David Cardoso publicou uma reportagem sobre as celebrações dominicais na ausência de presbítero. Na Igreja Católica, estas celebrações generalizaram-se em Portugal, em dioceses mais dispersas e com problemas de falta de clero, a partir da década de 1980. A realização da celebrações da palavra (em tudo semelhantes à eucaristia, mas sem o gesto da consagração do pão e do vinho) é aqui retratada a partir do que se passa na região de Reguengos de Monsaraz, em que várias celebrações são animadas por mulheres e homens, mais jovens e mais velhos. Como Rosa:
(...) Rosa, 55 anos, empregada fabril em Évora, ainda tem um
“santo tremor” que sobe sempre consigo ao altar. Apesar de já ter dirigido
centenas de celebrações dominicais, ao longo das mais de duas décadas que as
tem a seu cargo. Começou de forma pontual, quando o padre tinha que ir à terra.
Ou Rosa ia ou a igreja fechava. “O Nosso Senhor havia de meter as palavras
certas na minha boca”, acreditou.
Se dependesse dela, aquela igreja, que quase parece uma
pequena casa, nunca fecharia a porta. É pequena, caiada de branco, com um altar
de pedra. Cá fora, emoldurada pelo olival e campos de pasto, cor de folhas e
terra molhada.
Dentro, Rosa celebra uma espécie de missa que não é missa.
Chama-se celebração da palavra, em substituição da eucaristia, que, diz a
Igreja Católica, apenas pode ser feita por um padre. Na sua ausência, os
cristãos designados para orientar as cerimónias seguem um guia de celebração.
Há leituras, salmos, as mesmas orações, os mesmos cânticos, a comunhão e a
oração dos fiéis. Só não há homilia — em sua substituição, os leigos fazem uma
interpretação do evangelho – e a consagração das hóstias – estas são consagradas
pelo presbítero numa missa anterior.
(a reportagem pode ser lida na íntegra aqui; no mesmo endereço pode ser vista uma galeria de imagens, da
autoria de Miguel Manso, que pode ser acedida clicando sobre a fotografia que
aparece na página)
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