(foto reproduzida daqui)
Braga tornou-se, desde ontem, a
primeira diocese portuguesa a regulamentar a possibilidade do acesso de pessoas
casadas em segunda união à comunhão eucarística. Uma carta pastoral ao arcebispo,
Jorge Ortiga, com o título Construir a Casa sobre a Rocha, e um Documento
Orientador da Pastoral Familiar são os dois textos orientadores da nova
estratégia pastoral para situações como a referida.
O novo Serviço Arquidiocesano de
Acolhimento e Apoio à Família pretende “disponibilizar um acompanhamento
integral e multidisciplinar” dos desafios e problemas que as famílias
enfrentam, “com seriedade e sempre de forma fiel à doutrina da Igreja”, como
afirmou o arcebispo numa conferencia de imprensa de apresentação dos textos,
realizada quarta-feira.
Problemas como a violência
doméstica, dependências, vida matrimonial e sexual, entre outros, são algumas
das questões que o serviço acompanhará, com o contributo de uma equipa
constituída por um psicólogo, um psiquiatra e um médico. Já as questões
relativas aos divorciados “recasados” ou outras situações irregulares terão o
apoio de três padres jesuítas e de uma jurista em Direito Canónico e Civil. Os
custos podem não chegar sequer aos dois mil euros, afirmou ainda D. Jorge
Ortiga. Mas, no caso dos “processos breves” instituídos pelo Papa Francisco,
podem nem ter custo algum.
A nova orientação da diocese de
Braga, cuja síntese pode ser lida aqui, surgiu na sequência da exortação
apostólica Amoris Laetitia, do Papa
Francisco. Num comentário publicado entretanto, o presidente do polo de Braga
da Universidade Católica Portuguesa, João Duque, saúda-a como uma “permanente
afirmação e confirmação do valor imenso da família e das respectivas relações
como núcleo da vida eclesial”. De modo nenhum acrescenta João Duque num texto
que pode ser lido aqui na íntegra, o documento (no caso,
a carta pastoral) segue “uma leitura facilitista dos compromissos, que são e
continuarão a ser compromissos para toda a vida”. O também professor da
Faculdade de Teologia defende ainda a importância de se criar um dinamismo “que
ajude casais em fase de crise, para eventualmente se evitar a ruptura
definitiva”, pois a mediação familiar “terá que ser uma prática corrente,
precisamente para conseguir que sejam cada vez menos os casais cristãos que se
separam”.
Numa notícia
publicada no Jornal de Notícias de
quarta-feira, a jornalista Emília Monteiro escreve que mais do que duplicou o
número de pedidos de nulidade matrimonial, desde que, há dois anos, o Papa
Francisco simplificou o processo. Em 2016, terão sido 200 os processos
iniciados de norte a sul do país. Mais do dobro dos registados em 2015. Em
2017, quase no final do ano, somados os pedidos que deram entrada nos
tribunais, o número está muito próximo dos 250, adianta a mesma fonte, num
texto que pode ser lido aqui.
O mesmo texto adianta que existem
já gabinetes de aconselhamento em todas as dioceses portuguesas, embora Braga
seja a primeira a criar normas concretas que procuram responder aos apelos
deixados pelo Papa na exortação A Alegria
do Amor.
1 comentário:
Felizmente que a Comunicação social fez eco do conteúdo desta carta. Conteúdo que muitos católicos esperaram sem sucesso durante mais de 40 anos.Tempo esse durante o qual o simples facto de serem divorciados já os excluia da comunidade católica e apenas aqueles que tinham a cabeça bem arrumada se mantiveram dentro da Igreja. E entretanto assistiam aos anuncios publicos de anulação de matrimónio de alguns católicos que dispunham de muito bons contactos e dinheiro para se aventurarem a fazer um pedido de anulação. Uma Igreja para poderosos e outra para os "servos da gleba".
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