Ilustração reproduzida da página
du Nid francês, que se pode visitar aqui
Quem defende a legalização da
prostituição, deveria defendê-la também para as suas próprias filhas, defende
Inês Fontinha, socióloga e ex-responsável d’O Ninho, a instituição que acompanha mulheres
vítimas da prostituição e que está a comemorar meio século de existência.
Em entrevista a Manuel Vilas Boas,
na TSF, Inês Fontinha, por cujas mãos passaram oito mil mulheres, manifesta-se
radicalmente contra a legalização, que estará em debate no Parlamento. “Na
prostituição, a sexualidade é vivida na mais profunda desigualdade”, afirma, e
o que está em causa é o papel do cliente, que é “sempre um homem”. Por isso,
entende que “não podemos legalizar uma situação que fere severamente a
dignidade humana e que legitima a compra de uma mulher por um homem”.
A socióloga critica o discurso
político dominante e o olhar de vários partidos sobre o tema, bem como o papel
de organismos como a Comissão para a Igualdade de Género, cujo silêncio sobre o
tema considera inadmissível.
Criada como instituição de
inspiração católica, por Ana Maria Braga da Cruz, que para isso contou com o
apoio do fundador do Nid francês, padre André-Marie Talvas, O Ninho nunca teve uma
ajuda explícita da hierarquia católica, mas apenas de algumas personalidades.
Por estes dias, no entanto, o actual patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente,
almoça numa das casas da instituição com as mulheres apoiadas pel’O Ninho.
Galardoado, em 2003, com o Prémio
de Direitos Humanos da Assembleia da República, O Ninho participou também nos
debates sobre o Código penal que, em 1982, levaram à despenalização da mulher
vítima de prostituição e ao estabelecimento do crime de lenocínio.
A entrevista pode ser ouvida aqui na íntegra.
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