Manuel Pedro Cardoso (foto reproduzida daqui,
onde também está disponível um perfil biográfico)
Na apresentação do seu livro Cristãos Inconformistas – História da Igreja Presbiteriana de Lisboa, escrevia Manuel Pedro Cardoso, justificando o título: “A expressão ‘cristãos inconformistas’ devia ser considerada uma redundância, porque ser cristão, seguidor de Jesus Cristo, deveria significar alguém que não se conforma com este mundo, como exorta o apóstolo S. Paulo, que questiona todas as ideologias em nome dos valores do Reino.”
Homem bom e afável, Manuel Pedro Cardoso foi
o primeiro historiador do protestantismo português. No texto a seguir, Timóteo
Cavaco recorda as várias obras historiográficas e de espiritualidade que Pedro
Cardoso deixou, antes de morrer, há precisamente um mês. Tendo em conta o
empenhamento de Manuel Pedro Cardoso no diálogo ecuménico, faz todo o sentido
evocá-lo no momento em que os cristãos de todo o mundo assinalam a Semana de
Oração pela Unidade dos Cristãos (de 18 a 25 de Janeiro).
Manuel
Pedro Cardoso
(texto
de Timóteo Cavaco*)
Nasceu em
Lisboa mas acabou por exercer a sua atividade pastoral, para a qual foi
habilitado a 14 de junho de 1970, não só na sua cidade de origem, de 1973 a
1979, enquanto pastor da Igreja Presbiteriana de Lisboa, como também em
diversas congregações reformadas na zona Centro do país, nomeadamente Figueira
da Foz, Bebedouro, Portomar, Alhadas e Granja do Ulmeiro. Por razões de saúde,
havia suspendido a sua ação pastoral em 2004.
Pedro
Cardoso desempenhou ainda cargos da maior relevância nacional e com impacto
internacional, nomeadamente o de secretário-geral do Conselho Português de
Igrejas Cristãs de 1984 a 1996. Para além de ser conhecido pela sua
personalidade afável e de bom trato, destacou-se entre os da sua geração pelo
labor que dedicou à investigação histórica tendo sido o primeiro a empreender
uma história completa do protestantismo português, vertida na obra Por Vilas e Cidades: Notas para a história
do Protestantismo em Portugal, na sequência de um outro trabalho
anteriormente publicado.
Na sua
vertente de historiador, Manuel P. Cardoso dedicou-se ainda ao estudo histórico
de algumas comunidades locais, de onde resultaram trabalhos publicados, como
foi o caso das igrejas presbiterianas de Lisboa – Cem Anos de Vida (reeditado com o título Cristãos Inconformistas), do Bebedouro – O Protestantismo no mundo rural [acerca de cuja experiência
ecuménica se pode ler esta reportagem no DN] – e da
Figueira da Foz – Um Século na Figueira
da Foz.
Manuel Pedro
Cardoso produziu também diversas obras de caráter devocional e pastoral, de
onde se destacam Conselho Pastoral e A morte é o fim? e Por um cristianismo transformador e feliz. É, porém, no livro Uma Introdução ao Protestantismo que se
encontra o seu mais extenso e sistemático contributo para o conhecimento desta
expressão cristã em língua portuguesa.
Deixou a sua
marca em dezenas de escritos e artigos publicados fundamentalmente na imprensa
protestante. A sua profunda cultura e preparação académica – estudara no
Seminário Evangélico de Teologia, em Portugal, e na Faculdade de Teologia de
Lausanne, na Suíça – foi posta ao serviço da docência de teologia prática no
Seminário Evangélico de Teologia, onde desempenhou também as funções de reitor.
* Timóteo
Cavaco é investigador do Instituto de História Contemporânea; uma primeira
versão deste texto foi publicada na página da Sociedade Portuguesa da Históriado Protestantismo.
A celebração
ecuménica nacional que assinala a semana pela unidade decorre este sábado, a
partir das 21h30, na Igreja de Santa Joana Princesa, em Lisboa, integrando a vigília
ecuménica jovem (será, aliás, animada por jovens das igrejas Católica,
Lusitana, Metodista e Presbiteriana).
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