quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Braga abre possibilidade de recomeço aos divorciados “recasados”

(foto reproduzida daqui)
 
Braga tornou-se, desde ontem, a primeira diocese portuguesa a regulamentar a possibilidade do acesso de pessoas casadas em segunda união à comunhão eucarística. Uma carta pastoral ao arcebispo, Jorge Ortiga, com o título Construir a Casa sobre a Rocha, e um Documento Orientador da Pastoral Familiar são os dois textos orientadores da nova estratégia pastoral para situações como a referida.
O novo Serviço Arquidiocesano de Acolhimento e Apoio à Família pretende “disponibilizar um acompanhamento integral e multidisciplinar” dos desafios e problemas que as famílias enfrentam, “com seriedade e sempre de forma fiel à doutrina da Igreja”, como afirmou o arcebispo numa conferencia de imprensa de apresentação dos textos, realizada quarta-feira.
Problemas como a violência doméstica, dependências, vida matrimonial e sexual, entre outros, são algumas das questões que o serviço acompanhará, com o contributo de uma equipa constituída por um psicólogo, um psiquiatra e um médico. Já as questões relativas aos divorciados “recasados” ou outras situações irregulares terão o apoio de três padres jesuítas e de uma jurista em Direito Canónico e Civil. Os custos podem não chegar sequer aos dois mil euros, afirmou ainda D. Jorge Ortiga. Mas, no caso dos “processos breves” instituídos pelo Papa Francisco, podem nem ter custo algum.
A nova orientação da diocese de Braga, cuja síntese pode ser lida aqui, surgiu na sequência da exortação apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco. Num comentário publicado entretanto, o presidente do polo de Braga da Universidade Católica Portuguesa, João Duque,  saúda-a como uma “permanente afirmação e confirmação do valor imenso da família e das respectivas relações como núcleo da vida eclesial”. De modo nenhum acrescenta João Duque num texto que pode ser lido aqui na íntegra, o documento (no caso, a carta pastoral) segue “uma leitura facilitista dos compromissos, que são e continuarão a ser compromissos para toda a vida”. O também professor da Faculdade de Teologia defende ainda a importância de se criar um dinamismo “que ajude casais em fase de crise, para eventualmente se evitar a ruptura definitiva”, pois a mediação familiar “terá que ser uma prática corrente, precisamente para conseguir que sejam cada vez menos os casais cristãos que se separam”.
Numa notícia publicada no Jornal de Notícias de quarta-feira, a jornalista Emília Monteiro escreve que mais do que duplicou o número de pedidos de nulidade matrimonial, desde que, há dois anos, o Papa Francisco simplificou o processo. Em 2016, terão sido 200 os processos iniciados de norte a sul do país. Mais do dobro dos registados em 2015. Em 2017, quase no final do ano, somados os pedidos que deram entrada nos tribunais, o número está muito próximo dos 250, adianta a mesma fonte, num texto que pode ser lido aqui.
O mesmo texto adianta que existem já gabinetes de aconselhamento em todas as dioceses portuguesas, embora Braga seja a primeira a criar normas concretas que procuram responder aos apelos deixados pelo Papa na exortação A Alegria do Amor.

1 comentário:

Pastora disse...


Felizmente que a Comunicação social fez eco do conteúdo desta carta. Conteúdo que muitos católicos esperaram sem sucesso durante mais de 40 anos.Tempo esse durante o qual o simples facto de serem divorciados já os excluia da comunidade católica e apenas aqueles que tinham a cabeça bem arrumada se mantiveram dentro da Igreja. E entretanto assistiam aos anuncios publicos de anulação de matrimónio de alguns católicos que dispunham de muito bons contactos e dinheiro para se aventurarem a fazer um pedido de anulação. Uma Igreja para poderosos e outra para os "servos da gleba".