Comentário
A notícia da nota do patriarca, referida na publicação anterior, foi a manchete do Público de hoje, mas com um título forçado e que desvaloriza o texto rigoroso que está publicado no seu interior.
Ou seja: não se pode dizer “Igreja aconselha abstinência sexual aos católicos recasados”, como se lê na manchete do jornal (e onde se percebem mãos diferentes das da autora do texto, Natália Faria). Tão “Igreja” é a nota do patriarca como a carta pastoral do arcebispo de Braga divulgada há duas semanas; cada bispo, conforme o Papa diz na Amoris Laetitia, deve dispor as orientações para a sua diocese; por isso, não há, no documento de Lisboa, qualquer orientação para o conjunto da “Igreja”, como diz o título. A nota de D. Manuel Clemente destina-se apenas aos crentes da sua diocese, enquanto a carta pastoral de Braga também não atinge mais do que os católicos da diocese minhota. Valem o mesmo.
A ideia de que o patriarca é o “chefe” da Igreja em Portugal, que erradamente persiste no senso comum, tem aqui uma nova manifestação. Não: o patriarca é “apenas” o bispo dos católicos de Lisboa. Neste momento, o actual patriarca é também o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que é tão só um organismo de consulta mútua e cooperação entre os diferentes bispos do país. E apenas quando alguma decisão é tomada em conjunto por todos os bispos da CEP é que ela obriga todas as dioceses e todos os bispos.
Para que melhor se perceba, as decisões da Câmara de Lisboa dizem respeito apenas aos munícipes de Lisboa; e não é pelo facto de Lisboa ser a capital do país ou de, neste momento, o executivo municipal ter a maioria do mesmo partido que está no Governo do país, que as decisões da Câmara de Lisboa passam a ter carácter nacional. A responsabilidade social do jornalismo passa pelo rigor da informação. Mesmo no que à religião diz respeito.
Ou seja: não se pode dizer “Igreja aconselha abstinência sexual aos católicos recasados”, como se lê na manchete do jornal (e onde se percebem mãos diferentes das da autora do texto, Natália Faria). Tão “Igreja” é a nota do patriarca como a carta pastoral do arcebispo de Braga divulgada há duas semanas; cada bispo, conforme o Papa diz na Amoris Laetitia, deve dispor as orientações para a sua diocese; por isso, não há, no documento de Lisboa, qualquer orientação para o conjunto da “Igreja”, como diz o título. A nota de D. Manuel Clemente destina-se apenas aos crentes da sua diocese, enquanto a carta pastoral de Braga também não atinge mais do que os católicos da diocese minhota. Valem o mesmo.
A ideia de que o patriarca é o “chefe” da Igreja em Portugal, que erradamente persiste no senso comum, tem aqui uma nova manifestação. Não: o patriarca é “apenas” o bispo dos católicos de Lisboa. Neste momento, o actual patriarca é também o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que é tão só um organismo de consulta mútua e cooperação entre os diferentes bispos do país. E apenas quando alguma decisão é tomada em conjunto por todos os bispos da CEP é que ela obriga todas as dioceses e todos os bispos.
Para que melhor se perceba, as decisões da Câmara de Lisboa dizem respeito apenas aos munícipes de Lisboa; e não é pelo facto de Lisboa ser a capital do país ou de, neste momento, o executivo municipal ter a maioria do mesmo partido que está no Governo do país, que as decisões da Câmara de Lisboa passam a ter carácter nacional. A responsabilidade social do jornalismo passa pelo rigor da informação. Mesmo no que à religião diz respeito.
6 comentários:
Totalmente de acordo com este esclarecimento... Mas, é inadmissível o que foi dito pelo sr. Cardeal Patriarca! Uma afirmação antinatureza, antievangélica e "catastrófica" (no dizer de Anselmo Borges)!..Eu sou católico como o senhor Cardeal e lamento esta sua declaração anedótica! .... Demita-se do lugar ou peça imediata desculpa a todos os divorciados, pois no Evangelho não há perdões condicionais ... Valha-nos Deus!
Ó sr. Cardeal Patriarca, é inadmissível o que está a dizer! Uma afirmação antinatureza, antievangélica e "catastrófica" (no dizer de Anselmo Borges)!..Eu sou católico como o senhor e lamento esta sua declaração anedótica! .... Demita-se do lugar ou peça imediata desculpa a todos os divorciados, pois no Evangelho não há perdões condicionais ... Valha-nos Deus!
O título está errado por outra razão mais substantiva. A nota não aconselha continência aos católicos recasados. A nota aconselha continência aos recasados que querem aceder ao sacramento da comunhão. Pode parecer que não mas faz toda a diferença. O bispo de lisboa repete o que o magistério tem dito e escrito, há condições para comungar na Missa.
Não compreendo como pode ignorar da anormalidade humana da proposta a ser verdade que o titulo corresponde ao texto que vou consultar.
Fernando Abreu.
A opinião pública portuguesa, de tenor cultural marxista e maçónico, aproveitou logo para pegar da alínea no n° 5, alínea d) do documento do Cardeal, que diz em relação ao sacramento do matrimónio: “Quando a validade se confirma, não deixar de propor a vida em continência na nova situação”. Esta frase dogmaticamente certa e que, bem interpretada, não excluiria a possibilidade de a maior parte dos que recorrem à anulação do casamento verem o seu intuito consagrado, (dependendo isto da maturidade e realismo dos analisadores); a frase só diz que se o casal reconhece o primeiro casamento com validez certeira, não pode recasar-se. Esta seria a minha interpretação da frase. O problema do documento do senhor Cardeal-patriarca não é, porém, só de estilo. O Senhor Cardeal-patriarca, pelos aspectos que acentua, corre o perigo de se alinhar, praticamente, no grupo daqueles que oferecem resistência ao Papa.
Senhor José Lemos Pinto,
a alínea do documento do senhor Cardeal não permite tirar as conclusões a que chega. O problema está mais nas suas entrelinhas querendo apoiar os cardeias que não apoiam a directiva pastoral do Papa Francisco (http://antonio-justo.eu/?p=4047). As posições do Cardeal e do arcebispo vêm mostrar em Portugal (graças a Deus)as duas vertentes da igreja e a tensão na Igreja entre "progressistas e conservadores" (http://antonio-justo.eu/?p=4621).
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