A
causa de beatificação do antigo arcebispo de San Salvador, Oscar Romero, pode
ter sido desbloqueada, a acreditar nas notícias que vieram a público nos últimos dias, citando
declarações do bispo Vincenzo Paglia, no domingo passado, sobre o arcebispo que
foi assassinado a 24 de Março de 1980.
A
situação de constantes violações de direitos humanos que se vivia em El
Salvador naquela época, levou Romero a adoptar uma firme defesa da não-violência, ao mesmo
tempo que criticava as graves injustiças sociais que existiam no seu país.
Morto
em plena celebração da missa por um comando de extrema-direita, Romero tinha
dito na véspera, numa homilia de que se pode aqui se pode escutar um excerto, que
“nenhum soldado está obrigado a obedecer a uma ordem contra a lei de Deus” que
diz “não matarás”. E que “ninguém tem que cumprir uma lei imoral”. “Em nome de
Deus e em nome deste povo sofredor (...), ordeno: cesse a repressão”,
acrescentava o arcebispo.
A
guerra civil que, na prática, se seguiu à morte do arcebispo, provocou entre 60
mil a 80 mil mortos. Em 1989, um novo episódio atingiu de novo o coração da
Igreja, quando foram mortos seis padres jesuítas – entre os quais o basco
espanhol Ignacio Ellacuría.
Vincenzo
Paglia, postulador da causa de beatificação de Oscar Romero, estivera com o
Papa Francisco no sábado. Domingo, na missa em Molfetta (sul de Itália), disse que
o processo foi “desbloqueado”.
Apesar
de ter sido assassinado, o que o poderia converter em “mártir” – ainda mais em
plena celebração da missa – a Congregação para a Causa dos Santos debateu, ao
longo destes anos, se Oscar Romero deveria ser considerado mártir da fé (como
referiram João Paulo II e Bento XVI) ou se a sua morte se teria ficado a dever
a razões políticas.
Romero
não era adepto da teologia da libertação, mas a sua figura e a sua morte foram
adoptadas pelas camadas mais pobres da população e pelas correntes eclesiais
ligadas às comunidades de base e à teologia da libertação. Em 2007, recorda o
semanário francês La Vie na notícia citada, na sua viagem ao Brasil, o Papa Bento XVI falou da
questão: “O problema era que um campo político queria tomá-lo como
porta-estandarte, como figura emblemática. Como evidenciar de modo justo a sua
figura, preservando-a dessas tentativas de instrumentalização? Esse é o
problema.”
A
mesma notícia do La Vie recorda ainda que o bispo auxiliar de San Salvador,
Gregorio Rosa Chavez, disse, a 26 de Março, que o Papa Francisco está
“absolutamente convencido que Romero é um santo e um mártir”.
(foto:
Charlas/Sipa, reproduzida daqui)
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