Os
50 anos da Pacem in Terris (Paz na
Terra), a encíclica do Papa João XXIII, são o pretexto para o debate que, nesta
quinta-feira, dia 11, juntará em Lisboa Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro de
Reflexão Cristã, e a deputada Maria de Belém Roseira.
No
livro Caminhos da Justiça e da Paz
(ed. Rei dos Livros), que reúne os mais importantes documentos da doutrina
social católica desde 1891, recorda-se que aquela encíclica foi o primeiro documento
de um Papa a dirigir-se também, na saudação, a “todos os homens de boa
vontade”. Publicada a 11 de Abril de 1963, a PT surgiu já em plena realização Concílio Vaticano II. Esta encíclica,
diz-se na apresentação da mesma, no livro citado, “talvez não tenha sido tão
inovadora” quanto a Mater et Magistra,
publicada por João XXIII em 1961, “e é de certa forma mais teórica, com uma
longa reflexão sobre os direitos humanos no contexto do direito natural”. Mas, no documento, o Papa aborda “o problema
da corrida aos armamentos e vê a necessidade de, nalguns casos, os direitos humanos
serem restringidos, nomeadamente quando o seu exercício por uns se opõe aos
direitos de outros menos capazes de os defender por si próprios; a insistência
da Igreja na liberdade individual não deve ser aproveitada para dar cobertura à
opressão”.
Num
dos pontos da encíclica (PT 65), que pode ser lido como uma afirmação de grande
actualidade, diz o Papa João XXIII que os governantes devem promover os
direitos dos cidadãos “com o máximo de equilíbrio, evitando (...) que a
precedência dada aos direitos de alguns particulares ou de determinadas
empresas venha a dar origem a uma posição de privilégio dentro da nação”.
Esta afirmação,
diz Michael Walsh na introdução citada, é “bem concreta”. Explica o organizador
do volume: “Havia, e há, um certo número de países, incluindo alguns em que o
catolicismo romano é a religião dominante, em que a defesa dos direitos do
indivíduo serve para justificar a não intervenção do Estado em situações de
flagrante injustiça.”
Na encíclica,
acrescenta Walsh, faz-se uma defesa dos direitos humanos “a um ponto que, na
altura, era novidade nas declarações oficiais da Igreja Católica”. A paz,
acrescenta o texto da encíclica no final, deve ser baseada “na verdade, na
justiça, no amor e na liberdade”.
O
debate desta quinta à tarde é moderado por Pedro Freitas, decorre no Centro
Nacional de Cultura (R. António Maria Cardoso, 68, ao Chiado), em Lisboa (metro
Baixa/Chiado e é promovido pelo Movimento Internacional Nós Somos Igreja –
Portugal, com o apoio do Centro Nacional de Cultura. A entrada é livre.
(foto de João XXIII reproduzida daqui, onde há vários textos sobre o Papa Roncalli e a Pacem in Terris)
Sem comentários:
Enviar um comentário