segunda-feira, 29 de abril de 2013

Perspectivas sobre o novo pontificado (10) - O Concílio inacabado e as mulheres


O Papa Francisco não falou ainda muitas vezes do Concílio Vaticano II, sobre cujo início se estão a assinalar os 50 anos. Mas, há dias, disse já que ele está inacabado e que há mesmo quem queira voltar atrás. 
Numa das suas homilias na Casa de Santa Marta, onde estabeleceu a sua residência, o Papa afirmou: O Concílio foi uma linda obra do Espírito Santo. Pensamos no Papa João XXIII: um pároco bom, obediente ao Espírito Santo. Mas depois de 50 anos, fizemos tudo o que o Espírito Santo nos disse no Concílio? Não. Comemoramos este aniversário, erguemos um monumento, mas desde que não incomode. Nós não queremos mudar, e o pior: alguns querem voltar atrás. Isto é ser teimoso, significa querer domesticar o Espírito Santo; ser tolo, de coração lento”. 
É possível ler esta declaração, a par de outros gestos e decisões – como a constituição uma comissão de oito cardeais para o aconselhar no governo da Igreja, ou a inclusão de duas mulheres no lava-pés de Quinta-Feira Santa, por exemplo – como a afirmação da colegialidade e da necessidade de o catolicismo dar passos no sentido de uma maior participação de todos na vida e no governo da Igreja.
Mesmo das mulheres. No semanário francês La Vie, citava-se há dias o cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, coordenador da comissão criada pelo Papa: o gesto do lava-pés, bem como as declarações do Papa, dias depois, dizendo que as mulheres eram as “primeiras testemunhas da ressurreição”, traduziam a vontade de Francisco de apoiar a nomeação de mulheres para postos-chave na Santa Sé. Mais um aspecto a acompanhar neste pontificado. 

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