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Papa Francisco não falou ainda muitas vezes do Concílio Vaticano II, sobre cujo
início se estão a assinalar os 50 anos. Mas, há dias, disse já que ele está
inacabado e que há mesmo quem queira voltar atrás.
Numa das suas homilias na
Casa de Santa Marta, onde estabeleceu a sua residência, o Papa afirmou: “O Concílio foi uma linda obra do
Espírito Santo. Pensamos no Papa João XXIII: um pároco bom, obediente ao
Espírito Santo. Mas depois de 50 anos, fizemos tudo o que o Espírito Santo nos
disse no Concílio? Não. Comemoramos este aniversário, erguemos um monumento,
mas desde que não incomode. Nós não queremos mudar, e o pior: alguns querem
voltar atrás. Isto é ser teimoso, significa querer domesticar o Espírito Santo;
ser tolo, de coração lento”.
É possível ler esta
declaração, a par de outros gestos e decisões – como a constituição uma comissão de
oito cardeais para o aconselhar no governo da Igreja, ou a inclusão de duas mulheres no lava-pés de
Quinta-Feira Santa, por exemplo – como a afirmação da
colegialidade e da necessidade de o catolicismo dar passos no sentido de uma maior
participação de todos na vida e no governo da Igreja.
Mesmo das mulheres.
No semanário francês La Vie, citava-se há dias o cardeal Oscar Rodriguez
Maradiaga, coordenador da comissão criada pelo Papa: o gesto do lava-pés, bem
como as declarações do Papa, dias depois, dizendo que as mulheres eram as “primeiras
testemunhas da ressurreição”, traduziam a vontade de Francisco de apoiar a nomeação
de mulheres para postos-chave na Santa Sé. Mais um aspecto a acompanhar neste pontificado.
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