As
reformas do Papa Francisco já começaram, mesmo que ainda não se dê muito por
isso. E elas passam por decisões
aparentemente tão banais como a de ficar a residir na Casa de Santa Marta e não
no Palácio Apostólico, defende o jornalista Sandro Magister num trabalho
publicado no sítio Chiesa e
depois traduzido no Brasil pela Unisinos.
Na prática, a escolha do novo lugar
de residência papal – “em si mesma uma ruptura”, defende Magister – “permite ao
novo Papa subtrair-se fisicamente à pressão burocrática” que, se tivesse mudado
para o Palácio Apostólico, “correria o risco de desarranjar sua vida e afogar a
sua efectiva capacidade de governo”.
Mas há outros sinais, na opinião
deste especialista em assuntos do Vaticano: a rapidez com que foram nomeados o
novo arcebispo de Buenos Aires (Argentina) e o novo bispo de Vilnius
(Lituânia), cujos nomes não passaram pelo crivo da Congregação dos Bispos nem
por qualquer consulta secreta ao clero, como é tradicional. “Depois destes
precedentes, será interessante verificar qual será a práxis do novo Papa no
que diz respeito às nomeações episcopais no mundo e na criação de novos
cardeais”.
Também o papel da Congregação para a
Doutrina da Fé pode estar a ser reorientado, analisa Magister, embora nesta
matéria ainda haja muitas perguntas por responder. Subsistem também várias
questões em aberto em relação às liturgias pré-conciliares que Bento XVI
autorizara, ao papel dos institutos religiosos que tem sido objecto de debate
sobretudo nos Estados Unidos, e aos integristas da Fraternidade São Pio X.
“As respostas chegarão com o tempo, e
não faltarão surpresas. É uma aposta”, diz Magister.
Noutra vertente, Frédéric Mounier
nota, no La Croix, que há um aspecto mais desconhecido
do magistério do novo Papa: as suas homilias na missa diária na Casa de Santa
Marta, com dezenas de funcionários do Vaticano. “Por duas vezes, ‘L’Osservatore
Romano’ publicou a foto, surpreendente para os olhares romanos, de um homem de
branco, no meio de dezenas de empregados do Vaticano”, escreve o jornalista. E as
homilias são, passo a passo, o que alguns já caracterizam como um “mini-magistério”,
acrescenta. Um magistério que deve ser “seguido com atenção”.
(Foto: o Papa Francisco na capela da Casa de Santa Marta; reproduzida daqui)
1 comentário:
gosto de saber.
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