quinta-feira, 18 de abril de 2013

Perspectivas sobre o novo pontificado (7) - Igreja deve ouvir pessoas de ciência e debater “com serenidade”


Em matérias de ciência a Igreja deve ouvir as pessoas da ciência e não ter medo de debater, “com serenidade”. No debate sobre Um novo Papa, uma nova Igreja?, realizado a 26 de Março, em Lisboa, Isabel Galriça Neto, médica de cuidados paliativos, considerou que, “sobre questões do discurso moral, é preciso não ter receio de debater não numa lógica de combate, mas de enriquecimento e de partilha”.
A também deputada respondia deste modo a uma pergunta sobre as posições do Papa Francisco no campo da moral, que mantêm a doutrina tradicional da Igreja, mas que afirmam a disponibilidade para o diálogo. Ao mesmo tempo, enquanto cardeal, Jorge Mario Bergoglio advertiu um padre que não queria baptizar crianças nascidas fora do casamento, o que pode indiciar uma atitude de maior acolhimento às situações concretas das pessoas.
A resposta de Isabel Galriça Neto pode ser vista aqui:



Igreja deve ir onde ninguém chega
A Igreja tem que ir às periferias, às fronteiras, às zonas onde ninguém chega, disse o padre Alberto Brito, provincial dos jesuítas portugueses, no mesmo debate. Foi isso que fez o actual Papa, quando era arcebispo em Buenos Aires, exemplificou Alberto Brito, respondendo a uma pergunta sobre se a eleição do Papa Francisco significa ou não que a periferia da Igreja foi colocada no centro.
“Digo a fronteira social, da pobreza, das pessoas que se dizem agnósticas, ateias ou indiferentes, é aí que a Igreja precisa de ir”, acrescentou o padre Alberto Brito.
Sobre a renúncia de Bento XVI, o provincial jesuíta disse que o agora Papa emérito “não deu oportunidade a que houvesse doença prolongada”, como tinha acontecido com João Paulo II. “Ainda bem que há espaço para gestos destes”, acrescentou.

Humildade, acolhimento e pluralidade

Frei Fernando Ventura recordou entretanto, a propósito dos primeiros gestos do Papa Francisco, a atitude de Jesus que se põe de joelhos e lava os pés aos discípulos em jeito de humildade e acolhimento.

Teresa Toldy acrescentou que o cristianismo foi sempre constituído, desde o início, por experiências plurais. “O problema é quando não se aceita o pluralismo e tudo o que seja pensamento diferente é entendido como ruptura”.
A mesma teóloga e professora universitária disse ainda que o Papa Francisco tem algumas coisas que a “assustam”, mas que ela porá entre parêntesis “se ele conseguir dar voz à pobreza”. Isso é mais importante que “as teologias feministas ou a ordenação de mulheres”.

Num outro momento do debate, o padre Alberto Brito afirmou, a propósito das expectativas e do programa deste novo pontificado, que o Papa deve “ouvir, escutar, compreender e depois falar”. 

(Os vídeos foram cedidos pela agência Ecclesia; aqui pode ver-se a série completa deste debate)

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