O
jornal i publica hoje um trabalho sobre a falta de padres na Igreja Católica em Portugal. Trata-se
de um retrato estatístico de 12 dioceses portuguesas (as que estiveram disponíveis para responder), que conclui que os padres são cada vez menos (quebra de 23,6 por cento nas 12 dioceses
analisadas) e cada vez mais velhos (média etária superior a 60 anos). O que,
entre outras coisas, significa que têm cada vez
mais tarefas a desempenhar. O título do trabalho – "Para cada padre a começar há
dois que já não rezam a missa" – resume um pouco o que se passa.
Poderia
discutir-se se interessa manter o actual modelo de presbiterado. Como se
poderia debater, por exemplo, o modelo de formação dos seminaristas, que
continua a privilegiar (pelo menos na forma) a dimensão do poder clerical nas
comunidades em que são colocados. E a não insistir sobre uma real participação
das comunidades na vida que às comunidades e aos crentes diz respeito. Como
também poderia analisar-se ainda em que se perde o activismo de tantos padres,
tão pouco disponíveis para um ministério que seja sobretudo de escuta das
pessoas e de verdadeiro cuidado com as vidas de tanta gente a precisar de quem
console, de quem ajude a reencontrar esperanças destruídas e sentidos perdidos.
Mas
há outro elemento que este trabalho traduz: não há, em Portugal, um serviço com dados centralizados e constantemente actualizados sobre uma realidade que
deveria ser estudada e aprofundada em permanência. Aliás, a ausência de um
banco de dados básicos que dê um retrato do que se passa atravessa várias áreas
da vida da Igreja. Claro que as estatísticas não são a realidade, mas ajudam a
compreender a realidade. E uma Igreja que desconhece o que se passa no seu
interior não pode aspirar a ter a mensagem certa para as mulheres e homens
deste tempo.
1 comentário:
A este propósito, há um aspeto que é habitualmente associado à condição de padre e que tem que ver com o celibato obrigatório. Um caso que está a abalar a França é o do fundador dos "Irmãos de S.João", hoje mesmo reportado pelo diário La Vie (ver aqui: http://bit.ly/YU7kzJ)
Na zona dos comentários, ode ler-se esta nota, com a sua pertinência no quadro deste post:
"(...) il y a une vraie réflexion à mener sur le statut des prêtres dans notre monde moderne.Le besoin d'aimer et d'être aimé fait partie de tout être humain. Les plus brillants membres du clergé sont souvent les plus passionnés, les plus vivants, les plus créatifs, ceux qui n'ont pas totalement éteint et refoulé la vie en eux. Et tant mieux. C'est parce qu'ils sont pleinement vivants et désirants que leur parole et leur action nous touche, nous met en route."
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