A
crise que actualmente atravessa toda a Europa “ameaça pôr em causa o projecto
europeu”. A ideia, que tem sido repetida por muita gente, foi retomada pelo
bispo de Leiria, esta tarde de domingo, em Fátima, na conferência de imprensa
com que se anteciparam as cerimónias do 13 de Maio.
Na
sua declaração, D. António Marto, referiu as ideias essenciais que estiveram
por detrás do processo de integração europeia: “A paz e a solidariedade,
objectivos chave da declaração de Schuman, em 9 de Maio de 1950, são ainda
mais essenciais em 2013, em que a crise
económica que atravessamos atinge duramente
a sociedade europeia e causa um grande sofrimento social na Europa, sobre as
gerações presentes e futuras e sobre as pessoas mais vulneráveis.”
A
responsabilidade social, acrescentou o bispo António Marto, “faz parte do processo
económico, é uma chave para ganhar a confiança dos cidadãos no projecto
europeu”. Por isso, “deve empenhar todos os responsáveis políticos, os parceiros
sociais e todos os actores da vida social.”
Numa
declaração, dia 9 de Maio, a propósito do dia da Europa e da actual situação da
UE, também a presidência do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE)
publicou uma mensagem em que recordava as vítimas das crises económica e de fé,
alertando para os “egoísmos”.
“A
todas as pessoas que estão hoje no continente europeu e se encontram em
dificuldade pela atual crise económica, que se sentem sós, que perderam ou
procuram um trabalho e que, por causa da grave crise de sentido e de fé, em
particular os jovens, acham difícil olhar para o futuro, queremos dizer que a
Igreja na Europa está próxima e os convida a não perder a esperança.”
O
documento, que está disponível aqui, convida
os habitantes do continente a “não deixar que medos e egoísmos” se sobreponham
à “importância da família, o valor do dom e do acolhimento”, em favor “dos mais
necessitados”.
Na
conferência de imprensa referida, o bispo de Leiria criticou as
consequências “tão graves e nalguns casos até desastrosas” de uma “condução
meramente economicista da crise”, que estão a tornar “insustentável” a vida das
famílias e das pessoas.
O
bispo acrescentou ser necessário “um consenso básico fundamental” para ultrapassar
a crise e contrariar o aumento da pobreza, para que o desenvolvimento não seja
uma “questão esquecida”.
D.
António Marto acrescentou que “diante do crescimento da pobreza é necessário um
novo impulso em ordem a encontrar um consenso básico fundamental”, quer em
Portugal quer na Europa. E afirmou que a pobreza tem que estar na “agenda das
grandes reuniões”, apelando a que todos os responsáveis sociais assumam “como
sua” a luta contra a pobreza: “É um apelo a todos os responsáveis, não só aos
que estão no governo mas os de outros partidos, os parceiros sociais e todos os
actores da vida social, para sentirem esta questão como sua, vendo que é todo o
povo que sofre.”
(Cartoon reproduzido daqui)
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