Magnífica vida! Com esta sugestão do tema Magnificent, dos U2, poderia celebrar-se o Domingo de Páscoa. Para
os cristãos, esta é a festa da ressurreição, a madrugada que revela todos os
sonhos e os torna possíveis. Que diz que tudo se pode – mesmo ultrapassar o
limite do que parecia irrealizável.
Este poderia ser, portanto, um hino de ressurreição, um aleluia cantado
em forma de louvor.
Bono Vox, o vocalista dos U2, diz que “sim”, que acredita na ressurreição
de Jesus e que ele é a sua “maneira de entender Deus”, como se pode ler aqui.
Esta noite reveladora começa pelo símbolo da luz: uma luz que, como no
poema de Jorge de Sena, começa por “uma pequena luz bruxuleante” e se
multiplica pela partilha do gesto, banal, de repartir com o outro a pequena luz
de cada um(a). Uma luz que rompendo lenta e incessantemente as trevas. Que continua,
depois, com a água purificadora, fonte primordial e refrescante, que permite recuperar
das fadigas e continuar o caminho.
Qualquer música que celebre a vida poderia , por isso, ser cantada nesta
madruga intensa. Nesse sentido, um dos hinos musicais compostos por Marco
Frisina para as Jornadas Mundiais da Juventude – Jesus Christ you’re my life – é uma extraordinária celebração da
alegria, da emoção colectiva e da harmonia que um ritmo intenso possibilita.
(o texto da música pode ser lido aqui)
Também Oh Happy Day, o hino gospel, é essa extraordinária celebração
comunitária para a qual remete a alegria da Páscoa. Nesta versão, ele é cantado
de forma contagiante por Fernande Angers, Sylvie
Desgroseilliers e o Quebec Celebration Gospel Choir (o texto está disponível aqui).
Aleluia, palavra de origem hebraica que significa o júbilo – “louvai
Ya[vé]” –, é a palavra da Páscoa por excelência. O Alleluia de J. Chepponis,
aqui cantado no V Encontro Santa Cecília, em 2010,
no Porto, é
um regozijo imenso.
De outros tempos, vêm vários temas
de Aleluia, gravados há poucos anos pelo Ensemble Venance
Fortunat, um dos mais importantes grupos de
canto gregoriano. Neste disco, de que aqui se pode ouvir um excerto, o
grupo consegue deixar-nos entre a emoção e o júbilo, suspensos de um tempo que
não se perdeu e nos traz a beleza da música em estado puro.
Leonard Cohen também gravou Alleluia, mas esta versão que aqui fica
é cantada pelas Happy Voices, em Abril de 2009, no
festival Gospel sur l'Echez, na igreja
de Bordères sur l'Echez:
Há, enfim, modos muito diversos de
dizer, em palavras, sentimentos e experiências, a ressurreição de Jesus e a
ressurreição de cada um(a). A fé é um passo
difícil, talvez mesmo o mais difícil, mas há muita coisa em
que acreditamos sem provas: não há razões científicas para provar, por exemplo,
que gostamos uns dos outros, porque o amor não é da ordem científica, não se
pode demonstrar num tubo de ensaio. No entanto, acreditamos no amor quando
dizemos a outra pessoa que gostamos dela ou quando ela diz que gosta de nós. É
profundamente humana esta capacidade de acreditar no outro e no seu
testemunho.
Num trabalho da Rádio Renascença, acrescentam-se
outras razões para a fé na ressurreição: José Manuel Pureza, professor
universitário e dirigente do Bloco de Esquerda, fala da ressurreição como um
risco. Fernando Santos, actual treinador da selecção grega de futebol, afirma
que a ressurreição indica o caminho do amor pelos outros. O jornalista João
Paulo Sacadura acrescenta uma pergunta: “Que sentido teriam
todas as lutas, todas as conquistas, todo o amor, todo o sofrimento, todos os
ganhos, todos os revezes, todo o perdão, todas as promessas, todos os exemplos,
todas as vidas, se não houvesse um além promissor, pelo qual vale a pena lutar
e morrer?” E o músico Manuel Fúria diz que a ressurreição é o momento de uma
nova criação. Os textos podem ser lidos aqui na íntegra.
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