terça-feira, 9 de abril de 2013

Perspectivas sobre o novo pontificado (2) - Papa Francisco deve ouvir as diferentes experiências do catolicismo, defende Teresa Toldy

Uma das tarefas do novo Papa Francisco é a de “ouvir a voz dos que não têm voz, ouvir as experiências diferentes que o catolicismo assume pelo mundo” e “ouvir as vozes das filhas e dos filhos críticos da Igreja” e as “pessoas que sofrem exclusão dentro da Igreja”. A ideia foi defendida por Teresa Toldy, professora universitária e autora do livro Deus e a Palavra de Deus nas Teologias Feministas (ed. Paulinas).
Outras tarefas para o novo pontificado é o prosseguimento do “caminho ecuménico e inter-religioso” e a “aplicação do Concílio Vaticano II numa perspectiva progressiva e não regressiva”. “Renovar a cúria” é uma “tarefa que só é importante se for impeditivo” das restantes prioridades.
Durante o debate sobre Um novo Papa, uma nova Igreja?realizado no dia 26 de Março, em Lisboa, Teresa Toldy referiu os “pequenos sinais” de mudança que este Papa já protagonizou: “Sobretudo o nome que escolheu” e que evocou “imediatamente” Francisco de Assis e a frase “Francisco, repara a minha Igreja”. Também “a simplicidade do traje” ou “o facto de se referir a si próprio como bispo de Roma”, um “conceito neotestamentário” foram identificados por Teresa Toldy como reveladores de um programa.
Nas suas primeiras intervenções, o Papa Francisco mostrou também a “preocupação de construir pontes com outras religiões e outras confissões cristãs”, a “utilização de uma linguagem inclusiva” e uma “atitude dialogante que lhe é reconhecida pastoralmente”.
Teresa Toldy identificou também “algumas reticências”: o Papa Francisco é “conservador na moral sexual” e é um “cardeal de um colégio nomeado pelos dois papas anteriores”. Factos que levam esta professora universitária e investigadora do Policredos – Observatório da Diversidade Cultural e Religiosa na Europa do Sul (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) a dizer que não se devem ter “esperanças excessivas” sobre o pontificado de Francisco. Mas “haver um Papa que representa uma fase de descompressão e humanização é extremamente importante”.
Os 15 minutos desta intervenção de Teresa Toldy podem ser vistos aqui (com um agradecimento à agência Ecclesia pela cedência da gravação):


Esta mesma intervenção será recuperada na edição do próximo dia 11 (quinta-feira) do programa Ecclesia Rádio, que passa na Antena 1, de segunda a sexta às 22h45. Durante toda esta semana, já a partir desta noite, sempre à mesma hora, o programa faz um balanço deste primeiro mês de pontificado do Papa Francisco. No primeiro programa desta série, passa uma entrevista a Manuel Pinto, professor da Universidade do Minho e um dos autores deste blogue. Do debate referido, serão recuperadas também, na quarta e na sexta-feira, as intervenções do padre Alberto Brito, provincial dos jesuítas portugueses, e da deputada Isabel Galriça Neto. No domingo, às 6h da manhã (ou na mesma ligação na internet) podem ser ouvidos os depoimentos de jornalistas sobre as perspectivas abertas por este novo pontificado. 
Nos próximos dias, serão também divulgadas neste blogue as restantes intervenções do debate de dia 26.

1 comentário:

maria disse...

aguardo. :)