Comentário
O tema é recorrente e quase não é afrontado: a qualidade das homilias (no caso, nas celebrações católicas) deixa muito a desejar. Falo, claro, do que predomina, não entro aqui em linha de conta com as boas e felizes excepções, que também as há.
O tema é recorrente e quase não é afrontado: a qualidade das homilias (no caso, nas celebrações católicas) deixa muito a desejar. Falo, claro, do que predomina, não entro aqui em linha de conta com as boas e felizes excepções, que também as há.
Em
muitos casos, a referência bíblica é quase inexistente. Ou não é
aprofundada seriamente, o que vai dar ao mesmo. Nem se cultiva a preparação
digna das homilias ou o bom gosto da linguagem.
Por
outro lado, ignora-se a vida das pessoas, não se toca na corda sensível do que
se anda a viver. Utiliza-se uma linguagem etérea, que não cola com a realidade,
que não diz nada de significativo às pessoas. No final, tanto faz. E ninguém
recorda nada de substancial ou significativo que o celebrante tenha dito.
O
exemplo do actual Papa deveria motivar quem faz homilias a rever algumas
práticas: intervenções curtas, que cruzam a Bíblia e a vida das pessoas, que
apontam caminhos para a relação com o mundo e os outros.
Falha
importante é também a falta de percepção dos auditórios que se têm diante de
si. Em Fátima, por exemplo, não é positivo ver sucederem-se tantos bispos e
cardeais que se esquecem das condições físicas em que os milhares de peregrinos
se encontram – quase sempre, debaixo de frio ou de muito calor. E que, também
neste caso, não têm nada de muito importante para dizer, aos milhares de
pessoas que aqui acorrem – e aos milhões que seguem pela televisão e pelos
outros media. Uma ocasião soberana de dizer algo de substantivo e
significativo, e que é soberanamente desperdiçada na maior parte das ocasiões.
Este
12-13 de Maio não foi dos casos mais notórios no que respeita às duas homilias do
presidente das celebrações, o arcebispo do Rio de Janeiro, Orani João Tempesta.
Mas fica-se com a sensação de que muito mais se poderia dizer e fazer nestes
momentos. Desde logo, é pena que as personalidades convidadas para presidir a
estas celebrações não se interroguem sobre as condições, a proveniência e a expectativa deste auditório - que, em muitos casos, não está disponível para experiências deste género em outras ocasiões. Fátima tem sido um lugar de formação e renovação pastoral em vários campos. Mas é pena que, neste caso, pouco sirva de exemplo à renovação da linguagem
das homilias, que deve fazer parte de um processo mais vasto de mudanças
necessárias no catolicismo. Falta arte na palavra.
(Foto: o arcebispo do Rio de Janeiro, em Fátima, a 13 de Maio; foto de Luís Oliveira/Santuário de Fátima)
2 comentários:
tão verdade
Isto ainda é mais gritante, quando algum Clero tem maioritariamente na assembleia jovens...são mt poucos os que fazem diferença.
Depois lamentamos que os jovens não escutem a Igreja...
HDias
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