25 de Abril, 40 anos
A história de como, quase sem dar por isso, muitos cristãos começaram a ler e aprender teologia, passando da simples leitura ao debate sobre a relação entre fé e política e à acção militante contra a guerra de África.
A história de como, quase sem dar por isso, muitos cristãos começaram a ler e aprender teologia, passando da simples leitura ao debate sobre a relação entre fé e política e à acção militante contra a guerra de África.
Nos
cursos de Verão dos padres dominicanos, realizados na década de 1960, havia
sempre um agente da PIDE. Mas, muitas vezes, a conversa era tão estimulante
para os relatórios que ele tinha de escrever, que o agente da polícia política
do Estado Novo acabava por adormecer.
Com
muitos cristãos aconteceu o contrário: a teologia despertou-os. Desde finais da
década de 1950, foram imensos os que descobriram, através de livros, cursos,
encontros ou publicações clandestinas uma forma de agir militante na oposição
ao regime. A teologia assumiu-se como um factor de dissensão.
“O
pide achava aquilo uma chatice”, recorda frei Bento Domingues, um dos frades
dominicanos envolvidos nas pregações teológicas que os dominicanos organizaram
desde a década de 1950. Primeiro, com o Studium
Sedes Sapientiae, desde 1953, em Fátima, e depois no Instituto Superior de
Estudos Teológicos (ISET), que juntou várias congregações religiosas católicas,
a partir de 1967. E, ainda, com os cursos de Verão, criados quase em paralelo e
que ainda hoje se realizam, embora em modalidades diferentes das de então.
Em
todas estas iniciativas, e em outras de diferentes âmbitos, o ensino da
teologia constituiu-se como um ponto de partida para a dissensão e a militância
contra o regime que governou em Portugal sob a forma de ditadura, até 25 de
Abril de 1974 – passam agora 40 anos.
Esta
história foi recordada em traços muito gerais por Bento Domingues na
tertúlia Os católicos na luta contra a ditadura, realizada no passado dia 22 de Fevereiro,
no Convento dos Dominicanos, em Lisboa. Mas ela tem vários preâmbulos e começou
com a extinção, em 1910, da Faculdade de Teologia da única universidade do
país, a de Coimbra. Continuou com a publicação de textos diversos de alguns
pensadores, entre os quais A Largueza do
Reino de Deus, do padre Joaquim Alves Correia. Ou ainda com as acções e
tomadas de posição críticas de figuras como o padre Abel Varzim, no apoio aos
operários, ou de Adriano Botelho, que chegou a testemunhar em favor de dois
envolvidos na “revolta da Sé”, em 1959. E desenvolveu-se a partir do final da
década de 1950, com episódios como a carta do bispo do Porto a Salazar, as
revistas O Tempo e o Modo, Igreja e Missão e Concilium, o Círculo de
Humanismo Cristão da editora Moraes, a cooperativa Pragma, o caso do Padre Felicidade Alves, a
vigília na Capela do Rato contra a guerra colonial, as homilias do padre
Alberto Neto ou o alargamento de debates, iniciativas, publicações, textos e grupos
católicos de oposição ao regime.
A
largueza da liberdade
A
Faculdade de Teologia estava já numa situação “débil”, quando foi encerrada em
1910, após a instauração da República. O então bispo de Coimbra, Manuel de
Bastos Pina, opunha-se à corrente galicana da faculdade, que aceitava algum controlo
do Governo. O então jovem seminarista Manuel Gonçalves Cerejeira, que
frequentou a faculdade e viria a ser patriarca de Lisboa, era também contra
essa orientação, recorda Bento Domingues.
Sem
faculdade, o bispo Bastos Pina voltou-se para o seminário, para onde contratou
professores vindos de Roma. Mas o país e a Igreja Católica em Portugal não
voltariam a ter estudos teológicos sistemáticos antes de 1968. “Um período tão
longo serviu para convencer muita gente que a teologia só atrapalhava a frente
unida da reconquista cristã de Portugal”, comentava frei Bento Domingues, no
depoimento publicado no livro Fé,
Ciência, Cultura: Brotéria – 100 Anos, que assinalou o centenário da
revista Brotéria (ed. Gradiva, 2003).
A
teologia entrou, portanto, em estagnação, apenas rompida por intervenções
pontuais, sobretudo depois da instauração do regime ditatorial do Estado Novo.
Um
dos casos mais notórios dessa ruptura foi o livro A Largueza do Reino de Deus, que antecipava vários dos debates
decisivos das décadas seguintes. Nele, escrevia em 1931 o padre Alves Correia
(1886-1951), membro da Congregação dos Missionários do Espírito Santo: “O
respeito pela pessoa humana, pela liberdade do indivíduo e da consciência,
enquanto esta não se torne agressiva e não conflita com outras liberdades e
outras consciências – enquanto não for a liberdade de violência –, é um
respeito tão sagrado como o respeito por Deus, Pai de todos os homens.”
Nascido
em Paredes, aluno de Teologia em França, missionário na Nigéria entre 1911 e
1918, Joaquim Alves Correia integra em Lisboa, aonde regressa, o círculo de
António Sérgio, ligando-se a personalidades da oposição ao Estado Novo. Em
1945, denuncia, no artigo A noite
sangrenta, a “polícia de vigilância que não dava satisfações a ninguém” e
que “era muito cómodo, mas muito pouco corajoso, atirar à cara deste povo
irrequieto com a responsabilidade da desordem pública, quando o pobre povo nem
responder podia”.
Depois
das eleições desse ano, e das perseguições políticas que o Governo então
ordena, Alves Correia é obrigado a sair do país, exilando-se nos Estados
Unidos. “Sem qualquer protesto e até com a conivência da Igreja oficial, que
estava demasiado comprometida com o regime”, diz Anselmo Borges, na
apresentação do livro Cristianismo e
Revolução, antologia de textos de Alves Correia.
Era
o problema da liberdade que apaixonava o padre espiritano, a “largueza do Reino
de Deus”, como o título do livro que publicou. O seu percurso leva-o à
sinceridade evangélica, por “contraponto com a instituição e a hipocrisia” que
dominavam, na expressão do historiador António Matos Ferreira. Era a “largueza
do Reino de Deus por oposição à estreiteza do regime”, comentava frei Bento
Domingues na tertúlia de Fevereiro.
Provocar o episcopado
Durante
as décadas de 1940 e 50, muitos padres foram para Roma para estudar e fazer
doutoramentos. Mas a maior parte regressava para trabalhar em paróquias ou,
quando muito, leccionar nos seminários diocesanos. “Os únicos que tinham
formação teológica própria eram os franciscanos, veiculada na publicação da
revista Itinerarium”, diz frei Bento
Domingues ao RELIGIONLINE.
Além
deles, só mesmo os padres espiritanos – com a formação que faziam para os seus
membros destinados às missões – bem como os Missionários da Boa Nova e a sua
revista Igreja e Missão, que desde
1961 se afirmou como um polo de debate acerca da presença da Igreja em África e
sobre modelos de inculturação e de desenvolvimento. Nesse âmbito, as Semanas
Missionárias, promovidas na década de 1960 pelos Missionários Espiritanos, com
o então padre Fernando Santos Neves, constituíram mais uma iniciativa que conjugou
teologia, formação e militância.
Antes
disso, o ensino da teologia (sem investigação que se notasse) estava reduzido à
preparação dos padres diocesanos, nos seminários de Lisboa, Porto e Braga. É
neste contexto de quase deserto que os dominicanos criam em Fátima o seu Studium Sedes Sapientiae, no contexto da
restauração da província portuguesa da Ordem dos Pregadores (alguns pormenores
dessa história estão relatados no livro A
Restauração da Província Dominicana em Portugal – Memória e Desafios, (ed.
Tenacitas). “No espaço iniciático do noviciado éramos confrontados com a
riqueza do espírito dominicano. Abordávamos S. Domingos, S. Tomás, Santa
Catarina de Sena, os místicos alemães, entre muitos outros, da Ordem dos Pregadores
e não só, que a nossa formação sempre se abriu à universalidade do pensamento”,
recorda Eduardo Bento, a propósito do Studium,
no livro referido.
É
em profunda relação com o Studium que
os padres dominicanos criam, em 1954, o Instituto de São Tomás de Aquino (ISTA)
e os respectivos Cursos de Verão de Teologia. Inicialmente, os cursos eram
destinados à formação teológica de membros de congregações religiosas: em 1955
havia membros de 13 congregações, em 1972 eles chegavam a 30 congregações e 203
alunos.
Dois
dos professores, recorda frei Bento, marcaram gerações de estudantes: Paul
Denis, dominicano belga expulso do Congo ex-belga, e depois também de Portugal;
e Louis Charlier, autor de La Méthode Théologique,
um livro que tinha sido condenado na década de 1940, pela sua proposta de novos
modos de pensar a teologia – na mesma época em que o padre Marie-Dominique
Chenu tinha sido condenado pelo seu livro Le
Saulchoir – Une École de Théologie.
Com
o tempo, os cursos alargaram-se a todos os interessados e realizaram-se
encontros locais no Porto e Coimbra, entre 1964 e 1967. Na organização, havia
pessoas como Francisco Sá Carneiro, Mário Figueirinhas ou Luísa Sarsfield
Cabral.
A
década de 1960, com o Concílio Vaticano II, assistiu a uma enorme multiplicação
de iniciativas, várias delas lançadas pela editora Moraes: a colecção Círculo do Humanismo Cristão incluía no
seu catálogo, já desde 1959, os mais importantes nomes da teologia da época; em
1963, a editora e Alçada Baptista lançam a revista O Tempo e o Modo; e, em 1966, promovem a edição portuguesa da Concilium. Circulam também diversas publicações
clandestinas que aliam o combate ao regime com a formação teológica ou o debate
sobre questões pastorais, eclesiológicas ou políticas: o Direito à Informação, os Cadernos
Gedoc (Grupo de Estudos e Intercâmbio de Documentos, Informações,
Experiências), o Boletim Anti-Colonial
(BAC), os Cadernos Afrontamento,
entre outros. A Brotéria, a revista de
ciência e cultura que os jesuítas tinham fundado no início do século, ganha um
novo dinamismo sob a direcção do padre Manuel Antunes.
De
Roma, recorda frei Bento, chegavam entretanto indicações para que os estudos
filosóficos e teológicos fossem reorganizados. Padres Carmelitas, Missionários
da Consolata e Missionários do Verbo Divino juntam-se aos dominicanos, em 1967,
para criar o Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET). O Instituto ficou
sediado no Seminário Franciscano da Luz, em Lisboa, mas vários franciscanos,
que já tinham dado aulas no seminário diocesano dos Olivais, foram convidados a
dar aulas na nascente Faculdade de Teologia, da Universidade Católica.
“Quem
incentivou a que se criasse o ISET foi o núncio, para provocar o episcopado português,
levando-o a interessar-se pela teologia e a criação de uma faculdade”, diz frei
Bento Domingues.
“De
saco e cinza...”
O
ISET viria a ter também professores leigos no seu corpo docente. Entre eles,
estavam Manuela Silva, Maria de Lourdes Belchior, Rogério Martins e Luís
Salgado de Matos.
Em
Junho de 1972, o instituto começou entretanto a publicar um boletim,
classificado como “interno” e sem indicação de periodicidade na capa, para
escapar às malhas da censura política. Foi Francisco Sá Carneiro, futuro
primeiro-ministro, então deputado da Ala Liberal e amigo de frei Bento
Domingues, quem aconselhou sobre a forma de escapar aos censores.
Muito
difundido – centenas de exemplares de cada número eram distribuídos por
professores e alunos, oriundos de várias dioceses –, o boletim que se
apresentava na capa como estando “ao serviço do Povo de Deus” publicou, até Janeiro-Fevereiro
de 1975, um total de 17 números, todos policopiados em stêncil.
A
esta difusão não eram alheias algumas características da escola, nota Bento
Domingues, organizada democraticamente, com representantes de alunos e
professores nas suas diferentes estruturas. “A sua maior fragilidade eram as
acusações de que era vítima, de ser uma escola revolucionária ou onde se
ensinavam heresias”, diz o teólogo dominicano. A ponto de o então padre jesuíta
Sousa Monteiro, um dos professores do ISET, ter dito publicamente: “Se provarem
que disse alguma heresia, vou de saco e cinza penitenciar-me para a Baixa de
Lisboa.”
O
boletim do ISET apresentava, logo no primeiro número, aquela que seria a sua
estrutura habitual: um tema central, sugerido pela actualidade e pela “reflexão
crítica da fé”; uma secção informativa; e uma outra de comentário aos textos
bíblicos segundo o ritmo litúrgico.
Nesse
primeiro número, frei Bento Domingues e frei Raimundo Oliveira assinavam um
artigo com o título De que Espírito
Somos?. E, propondo “uma teologia de todos e para todos”, escreviam: “A
vários níveis, de diversas maneiras e em diferentes estilos, é necessário
multiplicar as iniciativas para proporcionar a todos os cristãos possibilidades
concretas de poderem dar razão da sua esperança (...) Pensamos nos cristãos que
vivem a experiência de uma vida inteiramente secular na família, na profissão,
no sindicato, no empenho político. A iniciação ao método teológico desse tipo
de pessoas traria consigo a dupla vantagem de acabar com a teologia segredo de
uma casta por um lado e por outro garantir a significação plenamente humana da
palavra de Deus e a sua inserção numa inteligência e sensibilidade trabalhada
pelo humanismo a-religioso, assim como ajudaria a colocar o diálogo entre
cristãos e [não-]cristãos num pé mais realista.”
No
primeiro boletim publicado já após o 25 de Abril de 1974, frei Bento Domingues
insistia: “Importante e urgente é a obra de conscientização dos cristãos sob o
ponto de vista social, económico, cultural e político e de esclarecimento do
que é a ‘doutrina social da Igreja’.”
O
humor sem honras de altar
Alguns
títulos dos 17 números da publicação dizem bem das intenções e orientações do
boletim. Desde logo, a intervenção sobre a vida e a missão da(s) Igreja(s), com
temas como uma carta aos responsáveis das igrejas Católica, Presbiteriana e Lusitana
sobre as responsabilidades cívicas dos cristãos portugueses; as mudanças necessárias
na Igreja em Portugal; o papel dos padres e dos consagrados; a revisão da
teologia moral; a evangelização para os tempos de hoje; ou a importância dos
jovens em Taizé.
Havia
também temas mais sociais e políticos, como o diálogo cristão com as culturas
de hoje, a promoção dos direitos do homem, a prática cristã da política, a
atracção socialista dos militantes cristãos, a esperança marxista e esperança
cristã, a não-violência activa, o papel dos capelães militares, o Dia Mundial
da Paz e a vigília da Capela do Rato, a prisão do padre Mário Oliveira e a
expulsão de padres estrangeiros a viver em Portugal e nas antigas colónias ou a
alienação religiosa.
O
boletim publicava não só traduções de documentos diversos e textos dos mais
importantes teólogos estrangeiros da época, mas também produção própria. Neste
caso, entre os colaboradores regulares do boletim, e além dos nomes já
referidos, anotem-se ainda o franciscano capuchinho José Augusto Ramos, os
dominicanos Mateus Cardoso Peres, Luís de França, José Augusto Mourão,
Francolino Gonçalves e Augusto Matias, os padres Manuel Pinho Ferreira
(Aveiro), Aires Gameiro (SJD), Roque de Almeida e João Resina (Lisboa) e ainda Teresa
Santa Clara Gomes, do Graal (que, com Maria de Lourdes Pintasilgo, dinamizaria também uma reflexão teológica sobre a condição da mulher e as novas formas de intervenção dos cristãos).
“O
ISET representou uma contra-cultura teológica”, diz frei Bento Domingues, “porque
a cultura dominante nos seminários e em várias ordens religiosas era de apoio
ao regime”.
Bem
antes da criação do ISET, já outras águas se tinham agitado: em 1959 (o ano
seguinte às eleições em que participou Humberto Delgado e à carta que D.
António Ferreira Gomes, bispo do Porto, escrevera a Salazar), a Editora Moraes (na foto, reproduzida daqui, a sede da editora); sob a direcção de António Alçada Baptista, lançou a colecção Círculo do Humanismo Cristão (CHC). O primeiro volume, Disparates do Mundo, de G.K. Chesterton,
era uma “novidade, pois o humor nunca teve honras de altar na Igreja em geral,
e na católica em particular”, como escreve António Jorge Martins, num artigo
sobre a colecção publicado no livro A
Aventura da Moraes (ed. Centro Nacional de Cultura).
Na
colecção, a Moraes publicava muitos dos mais importantes teólogos da época: Yves
Congar, Marie-Dominique Chenu, Bernard Häring, Jean
Daniélou, González Ruiz, Max Thurian. A espiritualidade de Carlos de Foucauld e
temas como a moral sexual ou os novos modelos eclesiais propostos pelo Vaticano
II estavam também entre os títulos propostos no CHC.
Estes
textos tiveram consequências. António Jorge Martins recorda, no texto citado:
“Quase sem se dar por isso, amigos e leitores do Círculo do Humanismo Cristão começaram a derivar da simples leitura
para a acção militante, à volta de dois temas que constituíam a pedra de escândalo
ou o pomo de discórdia das relações entre o fascismo e os católicos
portugueses: as guerras de África e as relações entre a Igreja e o Estado, ou
seja, as relações entre fé e política.”
O
mais avançado do tempo
A
Livraria Moraes e António Alçada Baptista criaram também, a partir de Janeiro
de 1963, a revista O Tempo e o Modo,
que seguia o modelo da Esprit
francesa, fundada por Emmanuel Mounier. A revista pretendia estabelecer pontes
culturais entre crentes e não-crentes, promover o debate teológico e “abalar
muitos anos de apatia e descrença”.
Para
lá do próprio Alçada, foram decisivos na configuração d’O Tempo e o Modo pessoas como João Bénard da Costa, Vasco Pulido
Valente, Alberto e Helena Vaz da Silva, Nuno de Bragança, Pedro Tamen e, como
colaboradores, Mário Soares, Salgado Zenha, Eduardo Lourenço, Jorge de Sena, Jorge
Sampaio, Adérito Sedas Nunes ou Francisco Lino Neto.
Em
1968, a revista publicou dois números especiais (os “cadernos”, para fugir à
censura), sobre Deus – o que é? e O casamento. Este último, que incluía
depoimentos de vários dos colaboradores da revista, seria apreendido. (uma
antologia de O Tempo e o Modo está
disponível numa edição Gulbenkian/Centro Nacional de Cultura).
Além
do Círculo do Humanismo Cristão e da
revista O Tempo e o Modo, a Moraes
lançar-se-ia, em Janeiro de 1966, pouco depois da conclusão do Vaticano II, na
edição portuguesa da revista Concilium.
“A actualidade do Concílio, a novidade das suas propostas, as perspectivas que
se abriam, tudo se juntou para congregar em torno deste projecto um interesse muito
para lá das fronteiras dos habituais estudiosos de teologia”, escreve frei
Mateus Peres – que participava também no comité de redacção e tradução – num
texto publicado em A Aventura da Moraes
(ed. Centro Nacional de Cultura).
Além
da tradução portuguesa, o grupo responsável pela revista promoveu a Associação
dos Amigos da Concilium e a
realização de vários colóquios – nos quais participaram Edward Schillebeeckx e
Hans Küng, entre outros. “Estava assim lançado um
verdadeiro movimento que, durante três anos, mobilizou centenas de pessoas”,
nota Joana Lopes, na obra citada, num texto dedicado à associação. Por uma vez,
refere ainda, Portugal não chegou atrasado, já que a revista publicava o que de
“mais avançado” se fazia na teologia do tempo. E foi assim até Dezembro de
1969, quando a edição em português emigrou para o Brasil, publicada pela Vozes.
(os parágrafos sobre o padre Joaquim Alves Correia reproduzem quase na íntegra um pequeno texto que escrevi no Público a 14 de Abril de 1994)
(os parágrafos sobre o padre Joaquim Alves Correia reproduzem quase na íntegra um pequeno texto que escrevi no Público a 14 de Abril de 1994)
Próximo texto
Dia 12 de Abril: Estava a preparar uma aula e a PIDE bateu-me à porta - Um testemunho de Luiza Sarsfield Cabral
1 comentário:
Encontro cem por cento retratada o espírito que também vivi no ISET como aluno. Lembro-me das sebentas que como estudantes elaborávamos com devoção nas aulas e depois entregávamos aos colegas; lembro-me também dos jornais diários expostos nas paredes dos corredores com as partes riscadas pela sensura e que depois íamos faltar nos jornais publicads. Lembro-me das palestras de Carneiro tendo frequentado alguma delas junto ao Porto (reio que em Valadares). Nas congregações religiosas, porque ind ligadas a Roma sempre se vivia o espírito universal mais adaintado que nas igrejas locais.
Parabéns pelo texto! www.antonio-justo.eu
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