A jornalista Paula Moura Pinheiro é a figura entrevistada na edição desta semana do caderno "Igreja Viva", do Diário do Minho. A entrevista aborda aspetos como a vida cultural, o património, a liturgia e o papel da mulher. Mas abre com uma pergunta sobre a experiência de fé da jornalista: "Num encontro promovido (...) na Capela do Rato, referiu que “a Fé é uma Graça com que foi abençoada" e interrogou-se por que razão nem todos foram abençoados com a Graça da Fé". Já encntrou resposta para esta pergunta?
Responde Paula Moura Pinheiro:
«As palavras são o meu instrumento. Para um pintor o seu instrumento são as tintas e os pinceis, através dos quais se expressa; no meu caso são as palavras. E por mais que pense, leia, escute, reflicta, continuo sem encontrar uma palavra mais adequada do que Graça para expressar a Bênção da Fé. De facto, eu não escolhi – fui escolhida! E a minha perplexidade é sobre porque não o fomos todos?! No ensinamento de Jesus percebemos que somos todos iguais aos olhos de Deus; então, porque não fomos todos agraciados com a Fé? A pergunta mantém-se para mim. É evidente que há aqui um elemento de livre-arbítrio e ainda bem. Mas o livre-arbítrio tem a ver com o modo como vivemos a Fé, não resolve o problema de não se ter Fé! No meio jornalístico em geral e no meio dos criadores intelectuais e artísticos em particular não somos muitos os crentes – o que se compreende, pois somos pessoas cujo sentido crítico é muito agudo, pessoas que fomos treinadas para colocar tudo em causa. O trabalho dos jornalistas são as perguntas; de alguma maneira, a desconfiança. A primeira missão dos criadores e dos intelectuais é duvidar. Portanto, acho relativamente compreensível que sejam uma comunidade, um perfil de pessoas que por norma não são crentes. Ainda que, na maioria dos casos, não sejam ateus mas agnósticos. Por isso, é muitas vezes visto com alguma perplexidade o facto de eu me descrever como crente e como cristã. No meu entendimento, forçosamente limitado, vejo o facto de nem todos sermos abençoados com a Graça da Fé como um “buraco” na generosidade de Deus! Acho triste, trágico não gozar dessa Graça. Compadece-me.»
2 comentários:
Lindíssimo, Paula.
Concordo que a fé é uma graça, porém, a Graça de Deus não falta a ninguém. Creio que, como disse a Paula, é uma questão de livre-arbítrio. Todos nós podemos ter fé, desde que nos disponhamos a procurar Deus... No fundo, é sempre a nossa escolha que querer ou não acreditar. Porque Deus está sempre lá. É só querer encontrá-lo...
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