Presépio da Madre de Deus, séc. XVIII. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa
A geografia, por exemplo: os
presépios do século XVIII, em Lisboa, são sobretudo montados em anfiteatro,
recriando a orografia da própria cidade; os do Norte aprofunda essa lógica,
ainda mais abruptos e escarpados; já os de Aveiro são mais planos. Ou a posição
das mãos da Virgem: se estão em adoração, remetem para a imagem do Menino como
Filho de Deus; se estão cruzadas sobre o peito, falam do filho do homem e da
mãe que contempla o seu filho; se levanta um tecido e expõe o menino, trata-se
da rainha que mostra o seu herdeiro.
Estes são alguns dos pormenores
sobre o presépio tradicional português explicados no programa Encontros sobre o Património, da TSF,
dedicado precisamente a esse tema, na emissão de hoje, ao terminar a semana de
Reis.
No programa, fala-se também dos
primeiros presépios, montados em argila, no século XIII, sob a inspiração de
Francisco de Assis; do modo como o presépio foi sendo apropriado por conventos,
nobres e povo; da introdução da árvore de Natal por D. Fernando II e da crítica
que Ramalho Ortigão faz a essa novidade; ou dos grandes presepistas
portugueses, como António Ferreira ou Joaquim José de Barros (Barros Laborão),
e também Joaquim Machado de Castro – que, como também se ouvirá, não fez tanto
como se imagina.
São convidados do programa
Alexandre Pais, Anísio Franco, Maria João Vilhena e o padre franciscano Joaquim
Carreira das Neves. O programa pode ser escutado aqui.
No dia de Natal,
Manuel Vilas Boas conversou com o compositor João Madureira, sobre o disco Canções de Natal Portuguesas.
As oito canções, executadas
por 38 vozes infantis do conservatório de Carnide, em Lisboa, sob a batuta de
Joana Carneiro, recuperam e recriam tradições populares, em versões de vários compositores. O programa e as músicas podem ser ouvidas aqui.
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