Frei Bento Domingues (à esq.) e Frederico Lourenço
(Foto Nuno Ferreira Santos/Público)
É uma conversa sobre o texto bíblico,
publicada poucos dias antes do Natal: o escritor Frederico Lourenço, fascinado
pelo texto bíblico, tem dificuldade em aceitá-lo como texto sagrado. O
jornalista Carlos Vaz Marques levou-o ao encontro de um religioso conhecido
pela sua heterodoxia. Há um aspecto em que Frei Domingues e Frederico Lourenço
estão de acordo: Jesus “sabe sempre bem”.
Sabe bem entrar na pequena sala do
Convento de São Domingos, onde havemos de ficar a conversar longamente. O
anfitrião, frei Bento Domingues, deixou previamente ligado um aquecedor que nos
reconforta, depois da ventania do Alto dos Moinhos. Antes disso, foi cicerone
pelos espaços do convento, onde vivem cerca de três dezenas de religiosos. Em
cima da mesa, entre papelada diversa, está um exemplar de O Livro Aberto —
Leituras da Bíblia (edição Cotovia), a publicação mais recente de Frederico
Lourenço. Aos 52 anos, o escritor define-se como um ex-católico, à procura de
uma conciliação entre o pensamento racional e a figura de Jesus. A doutrina da
Igreja acerca da homossexualidade não é alheia, evidentemente, a esse corte com
a prática religiosa, sendo Frederico Lourenço um gay assumido. Mas há outras
dúvidas e inquietações de que dá testemunho no livro que serve de pretexto a
este encontro. Frei Bento já o tinha lido quando lhe liguei desafiando-o para a
conversa com o escritor. Entre concordâncias e discordâncias, salta à vista o
mesmo entusiasmo pelo texto bíblico de dois leitores da Bíblia separados pela
questão da fé.
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)
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