quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Celibato: um caso no Funchal e um debate no catolicismo




A igreja paroquial de Nossa Senhora do Monte, no Funchal 
(foto reproduzida daqui)


O padre do Funchal Giselo Andrade, que recentemente assumiu a paternidade de uma criança, foi retirado no final da semana passada do cargo de pároco do Monte (paróquia na periferia urbana da capital madeirense) e nomeado como responsável do Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais e do Jornal da Madeira, título regional que recentemente voltou à posse da diocese, como se pode ler aqui com mais pormenor.
De acordo com uma nota da secretaria episcopal da diocese, o pároco do Monte manifestou, com o seu gesto de assumir a paternidade, o seu compromisso em “assumir todas as responsabilidades inerentes à situação criada, um sentido de responsabilidade que muita gente apreciou, sem que, no entanto, perante o facto, se deixassem de reconhecer, também, os seus aspectos negativos” – tendo em conta que “ele próprio manifestou o desejo de continuar a exercer o ministério sacerdotal, nas condições exigidas pela Igreja”, ou seja, voltando a exercer o celibato.
A nota (que pode ser lida aqui na íntegra) esclarece ainda que após “diálogos com o próprio sacerdote, ouvidas algumas instâncias da Igreja e percepcionando um sentido eclesial comum, por parte de sacerdotes, consagrados e leigos, entendeu-se que constitui maior bem para o padre Giselo Andrade e para a Igreja diocesana, dispensá-lo de pároco do Monte, podendo continuar a exercer o ministério pastoral, através de algumas actividades que lhe estavam já confiadas, na área das comunicações, e outras que eventualmente lhe sejam atribuídas.”
A questão do celibato eclesiástico tem estado na ordem do dia do debate público, não só por situações como esta (aqui recordada com mais detalhe), mas também pelos casos de abusos sexual de membros do clero sobre menores. Celibato e pedofilia não estão directamente relacionadas, diz o psicanalista João Seabra Dinis considera, nem a questão dos abusos está relacionada desde logo com o voto de castidade. No entanto, Seabra Dinis considera que a Igreja Católica deve reflectir profundamente o tema, para perceber o que deve fazer no futuro, como adianta nesta reportagem do Expresso Diário sobre o assunto, publicada há dias.

1 comentário:

emilia nadal disse...

Excelente solução !
A Igreja institucional demonstra estar a entrar na idade adulta da fé.
Deo Gratias!