Maria de Lourdes (Pintasilgo)
Por EDUARDO LOURENÇO
Público, 28 de Janeiro de 2005
Há pouco mais de meio ano, num país submerso por uma maré futebolistica sem precedentes, e um fervor patriótico mediático raro, morria e saía da cena politica e cultural portuguesa, a antiga Primeira Ministra, Maria de Lurdes Pintasilgo. A sua morte não passou, nem podia ter passado despercebida. Mas o contexto passional e euforizante do Euro 2004, "privatizou", em excesso, um acontecimento que, em outras circunstâncias, teria conhecido um outro eco.
Neste momento, a sua terra natal, Abrantes, recorda-a e presta-lhe a homenagem que o seu passado de militante católica de sério e coerente empenhamento social, o seu papel como dinamizadora cultural, sem falar do carisma politico que lhe permitiu ser a primeira mulher portuguesa a ocupar o cargo de Primeiro Ministro, naturalmente reclamada e merece.
Maria de Lurdes foi durante grande parte da sua vida desde jovem, um dos rostos de Portugal no mundo. Já não era Poder, como tão tristemente se diz, quando nos deixou e embora o seu combate cívico e espiritual se inscrevesse num horizonte mais vasto do que o da Politica, o Poder, e mesmo as suas seduções, não lhe eram estranhas. Aceitou-o ou pretendeu-o como serviço, apaixonadamente, convicta de que assim podia contribuir para alterar ou, pelo menos, melhorar "a ordem das coisas". Vinda do antigo Regime, daquilo em que ele se reclamava da famosa doutrina social da Igreja, a militante tomou a sério essa utopia do antigo sistema, muitas vezes traída ou negada na prática sobretudo na versão virtualmente dela. Essa espécie de paradoxal gauchismo, nem sempre foi bem compreendido.
A sua condição de mulher ofuscava - quer antes, quer sobretudo depois do 25 de Abril - a classe social a que pertencia, na versão tradicional se não tradicionalista das suas práticas sociais e éticas. Quando aceitou, pela mão do general Eanes, o cargo de Primeiro Ministro, uma parte do seu eleitorado "natural" e não só ele bem lho fez sentir. E ainda mais quando, com grande risco politico, ela se candidatou ao lugar de Presidente da Republica.
Maria de Lurdes é uma figura complexa, a sua história fez parte integrante do nosso Portugal durante o ultimo meio século e da história do mundo que nos cercou. Estudando-a e não apenas lembrando-a como é justo, se verá como essa história, aparentemente dividida ao meio pela Revolução de Abril a que aderiu e de que foi mesmo figura emblemática, não é tão "maniqueista", como, em geral é vivida em termos de memória, seja ela politica ou cultural.
Não só os seus amigos e admiradores farão esse "dever de memória" como os seus adversários e, naturalmente, os nossos historiadores da contemporaniedade fará parte das complicadas relações entre a fraca tradição social do nosso catolicismo e as correntes politicas e culturais que, ao mesmo tempo, encarnam aspirações análogas fora da referência religiosa ou opondo-se a elas. A nossa curiosidade pelo passado - salvo a titulo mítico ou antes, mitificado - é notoriamente escassa. Começa a cobrar algum relevo, sobretudo em relação aos contemporâneos quando se interessa "pelas figuras" como fez Oliveira Martins para a "ínclita geração". Mas tudo isso é pouco comparado com a verdadeira paixão da historiografia inglesa ou francesa pelos seus ou alheios "homens ou mulheres ilustres". Maria de Lourdes foi no seu e nosso tempo português, uma mulher ilustre.
A discrição com que o seu desaparecimento, há apenas sete meses, foi vivida não está à altura do que ela é e representa. Descrição oficial e discrição - essa sim, dolorosa - da instância institucional e do coração a que estava ligada pela sua educação, pela sua fé e pelo seu entusiasmo. Excessivo?
sexta-feira, 28 de janeiro de 2005
domingo, 23 de janeiro de 2005
Propor a esperança, abrir portas a um futuro melhor
Comunicado da Comissão Nacional Justiça e Paz
1. Um mês antes das eleições legislativas de 20 de Fevereiro vimos publicamente reafirmar a importância do próximo acto eleitoral, reforçar a exigência de qualidade no debate partidário, sublinhar a necessária participação de todos e dar razões da nossa esperança quanto ao futuro do país. Dirigimo-nos, sobretudo, aos nossos irmãos e irmãs na fé, mas também a todos os cidadãos e cidadãs. Não com uma palavra de quem sabe mais, ou tem soluções definitivas para o nosso viver em comum. Antes, animados pelo desejo de contribuirmos para superar o ambiente de desânimo que atravessa a nossa sociedade. Procuramos, assim, responder ao convite recentemente formulado pelos Bispos portugueses: ?Empenhar-se na construção da comunidade nacional é, para os cristãos, uma forma de exprimirem a sua fidelidade cristã?.
2. As eleições legislativas são um momento particularmente importante da vida democrática. Todos temos o dever de as encarar seriamente. Sem falsos messianismos ? esperando que alguém se proponha resolver todos os nossos problemas ?, nem fácil cinismo ? argumentando que ?é tudo a mesma coisa?. Ambas as posições são modos subtis de fugirmos à nossa responsabilidade individual e de recusarmos tomar consciência das relações entre o modo como vivemos, as escolhas que fazemos no nosso dia-a-dia e as prioridades que queremos ver inscritas na condução dos assuntos públicos. São, numa palavra, formas de não aceitar o convite do Papa João Paulo II quando escreve: ?Todos, de alguma forma, estão implicados no compromisso pelo bem comum, na busca constante do bem dos outros como se fosse o próprio?.
3. No actual contexto português, o próximo acto eleitoral ?não pode limitar-se a resolver uma crise política, mas deve enfrentar, com serenidade e lucidez, os problemas de fundo do país, apresentando para eles soluções credíveis e viáveis, a serem escolhidas pelo voto dos portugueses?, afirmam os Bispos portugueses. Para que tal aconteça cabe decisiva responsabilidade aos dirigentes partidários, a todos os candidatos e aos meios de comunicação social. Sem apresentação clarificadora do que consideram ser os principais problemas e as maiores potencialidades do país, sem propostas para enfrentarem uns e reforçarem outras, a campanha eleitoral pode reduzir-se a simples habilidades de comunicação, determinando maior afastamento dos cidadãos em relação aos seus eleitos.
Mas, tal como recordam os Bispos portugueses, cabe também, a cada um de nós, tudo fazer para ?forçar os partidos a porem o acento da sua intervenção na qualidade das propostas que nos fazem, na competência e dignidade das pessoas e não apenas nos discursos que o ambiente de campanha habitualmente inflama?.
4. Por todas estas razões, a participação de todos e de cada um é necessária. Não há verdadeiro amor cristão que se possa alhear das escolhas que determinam boa parte do nosso viver em comum. Ninguém se respeita a si próprio se nega o seu labor diário por uma sociedade mais justa e mais fraterna, ao não participar nos momentos em que se escolhem os programas e as pessoas que vão presidir, nos próximos anos, à gestão da coisa pública.
?Para os cristãos, o critério de avaliação? das diferentes propostas políticas ?é o Evangelho e a doutrina social da Igreja?. Critério que não anula o pluralismo das opções políticas dos cristãos, conforme repetidamente o Magistério da Igreja vem sublinhando, mas que exige a cada um o indispensável discernimento pessoal. Escolher, em política, confronta-nos com as questões que formulamos perante a realidade, com o que nela nos inquieta e com o que desejamos, para nós e para os outros, mesmo quando não sabemos como alcançá-lo. Como lembram os Bispos: ?Não esqueçamos que só tem direito de criticar e denunciar quem se empenha generosamente na busca de soluções?.
5. Mas, se há algum critério para aferir da participação política dos cristãos, ele é certamente o da capacidade de anunciar a esperança. O momento que vivemos precisa das vozes da esperança, precisa dos gestos que se pautam pelo fazer bem, precisa de corações que acarinhem sonhos de dias melhores e que os partilhem com os demais, precisa de muito investimento nas pessoas e de muita dedicação ao bem comum, precisa da cooperação como principal trampolim para a melhoria da nossa vida colectiva, precisa de cada uma e de cada um. Não há cidadãos dispensáveis, dentro e fora dos partidos políticos, quando se trata de criar uma comunidade nacional solidária, desenvolvida, apta a enfrentar com esperança os tão incertos dias que se avizinham.
6. Também nós somos testemunhas de que, apesar de um clima de pessimismo que parece querer instalar-se, encontramos pessoas disponíveis, interessadas em melhorar as condições de vida dos cidadãos, o modo de gerir as suas empresas e de aplicar os seus rendimentos, de aperfeiçoar as relações de trabalho e as relações interpessoais. Em todos os ambientes encontramos pessoas construtoras permanentes e persistentes do bem comum. Multiplicam-se os gestos concretos de solidariedade e de compromisso com os mais pobres, de envolvimento na inovação, em muitos locais de trabalho e de vida, de melhoria permanente das condições da existência e de promoção da dignidade humana, no funcionamento das instituições públicas e privadas.
Precisamos, é certo, de criar dispositivos de valorização e de incentivo público a todos e cada um dos portugueses e portuguesas que assim agem. Dispositivos que podem ser muito diversos, mas que se deveriam nortear pela partilha do que de mais positivo se faz e se alcança, pela valorização do trabalho perseverante que tantos desenvolvem em prol de uma sociedade mais justa e fraterna, pela comunicação da esperança que tantos desencadeiam em tantos rostos angustiados e esquecidos.
7. A nossa esperança funda-se no amor infinito de Deus que se dirige a cada um dos seres humanos, mulheres e homens, definitivamente irmanados pelo nascimento de Jesus, Deus encarnado, feito um de nós. ?Com a sua morte e ressurreição, Cristo nos redimiu e resgatou ?por um grande preço?, alcançando a salvação para todos?, escreve o Papa na sua última mensagem do Dia Mundial da Paz. A nossa esperança transmite-se nestes gestos fraternos e de procura incessante e difícil do bem comum. A nossa esperança alimenta-se na alegria daqueles que eram excluídos e encontraram abrigo, daqueles que estavam perdidos e encontraram um rumo para as suas vidas, daqueles que apenas viviam cada hora que passa e descobriram novos sentidos e outros cidadãos com quem constroem uma vida melhor, para si e para aqueles que lhes estão próximos. A nossa esperança vem de Deus e vive-se com os irmãos, em comunidade de amor.
Mais do que nunca, neste próximo mês, os cristãos deste país são chamados a serem testemunhas da esperança que abre as portas de um futuro melhor para todos.
Lisboa, 20 de Janeiro de 2005
Comunicado da Comissão Nacional Justiça e Paz
1. Um mês antes das eleições legislativas de 20 de Fevereiro vimos publicamente reafirmar a importância do próximo acto eleitoral, reforçar a exigência de qualidade no debate partidário, sublinhar a necessária participação de todos e dar razões da nossa esperança quanto ao futuro do país. Dirigimo-nos, sobretudo, aos nossos irmãos e irmãs na fé, mas também a todos os cidadãos e cidadãs. Não com uma palavra de quem sabe mais, ou tem soluções definitivas para o nosso viver em comum. Antes, animados pelo desejo de contribuirmos para superar o ambiente de desânimo que atravessa a nossa sociedade. Procuramos, assim, responder ao convite recentemente formulado pelos Bispos portugueses: ?Empenhar-se na construção da comunidade nacional é, para os cristãos, uma forma de exprimirem a sua fidelidade cristã?.
2. As eleições legislativas são um momento particularmente importante da vida democrática. Todos temos o dever de as encarar seriamente. Sem falsos messianismos ? esperando que alguém se proponha resolver todos os nossos problemas ?, nem fácil cinismo ? argumentando que ?é tudo a mesma coisa?. Ambas as posições são modos subtis de fugirmos à nossa responsabilidade individual e de recusarmos tomar consciência das relações entre o modo como vivemos, as escolhas que fazemos no nosso dia-a-dia e as prioridades que queremos ver inscritas na condução dos assuntos públicos. São, numa palavra, formas de não aceitar o convite do Papa João Paulo II quando escreve: ?Todos, de alguma forma, estão implicados no compromisso pelo bem comum, na busca constante do bem dos outros como se fosse o próprio?.
3. No actual contexto português, o próximo acto eleitoral ?não pode limitar-se a resolver uma crise política, mas deve enfrentar, com serenidade e lucidez, os problemas de fundo do país, apresentando para eles soluções credíveis e viáveis, a serem escolhidas pelo voto dos portugueses?, afirmam os Bispos portugueses. Para que tal aconteça cabe decisiva responsabilidade aos dirigentes partidários, a todos os candidatos e aos meios de comunicação social. Sem apresentação clarificadora do que consideram ser os principais problemas e as maiores potencialidades do país, sem propostas para enfrentarem uns e reforçarem outras, a campanha eleitoral pode reduzir-se a simples habilidades de comunicação, determinando maior afastamento dos cidadãos em relação aos seus eleitos.
Mas, tal como recordam os Bispos portugueses, cabe também, a cada um de nós, tudo fazer para ?forçar os partidos a porem o acento da sua intervenção na qualidade das propostas que nos fazem, na competência e dignidade das pessoas e não apenas nos discursos que o ambiente de campanha habitualmente inflama?.
4. Por todas estas razões, a participação de todos e de cada um é necessária. Não há verdadeiro amor cristão que se possa alhear das escolhas que determinam boa parte do nosso viver em comum. Ninguém se respeita a si próprio se nega o seu labor diário por uma sociedade mais justa e mais fraterna, ao não participar nos momentos em que se escolhem os programas e as pessoas que vão presidir, nos próximos anos, à gestão da coisa pública.
?Para os cristãos, o critério de avaliação? das diferentes propostas políticas ?é o Evangelho e a doutrina social da Igreja?. Critério que não anula o pluralismo das opções políticas dos cristãos, conforme repetidamente o Magistério da Igreja vem sublinhando, mas que exige a cada um o indispensável discernimento pessoal. Escolher, em política, confronta-nos com as questões que formulamos perante a realidade, com o que nela nos inquieta e com o que desejamos, para nós e para os outros, mesmo quando não sabemos como alcançá-lo. Como lembram os Bispos: ?Não esqueçamos que só tem direito de criticar e denunciar quem se empenha generosamente na busca de soluções?.
5. Mas, se há algum critério para aferir da participação política dos cristãos, ele é certamente o da capacidade de anunciar a esperança. O momento que vivemos precisa das vozes da esperança, precisa dos gestos que se pautam pelo fazer bem, precisa de corações que acarinhem sonhos de dias melhores e que os partilhem com os demais, precisa de muito investimento nas pessoas e de muita dedicação ao bem comum, precisa da cooperação como principal trampolim para a melhoria da nossa vida colectiva, precisa de cada uma e de cada um. Não há cidadãos dispensáveis, dentro e fora dos partidos políticos, quando se trata de criar uma comunidade nacional solidária, desenvolvida, apta a enfrentar com esperança os tão incertos dias que se avizinham.
6. Também nós somos testemunhas de que, apesar de um clima de pessimismo que parece querer instalar-se, encontramos pessoas disponíveis, interessadas em melhorar as condições de vida dos cidadãos, o modo de gerir as suas empresas e de aplicar os seus rendimentos, de aperfeiçoar as relações de trabalho e as relações interpessoais. Em todos os ambientes encontramos pessoas construtoras permanentes e persistentes do bem comum. Multiplicam-se os gestos concretos de solidariedade e de compromisso com os mais pobres, de envolvimento na inovação, em muitos locais de trabalho e de vida, de melhoria permanente das condições da existência e de promoção da dignidade humana, no funcionamento das instituições públicas e privadas.
Precisamos, é certo, de criar dispositivos de valorização e de incentivo público a todos e cada um dos portugueses e portuguesas que assim agem. Dispositivos que podem ser muito diversos, mas que se deveriam nortear pela partilha do que de mais positivo se faz e se alcança, pela valorização do trabalho perseverante que tantos desenvolvem em prol de uma sociedade mais justa e fraterna, pela comunicação da esperança que tantos desencadeiam em tantos rostos angustiados e esquecidos.
7. A nossa esperança funda-se no amor infinito de Deus que se dirige a cada um dos seres humanos, mulheres e homens, definitivamente irmanados pelo nascimento de Jesus, Deus encarnado, feito um de nós. ?Com a sua morte e ressurreição, Cristo nos redimiu e resgatou ?por um grande preço?, alcançando a salvação para todos?, escreve o Papa na sua última mensagem do Dia Mundial da Paz. A nossa esperança transmite-se nestes gestos fraternos e de procura incessante e difícil do bem comum. A nossa esperança alimenta-se na alegria daqueles que eram excluídos e encontraram abrigo, daqueles que estavam perdidos e encontraram um rumo para as suas vidas, daqueles que apenas viviam cada hora que passa e descobriram novos sentidos e outros cidadãos com quem constroem uma vida melhor, para si e para aqueles que lhes estão próximos. A nossa esperança vem de Deus e vive-se com os irmãos, em comunidade de amor.
Mais do que nunca, neste próximo mês, os cristãos deste país são chamados a serem testemunhas da esperança que abre as portas de um futuro melhor para todos.
Lisboa, 20 de Janeiro de 2005
sábado, 1 de janeiro de 2005
The Ends of the World as We Know Them
By JARED DIAMOND
NYT, 1 Jan.2005
"(...) In this New Year, we Americans have our own painful reappraisals to face. Historically, we viewed the United States as a land of unlimited plenty, and so we practiced unrestrained consumerism, but that's no longer viable in a world of finite resources. We can't continue to deplete our own resources as well as those of much of the rest of the world.
Historically, oceans protected us from external threats; we stepped back from our isolationism only temporarily during the crises of two world wars. Now, technology and global interconnectedness have robbed us of our protection. In recent years, we have responded to foreign threats largely by seeking short-term military solutions at the last minute.
But how long can we keep this up? Though we are the richest nation on earth, there's simply no way we can afford (or muster the troops) to intervene in the dozens of countries where emerging threats lurk - particularly when each intervention these days can cost more than $100 billion and require more than 100,000 troops.
A genuine reappraisal would require us to recognize that it will be far less expensive and far more effective to address the underlying problems of public health, population and environment that ultimately cause threats to us to emerge in poor countries. In the past, we have regarded foreign aid as either charity or as buying support; now, it's an act of self-interest to preserve our own economy and protect American lives.
Do we have cause for hope? Many of my friends are pessimistic when they contemplate the world's growing population and human demands colliding with shrinking resources. But I draw hope from the knowledge that humanity's biggest problems today are ones entirely of our own making. Asteroids hurtling at us beyond our control don't figure high on our list of imminent dangers. To save ourselves, we don't need new technology: we just need the political will to face up to our problems of population and the environment.
I also draw hope from a unique advantage that we enjoy. Unlike any previous society in history, our global society today is the first with the opportunity to learn from the mistakes of societies remote from us in space and in time. When the Maya and Mangarevans were cutting down their trees, there were no historians or archaeologists, no newspapers or television, to warn them of the consequences of their actions. We, on the other hand, have a detailed chronicle of human successes and failures at our disposal. Will we choose to use it?"
Jared Diamond (who won the 1998 Pulitzer Prize in general nonfiction for "Guns, Germs and Steel: The Fates of Human Societies," is the author of the forthcoming "Collapse: How Societies Choose or Fail to Succeed.")
By JARED DIAMOND
NYT, 1 Jan.2005
"(...) In this New Year, we Americans have our own painful reappraisals to face. Historically, we viewed the United States as a land of unlimited plenty, and so we practiced unrestrained consumerism, but that's no longer viable in a world of finite resources. We can't continue to deplete our own resources as well as those of much of the rest of the world.
Historically, oceans protected us from external threats; we stepped back from our isolationism only temporarily during the crises of two world wars. Now, technology and global interconnectedness have robbed us of our protection. In recent years, we have responded to foreign threats largely by seeking short-term military solutions at the last minute.
But how long can we keep this up? Though we are the richest nation on earth, there's simply no way we can afford (or muster the troops) to intervene in the dozens of countries where emerging threats lurk - particularly when each intervention these days can cost more than $100 billion and require more than 100,000 troops.
A genuine reappraisal would require us to recognize that it will be far less expensive and far more effective to address the underlying problems of public health, population and environment that ultimately cause threats to us to emerge in poor countries. In the past, we have regarded foreign aid as either charity or as buying support; now, it's an act of self-interest to preserve our own economy and protect American lives.
Do we have cause for hope? Many of my friends are pessimistic when they contemplate the world's growing population and human demands colliding with shrinking resources. But I draw hope from the knowledge that humanity's biggest problems today are ones entirely of our own making. Asteroids hurtling at us beyond our control don't figure high on our list of imminent dangers. To save ourselves, we don't need new technology: we just need the political will to face up to our problems of population and the environment.
I also draw hope from a unique advantage that we enjoy. Unlike any previous society in history, our global society today is the first with the opportunity to learn from the mistakes of societies remote from us in space and in time. When the Maya and Mangarevans were cutting down their trees, there were no historians or archaeologists, no newspapers or television, to warn them of the consequences of their actions. We, on the other hand, have a detailed chronicle of human successes and failures at our disposal. Will we choose to use it?"
Jared Diamond (who won the 1998 Pulitzer Prize in general nonfiction for "Guns, Germs and Steel: The Fates of Human Societies," is the author of the forthcoming "Collapse: How Societies Choose or Fail to Succeed.")
Rising to the New Year
Editorial of The New York Times, 1 Jan. 2005
"(...)The enormous momentum of life as we know it is not poised to turn on a dime just so we can start out on Jan. 1 refreshed with possibilities. You can feel the gravity of the past pulling at your back the way real gravity pulls at your shoes.
But deep within us is the habit of looking forward, a habit as powerful as the belief that our lives are somehow external to us and that we can pick them up and rearrange them at will. We live profoundly in time, painfully aware of the way the new years stack up one by one.
We also live immersed in intention, trying to make the most of what time has to offer. There are days when the likelihood of real renewal seems almost impossible, when our lives seem utterly conditioned by the past. And then there are those days when renewal seems certain, merely a matter of making the right choices, consciously. It would be a coincidence if one of those days of rebirth happened to fall on the first of the year.
It's easy to dismiss the feeling of renewed intentions aroused by the new year, easy to think of resolutions as party favors of a sort, nothing more than wistful daydreams of being thinner, healthier, richer or happier than we are, forgotten as soon as made. But just ask anyone who's ever made a real change for the better. There's nothing wistful about it. It isn't a daydream. People who have fulfilled a latent possibility in themselves can sense the possibilities lying hidden in so many human lives. It doesn't take a revelation or a flash of light from heaven. It takes getting out of the habit of standing apart from your life, watching yourself as if you were two people instead of just one.
Most animals do not make resolutions, as far as we know. The dog isn't planning to do less dinner-table begging this year, nor is the cat going to try to take fewer catnaps. Things are as they are. But a human without hope, a human who has stopped trying to reform himself or excel herself, has a very hard time being fully human. (...)".
Editorial of The New York Times, 1 Jan. 2005
"(...)The enormous momentum of life as we know it is not poised to turn on a dime just so we can start out on Jan. 1 refreshed with possibilities. You can feel the gravity of the past pulling at your back the way real gravity pulls at your shoes.
But deep within us is the habit of looking forward, a habit as powerful as the belief that our lives are somehow external to us and that we can pick them up and rearrange them at will. We live profoundly in time, painfully aware of the way the new years stack up one by one.
We also live immersed in intention, trying to make the most of what time has to offer. There are days when the likelihood of real renewal seems almost impossible, when our lives seem utterly conditioned by the past. And then there are those days when renewal seems certain, merely a matter of making the right choices, consciously. It would be a coincidence if one of those days of rebirth happened to fall on the first of the year.
It's easy to dismiss the feeling of renewed intentions aroused by the new year, easy to think of resolutions as party favors of a sort, nothing more than wistful daydreams of being thinner, healthier, richer or happier than we are, forgotten as soon as made. But just ask anyone who's ever made a real change for the better. There's nothing wistful about it. It isn't a daydream. People who have fulfilled a latent possibility in themselves can sense the possibilities lying hidden in so many human lives. It doesn't take a revelation or a flash of light from heaven. It takes getting out of the habit of standing apart from your life, watching yourself as if you were two people instead of just one.
Most animals do not make resolutions, as far as we know. The dog isn't planning to do less dinner-table begging this year, nor is the cat going to try to take fewer catnaps. Things are as they are. But a human without hope, a human who has stopped trying to reform himself or excel herself, has a very hard time being fully human. (...)".
In death, imperialism lives on
For the western media, it is clear that a tourist's tragedy is moreimportant than that of the 'locals'
Jeremy Seabrook
Friday December 31, 2004, The Guardian
The number of fishing boats from Sumatra, Sri Lanka and Tamil Nadu at seawhen the Boxing Day tsunami hit will never be known. There is scarcely anypopulation tally of the crowded coasts. Nameless people are consigned tounmarked graves; in mosques and temples, makeshift mortuaries, people pullaside a cloth, a piece of sacking, to see if those they loved lie beneath.As in all natural disasters, the victims are overwhelmingly the poorest. This time there was something different. The tsunami struck resorts wherewesterners were on holiday. For the western media, it was clear that theirlives have a different order of importance from those that have died inthousands, but have no known biography, and, apparently, no intelligibletongue in which to express their feelings. This is not to diminish thetrauma of loss of life, whether of tourist or fisherman. But when wedistinguish between "locals" who have died and westerners, "locals" all tooeasily becomes a euphemism for what were once referred to as natives.Whatever tourism's merits, it risks reinforcing the imperial sensibility. For this sensibility has already been reawakened by all the human-made,preventable catastrophes. The ruins of Galle and Bandar Aceh called forthimages of Falluja, Mosul and Gaza. Imperial powers, it seems, anticipatethe destructive capacity of nature. A report on ITN news made thisexplicit, by referring to "nature's shock and awe". But while the tsunamideath toll rises in anonymous thousands, in Iraq disdainful Americanauthorities don't do body counts. One of the most poignant sights of the past few days was that of westernersovercome with gratitude that they had been helped by the grace and mercy ofthose who had lost everything, but still regarded them as guests. Whenthese same people appear in the west, they become the interloper, theunwanted migrant, the asylum seeker, who should go back to where theybelong. A globalisation that permits the wealthy to pass effortlesslythrough borders confines the poor to eroded subsistence, overfished watersand an impoverishment that seems to have no end. People rarely say thatpoor countries are swamped by visitors, even though their money powerpre-empts the best produce, the clean water and amenities unknown to theindigenous population. In death, there should be no hierarchy. But even as Sri Lankans wandered innumb disbelief through the corpses, British TV viewers were being warnedthat scenes they were about to witness might distress them. Poor peoplehave no consoling elsewhere to which they can be repatriated. The annals ofthe poor remain short and simple, and can be effaced without inquiry as tohow they contrive an existence on these fragile coasts. What are the dailyvisitations of grief and loss in places where people earn less in a yearthan the price that privilege pays for a night's stay in a five-star hotel?Western governments, which can disburse so lavishly in the art of war,offer a few million as if it were exceptional largesse. Fortunately thepeople are wiser; and the spontaneous outpourings of humanity have been asunstoppable as the waves that broke on south Asia's coasts; donationsrapidly exceeded the amount offered by government. Selflessness andsacrifice, people working away at rubble with bare hands, suggest immediatehuman solidarities. But these are undermined by the structures of inequality. Promises solemnlymade at times of immediate sorrow are overtaken by other urgencies; moneydonated for the Orissa cyclone, for hurricane Mitch in Central America, thefloods in Bangladesh, the Bam earthquake - as for the reconstruction ofAfghanistan and Iraq - turns out to be a fraction of what is pledged. Such events remind us of the sameness of our human destiny, the fragilityof our existence. They place in perspective the meaning of security. Lifeis always at the mercy of nature - whether from such overwhelming events asthis, or the natural processes that exempt no one from paying back to earththe life it gave us. Yet we inhabit systems of social and economicinjustice that exacerbate the insecurity of the poor, while the west isprepared to lay waste distant towns and cities in the name of a securitythat, in the end, eludes us all. Assertions of our common humanity occur only at times of great loss. Toretrieve and hold on to it at all other times - that would be something ofworth to salvage from these scenes of desolation. ·
(Jeremy Seabrook is the author of Consuming Cultures: Globablisation andLocal Life)
For the western media, it is clear that a tourist's tragedy is moreimportant than that of the 'locals'
Jeremy Seabrook
Friday December 31, 2004, The Guardian
The number of fishing boats from Sumatra, Sri Lanka and Tamil Nadu at seawhen the Boxing Day tsunami hit will never be known. There is scarcely anypopulation tally of the crowded coasts. Nameless people are consigned tounmarked graves; in mosques and temples, makeshift mortuaries, people pullaside a cloth, a piece of sacking, to see if those they loved lie beneath.As in all natural disasters, the victims are overwhelmingly the poorest. This time there was something different. The tsunami struck resorts wherewesterners were on holiday. For the western media, it was clear that theirlives have a different order of importance from those that have died inthousands, but have no known biography, and, apparently, no intelligibletongue in which to express their feelings. This is not to diminish thetrauma of loss of life, whether of tourist or fisherman. But when wedistinguish between "locals" who have died and westerners, "locals" all tooeasily becomes a euphemism for what were once referred to as natives.Whatever tourism's merits, it risks reinforcing the imperial sensibility. For this sensibility has already been reawakened by all the human-made,preventable catastrophes. The ruins of Galle and Bandar Aceh called forthimages of Falluja, Mosul and Gaza. Imperial powers, it seems, anticipatethe destructive capacity of nature. A report on ITN news made thisexplicit, by referring to "nature's shock and awe". But while the tsunamideath toll rises in anonymous thousands, in Iraq disdainful Americanauthorities don't do body counts. One of the most poignant sights of the past few days was that of westernersovercome with gratitude that they had been helped by the grace and mercy ofthose who had lost everything, but still regarded them as guests. Whenthese same people appear in the west, they become the interloper, theunwanted migrant, the asylum seeker, who should go back to where theybelong. A globalisation that permits the wealthy to pass effortlesslythrough borders confines the poor to eroded subsistence, overfished watersand an impoverishment that seems to have no end. People rarely say thatpoor countries are swamped by visitors, even though their money powerpre-empts the best produce, the clean water and amenities unknown to theindigenous population. In death, there should be no hierarchy. But even as Sri Lankans wandered innumb disbelief through the corpses, British TV viewers were being warnedthat scenes they were about to witness might distress them. Poor peoplehave no consoling elsewhere to which they can be repatriated. The annals ofthe poor remain short and simple, and can be effaced without inquiry as tohow they contrive an existence on these fragile coasts. What are the dailyvisitations of grief and loss in places where people earn less in a yearthan the price that privilege pays for a night's stay in a five-star hotel?Western governments, which can disburse so lavishly in the art of war,offer a few million as if it were exceptional largesse. Fortunately thepeople are wiser; and the spontaneous outpourings of humanity have been asunstoppable as the waves that broke on south Asia's coasts; donationsrapidly exceeded the amount offered by government. Selflessness andsacrifice, people working away at rubble with bare hands, suggest immediatehuman solidarities. But these are undermined by the structures of inequality. Promises solemnlymade at times of immediate sorrow are overtaken by other urgencies; moneydonated for the Orissa cyclone, for hurricane Mitch in Central America, thefloods in Bangladesh, the Bam earthquake - as for the reconstruction ofAfghanistan and Iraq - turns out to be a fraction of what is pledged. Such events remind us of the sameness of our human destiny, the fragilityof our existence. They place in perspective the meaning of security. Lifeis always at the mercy of nature - whether from such overwhelming events asthis, or the natural processes that exempt no one from paying back to earththe life it gave us. Yet we inhabit systems of social and economicinjustice that exacerbate the insecurity of the poor, while the west isprepared to lay waste distant towns and cities in the name of a securitythat, in the end, eludes us all. Assertions of our common humanity occur only at times of great loss. Toretrieve and hold on to it at all other times - that would be something ofworth to salvage from these scenes of desolation. ·
(Jeremy Seabrook is the author of Consuming Cultures: Globablisation andLocal Life)
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