segunda-feira, 26 de abril de 2004

"Buscando a Deus"

por ISAAC DÍAZ PARDO, in La Voz de Galicia, 26.4.2004

ESTES DÍAS anduvo por Galicia Adolfo Pérez Esquivel, premio Nobel da Paz no 1980 pola súa loita na defensa dos dereitos humanos.

Pérez Esquivel fíxose arquitecto e escultor na Universidade de La Plata [La Plata é a capital da provincia de Buenos Aires]. Católico militante, fundou no 1974 o Servicio de Paz y Justicia, o que o enfrentou ás dictaduras que padeceu o cono sur de América ao denunciar as atrocidades cometidas polo rexímenes militares que o tiveron detido e torturado, e en algunha ocasión con bispos da nova interpretación da ciencia do amor ao próximo que ilumina a algúns seres buscando en Deus unha solución ás discordias humanas na paz e na xustiza. Mais este é un mundo difícil no que prevalecen os sistemas económicos inxustos e a violencia como forma de manter a inxustiza -ás veces disfrazada de xustiza- como defensa dos intereses económicos dos privilexiados.

Non é só Pérez Esquivel quen anda detrás da paz e da xustiza coa súa fe de crente convencido, axudando aos que sufren a miseria e a explotación, cunha aptitude admirable, nun mundo no que non se lle ve solución a este animal recén saído da selva, pois non se sabe por onde vai cun predominio dos que andan a buscar petróleo, e outros negocios, e non perden o tempo en buscar a Deus.

Este arxentino é verdadeiramente un iluminado, algo ten que ver coa súa formación de artista, de arquitecto, que influiron na súa sensibilidade. Penso que cando hai autenticidade, xa sexa plástico ou poeta, o ser atópase como proido polas causas xustas. Se teño algún lector, invítoo a que analice a obra material ou inmaterial dos que acadaron trascendencia para ver nela o compromiso que tiveron os outros autores coa sorte dos homes. Pero o mundo é así: uns poucos idealistas entre moitos que só están a sacar tallada con todo e coa obra que fan outros.

Tiven que acompañar a Esquivel na súa conferencia en Oleiros, e só se me ocorreu saudalo con aquel poema de León Felipe no que di: «Hay un hombre que trafica con las cosas / y otro hombre que las quiere organizar / el organizador es el artista [dixen sinalando a el] el otro es el chalán / y la lucha en el mundo ha sido siempre / entre artistas y chalanes nada más».

Aínda que sexan poucos, Esquivel non está solo na búsqueda de Deus na paz e na xustiza. De algunha maneira esta especie que somos, que en algún momento adquiriu conciencia de si mesmo, e aprendeu a chorar polos males alleos cando a sorrir pola súa felicidade, empezou a preguntarse que facemos acó, de onde vimos, para que vimos, e así empezamos a buscar a Deus, dende o eido no que nacemos, con sabor a esa terra e á súa circunstancia, para xustificar a nosa vida. Non importa a existencia, ou non, do ser que nos axuda, pois o seu existir, ou non, ficará a pesar das nosas crenzas.

Eu remataba de estar cun amigo que non cre na convivencia co mundo musulmán, que só tentará eliminarnos, polo que tivemos que botalos da Península. Meu amigo non sabe que botamos aos mouros, aos xudeus e aos republicanos.

Esquivel cre que non importa a diferencia de credos, que temos que entendernos respectando as crenzas da cada quen.

quarta-feira, 14 de abril de 2004

Homens muito voltados para um modo de ver

"(...)
Homens muito voltados para um modo de ver
Um olhar fixo como quem vem caminhando ao encontro
De si mesmo
Homens tão impreparados tão desprevenidos
Para se receber

Homens à chuva com as mãos nos olhos
Imaginando relâmpagos
Homens abrindo o lume
Para enxugar o rosto para fechar os olhos
Tão impreparados tão desprevenidos
Tão confusos à espera de um sistema solar
Onde seja possível uma sombra maior"

Daniel Faria
"Homens que são como lugares mal situados"

domingo, 11 de abril de 2004

"Tempos difíceis"

António Barreto, no Público, hoje:
"Há tempos assim, em que nos querem encostados à parede, em que vivemos rodeados de círculos de fogo, em que a razão é substituída por um qualquer automatismo, em que o pensamento mecânico vive do preconceito e da dependência e em que o cliché e a banalidade substituem o esforço de raciocínio rigoroso e independente. Há tempos assim, em que é preciso estar com alguém, em que é necessário estar contra alguém, em que tudo nos empurra para ser branco ou preto, em que nos querem obrigar a vestir uma camisola, em que contrariar um amigo faz de nós seu inimigo, em que ter opinião diferente de um aliado faz de nós um adversário, em que pensar livremente é sinónimo de traição, em que reconhecer uma qualquer razão a alguém implica estar ao seu serviço e em que a autonomia de espírito é a todos os títulos condenada. Há tempos assim, em que o medo impede de pensar livremente, em que o receio leva a ceder à violência e em que o pavor obriga a curvar perante o terror. (...)"

sábado, 10 de abril de 2004

Tempos de inquietude

Há um sentido do acreditar que leva a lançar um olhar beato sobre a vida e o mundo, cuidando que as coisas se encaminharão finalmente num sentido positivo. Não sou especialmente sensível a esse modo de estar na vida. Acredito que o futuro é maior do que o nosso esforço, mas que não prescinde dele.
E por isso me inquieto com o que sou, o que vejo, o que oiço.
Vivi os dois últimos meses em Espanha, perto das inquietações e das perguntas que, como um enorme cogumelo depois da explosão, os atentados do 11 de Março levantaram.
Li e ouvi bastante. Quase não vi televisão. Falei com muita gente. Inquietei-me com os termos de referência de uma parte dos debates. Senti a falta de instrumentos e de conceitos para pensar o que se passa no mundo, intuindo que algo de muito fundo está a emergir.
Sendo cada vez mais claro que as sociedades se têm de defender do terror, não menos claro é que não podem construir a sua casa sobre o medo e o retraimento. Muito menos sobre a guerra.
Mas o temor do Outro, o desinteresse e a ignorância pela sua história, pela sua situação são tão grandes como o nosso etnocentrismo. Os muros que, cegos, erguemos, esbarram com esse dado básico que é estarem do lado de cá aqueles que queremos deixar extra-muros. E estão do lado de cá porque precisamos deles. Isto é, precisamos deles e temos medo deles. Um paradoxo? A História está cheia de tais paradoxos.
Três princípios

"All forms of social communication (...) evidence three basic principles: the priority of truth -- we are never justified in recounting lies; the dignity of the individual -- our communication should enhance and not diminish our innate human dignity; the common good -- our communication should contribute to the good of the community and not harm it morally or in any other way."
John Foley, 28.3.2004

sexta-feira, 9 de abril de 2004

"Uma barbaridade que fere toda a lógica"

No Jornal de Notícias de hoje:

"(...)Entre o domingo de Ramos e o domingo de Páscoa, a cidade dos arcebispos liberta o esplendor contido da espiritualidade construída durante 40 dias, em que o Santíssimo Sacramento é exposto à adoração dos fiéis (lausperene).
Mas, porque o objectivo é alargar o âmbito das celebrações, a comissão encarregue pela organização promoveu concertos corais-sinfónicos em muitas igrejas da cidade, para além da Sé. (...)"

No Público:

O bispo de Viana do Castelo proibiu "a realização de concertos ou outros eventos culturais em templos religiosos da sua diocese, por considerar que esses espaços devem ser utilizados exclusivamente para o culto ou para actos com ele relacionados."

Comentário de António Gonçalves:
"Uma pedrada no charco, finalmente. Perante o silêncio que é imposto nos templos religiosos da diocese de Viana do Castelo - no que diz respeito à audição de obras musicais de carácter erudito - pelo respectivo bispo, um produtor de espectáculos do género, David Martins, não se conteve e afirmou aquilo que muitos mais sabiam, e sabem, e não ousavam, nem ousam, dizer: "Uma barbaridade que fere toda a lógica".

quinta-feira, 8 de abril de 2004

FAITH ONLINE

A new national survey by the Pew Internet & American Life Project finds that nearly two-thirds of online Americans use the Internet for faith-related reasons. The 64% of Internet users who perform spiritual and religious activities online represent nearly 82 million Americans. Those who use the Internet for religious or spiritual purposes are more likely to be women, white, middle aged, college educated, and relatively well-to-do. In addition, they are somewhat more active as Internet users than the rest of the Internet population."There has been much speculation about the impact of the Internet on religion, particularly as increasing numbers of Americans have been turning to sources other than their own traditions and clergy," said Prof. Stewart Hoover of the University of Colorado at Boulder, the lead author of the Pew Internet Project report. "The survey provides clear evidence that the majority of the online faithful are there for personal spiritual reasons, including seeking outside their own traditions," Hoover added, "but they are also deeply grounded in those traditions, and this Internet activity supplements their ties to traditional institutions, rather than moving them away from church." The survey found that two-thirds of those who attend religious services weekly use the Internet for personal religious or spiritual purposes.