sábado, 31 de maio de 2014

Evangelii Gaudium – Anunciar a luz em tempos de escuridão porque somos bem-aventurados

texto de Jorge Wemans
Texto de intervenção na paróquia de Santa Isabel (Lisboa), 12 de março de 2014; o autor deste texto desafiara os leitores do Religionline a comentar a exortação do Papa; o resultado foram vários textos publicados neste blogue, em Novembro e Dezembro de 2013, sob o título A Alegria de Ler Francisco)


(imagem reproduzida daqui)

Não sou perito em análise de documentos do Vaticano nem tenho qualquer outra competência específica para me debruçar sobre a exortação Evangelii Gaudium. Reajo a ela na minha qualidade de católico comum. Tal como qualquer outro. Embora, ao contrário de uns quantos, sentindo que estamos perante um documento de uma novidade inescapável. Um documento que nos exige definir com urgência e convicção as prioridades da nossa comunidade para os próximos anos.
Partilho estas minhas reflexões sem esquecer os muitos “comentários” já tornados públicos com aquele objetivo referido pelo Papa Francisco (nº 271): desenvolver interpretações que despojam a exortação da sua força interpeladora, do seu caráter claro e contundente!
Por nada deste mundo gostaria de fazer parte desse grupo, mas tenho algum receio de o integrar, mesmo não o querendo. E o problema não será meu, é, isso sim, da própria exortação. Ela é, sem dúvida nenhuma, um texto claríssimo e contundente, mas também profundamente interpelador e muitíssimo exigente. Não admira que, dentro e fora da Igreja, se tenham multiplicado os comentários tentando tornar velho o que ela tem de novo (e tem tanto!), ou nebuloso o que ela tem de límpido como água – na realidade, ninguém gosta de ser questionado nas suas autojustificações e de ser desassossegado do doce remanso em que todos tendemos a nos deixar adormecer. Espero com este comentário nada retirar à exortação no que ela tem de direto, contundente e de convite à mudança!

Inesgotável

A primeira caraterística da Evangelii Gaudium que quero salientar é a de ela ser inesgotável, assim como um imenso banquete que convida a que seja lida devagar e a ser meditada em cada um dos seus 288 pontos.
Talvez mais do que um banquete, possamos comparar a exortação a uma paisagem em que descobrimos sempre coisas novas de cada vez que a voltamos a contemplar, uma paisagem em que vislumbramos em diversos lugares os mesmos verdes, ou os mesmo tons de azul, os quais, embora repetindo-se não são repetitivos, pois em enquadramentos diferentes acabam por não ser exatamente os mesmos verdes ou os mesmos azuis.

Papa Francisco na Terra Santa e Ascensão: A glória de Deus é o homem vivo

Crónicas

No comentário aos textos da liturgia católica deste domingo, Vítor Gonçalves refere a viagem do Papa Francisco à Terra Santa, no início da semana. Com o título No céu e na terra, acrescenta depois, sobre o tema da ascensão de Jesus, festa litúrgica deste domingo:

Aquele “ensinai todas as nações” que Jesus confiou aos apóstolos, não é apenas um conteúdo intelectual: é uma vida renovada com Ele. Abraça todas as dimensões humanas, leva luz à escuridão e quebra as correntes que aprisionam. Bem dizia S. Ireneu: “A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus”!
(o texto integral pode ser lido aqui)

No DN de hoje, Anselmo Borges comenta exclusivamente a viagem do Papa à Jordânia, Palestina e Israel. O título da crónica é Francisco no Médio Oriente. "Conseguimos!":

E sucederam-se os encontros ecuménicos e inter-religiosos. Com o Patriarca ortodoxo Bartolomeu, assumiu a urgência da união de todos os cristãos, propondo "um novo modo" de exercer o primado papal, tendo talvez no horizonte a ideia de um primus inter pares (o primeiro entre iguais). Na Esplanada das Mesquitas, encontrou-se com o Grande Mufti, pedindo aos "amigos muçulmanos" um trabalho em conjunto pela justiça e pela paz. "Que ninguém instrumentalize o nome de Deus para a violência!" Depois do muro de Belém, rezou no Muro das Lamentações. E, num encontro com rabinos, um rabino proclamou: "Em Jerusalém, não deve existir mais ódio nem inimizade entre os irmãos."
(o texto integral pode ser lido aqui)





quarta-feira, 28 de maio de 2014

Deus, direitos humanos e celibato dos padres

Na sua crónica de domingo passado, no Público, frei Bento Domingues escreveu sobre o livro de Boaventura Sousa Santos, Deus Activista dos Direitos Humanos, que dá também título à crónica. E recorda, a propósito, a obra de Gustavo Gutiérrez, autor de Teologia da Libertação:

A partir daí, os olhos de Gustavo Gutiérrez saltaram do séc. XVI para o séc. XX. As lutas contra a violência da opressão económica, social, cultural e política precisam de uma teologia elaborada a partir do chão das comunidades cristãs de base. Os cristãos fazem a experiência de Deus na história concreta da opressão e libertação dos seres humanos. A ousadia de G. Gutiérrez provocou a proliferação das chamadas teologias contextuais, em todos os continentes.
(o texto completo pode ser lido aqui)

Sexta-feira, no Correio da Manhã, Fernando Calado Rodrigues escrevia sobre Padres Casados?:

O teólogo Vito Mancuso, num artigo publicado no jornal “La Repubblica”, defende que “chegou o momento de integrar as experiências dos dois milénios anteriores e de fazer com que aqueles padres que vivem histórias de amor clandestinas (que serão bem mais de 26...) possam ter a possibilidade de sair à luz do sol, continuando a servir as comunidades eclesiais às quais eles vincularam as suas vidas”. O exercício do ministério presbiteral sairá a ganhar com isso e, afirma Mancuso, “muitos milhares de padres que deixaram o ministério por amor a uma mulher poderiam voltar a dedicar a vida à missão presbiteral”.
(o texto completo pode ser lido aqui)

Sobre o mesmo tema do celibato eclesiástico, o Papa disse que “a porta” está aberta para debater o assunto, que não é um dogma de fé: “É uma regra da vida que eu aprecio muito e que penso ser uma dádiva à Igreja”, afirmou Francisco, durante a viagem de regresso de Telavive a Roma, depois dos seus três dias na Terra Santa. “A Igreja Católica tem padres casados. Católicos gregos, católicos coptas, há o rito oriental. Porque não se trata de um dogma mas de uma regra da vida.”
(mais informações para ler aqui)


sábado, 24 de maio de 2014

Eurico Dias Nogueira: frontal e polémico em três países e dois continentes

Obituário


(foto reproduzida daqui)

A sua vida ficou marcada pelo facto de ter sido bispo em dois continentes e três países – Moçambique, Angola, Portugal (mesmo se na época os dois primeiros eram colónias do último). D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo resignatário de Braga, que morreu terça-feira passada, era um homem frontal, polémico, afável, que construiu pontes com líderes islâmicos, mas alimentou também polémicas azedas com políticos portugueses – Francisco Sá Carneiro foi por ele atacado, por ter casado com Snu Abecassis, acabando o então bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, por criticar o colega de Braga.
Último bispo português vivo a ter participado ainda no Concílio Vaticano II – cuja memória ele fazia nesta entrevista, publicada há três anos –, Eurico Dias Nogueira nasceu em Dornelas do Zêzere (Pampilhosa da Serra, diocese de Coimbra), em 1923. Ordenado padre em Dezembro de 1945 foi, logo após a ordenação, para Roma, onde chegou a 31 de Dezembro, passando a residir no Colégio Pontifício Português.
Aí, conforme o próprio recordava em 2012, conheceu ainda o padre Joaquim Carreira, então reitor da instituição, que acolhera no colégio dezenas de refugiados fugidos dos nazis. D. Eurico recordava-se de ouvir as histórias dos refugiados (incluindo judeus) que tinham estado no colégio em 1943-44. Mas, durante os primeiros meses em Roma, o problema no colégio “foi a deficiente alimentação”, como contava num artigo escrito em 2000.

Regressado a Coimbra em 1948, foi nomeado em 1964 bispo de Vila Cabral (actual Lichinga), no extreme noroeste de Moçambique e foi já com esse título que participou na sessão conciliar. Em 1972, para resolver o impasse da sucessão do bispo da Beira (D. Sebastião Soares de Resende), aceitou ir para Sá da Bandeira (actual Lubango, Angola), tendo resignado à diocese em Fevereiro de 1977. Em Novembro seguinte, no entanto, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Braga, cargo que ainda desempenhou por duas décadas. Aqui pode ouvir-se também um perfil biográfico:



A chegada do novo bispo a Vila Cabral começou com um conflito com as autoridades. Como ele conta no livro Episódios da Minha Missão em África, o governador local mandou chamar o novo bispo, mal ele chegou à cidade. Mas D. Eurico negou deslocar-se ao gabinete do governador: “É aqui, nesta modesta habitação, que espero ter a honra de receber o senhor governador”, respondeu ele ao emissário.

Eleições para o Parlamento Europeu: Bispos europeus avisam para situação trágica na União Europeia


(ilustração reproduzida daqui)

Os candidatos a deputados europeus que, na maior parte dos países da União Europeia, vão a votos neste domingo (no Reino Unido e Holanda as eleições decorreram quinta-feira), devem estar “cientes dos danos colaterais da crise económica e bancária iniciada em 2008”, que se manifestam no facto de o “número dos ‘novos pobres’” estar a crescer “a um ritmo alarmante”, a par da “frustração das perspectivas de futuro de muitos (...) jovens”.
A afirmação é da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (Comece), numa nota sobre as eleições para o Parlamento Europeu. No documento, os bispos acrescentam, ainda sobre os efeitos da actual crise, que “a situação é dramática, para muitos até mesmo trágica”.
Na nota, os bispos apelam ao voto, avisam que  há “demasiado a perder se o projeto europeu descarrilar”, que o tratamento dos migrantes que buscam a UE para trabalhar deve ser mais “humano” e que é necessário um compromisso “com uma abordagem mais ecológica”. Ao mesmo tempo, recordam que a solidariedade é um “pilar da União”.
Uma notícia mais desenvolvida sobre este documento pode ser lida aqui.

Sobre a crise actual e as suas causas, bem como a inevitável consequência de destruição do projecto europeu, se o caminho político não for alterado, vale a pena ainda ler uma entrevista do ex-conselheiro económico do presidente da Comissão Europeia, Philippe Legrain.
A propósito do seu novo livro European Spring: Why our Economies and Politics are in a mess, Legrain diz que a crise resultou de se ter colocado os interesses dos bancos à frente do bem-estar das pessoas: “Na primeira fase da crise, já foi suficientemente mau que os contribuintes tenham tido de salvar os bancos dos seus próprios países. Mas quando o problema alastrou a toda a UE, o que aconteceu foi que a zona euro passou a ser gerida em função do interesse dos bancos do centro – ou seja, França e Alemanha – em vez de ser gerida no interesse dos cidadãos no seu conjunto. O que é profundamente injusto e insustentável.”

Violência doméstica – a estupefacção provocada por um estudo (e o famoso bispo do Porto)

No seu comentário aos textos da liturgia católica deste domingo, 25 de Maio, Vítor Gonçalves escreve sobre O Espírito da verdade. Na crónica, o autor recorda um poema de D. Hélder Câmara (que morreu há 15 anos) e termina a referir a sua estupefacção com os dados de um estudo sobre violência doméstica, onde se reflecte sobre o modo como as mulheres católicas vítimas de violência encaram a sua realidade. Uma reflexão pertinente, que pode ser lida na íntegra aqui.


Na crónica do DN de hoje, Anselmo Borges dedica o texto à memória de D. António Ferreira Gomes, o antigo bispo do Porto. Sob o título Ah, o famoso bispo do Porto!, escreve, a propósito do livro Cartas ao Papa:

Ousou entrar em questões melindrosas. Exemplos: dever-se-á reflectir sobre a confissão auricular – “Santo Agostinho nunca se confessou” – bem como repensar o processo de canonização dos santos; a reforma urgente da Cúria “será baldada se não incluir o desaparecimento da função cardinalícia”; o que se passou no caso do novo Estatuto do Opus Dei foi “um dos factos mais graves da História da Igreja” e dos mais infelizes.
O texto pode ser lido aqui na íntegra.


sexta-feira, 23 de maio de 2014

Patriarca de Jerusalém, Fouad Twal: Nunca haverá paz na Terra Santa só para um povo, sem o outro


O patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, em Fátima, 
durante a entrevista (foto Ecclesia)

Espera que os discursos do Papa durante os seus três dias de visita à Terra Santa “toquem a cabeça e o coração dos líderes políticos para que tenham a coragem de mudar, para que haja mais paz” na região. “Nunca haverá paz na Terra Santa só para um povo sem o outro”, diz o patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, que a 13 de Maio presidiu à peregrinação do santuário de Fátima. Nesta entrevista que me deu para a Vida Nueva, em conjunto com a Ecclesia (Octávio Carmo) e a SIC (Joaquim Franco), Fouad Twal antecipa a tripla dimensão ecuménica, inter-religiosa e política da visita do Papa Francisco, que estará na Jordânia, Palestina e Israel de sábado a segunda-feira.

P. – Que expectativas tem para a visita do Papa Francisco?
Fouad Twal – A situação é muito complicada na Terra Santa. Esperamos que as pessoas não se contentem com a manifestação e o espetáculo da chegada do Papa, mas que tenham tempo de estudar profundamente os discursos do Santo Padre, que devem ser uma mensagem para os líderes políticos, para os crentes – crentes cristãos, muçulmanos e judeus.
Ali há uma verdadeira guerra mundial, o Papa tem uma mensagem mundial. Esperamos que esses discursos sejam um programa de vida, uma mensagem a seguir no futuro. Estou certo de que ele não vai mudar a situação imediatamente, mas espero e rezo para que ele mude ao menos o coração dos homens, que ele toque o coração dos homens. Tocar o coração dos homens é falar da conversão. Estamos em Jerusalém, e quando falamos de conversão estamos em Fátima de novo. É essa unidade de mensagem da Virgem que nos une mais do que nunca.
A entrevista pode continuar a ser lida aqui.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cristo(s): Bual e a Transcendência


Artur Bual, Pietá

“Cristo é talvez um homem transfigurado, pinto-o no sentido de ter sido, quanto a mim, um dos grandes poetas... alguém que deu e ainda dá!” 
Artur Bual


Decorre na Amadora, até 8 de Junho, a exposição Bual revisitado: retrospetiva, onde podem ver-se dezenas de obras de Artur Bual num circuito pelas várias temáticas que marcaram a sua carreira. Falecido em 1999, Bual é conhecido também por obras de inspiração religiosa, sobretudo as “cabeças” de Cristo, crucificações e representações da Última Ceia. Em número de obras, é uma das maiores mostras de Bual.
Em 2005, a Igreja Matriz da Amadora acolheu a mais importante exposição de temática religiosa de Artur Bual, numa iniciativa cultural que foi considerada das mais relevantes no âmbito do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, organizado em Lisboa. Alguns dos quadros aí expostos – como o “Primeiro Poeta”, uma das mais emblemáticas crucificações pintadas por Bual – podem agora ser vistos na Galeria Municipal, que tem o nome do pintor, situada na Casa Aprígio Gomes, à entrada da cidade da Amadora. 
Para esta exposição, foi editado um catálogo de 100 páginas, no qual vários especialistas e amigos fazem uma releitura da vida, obra e inspiração de Bual. RELIGIONLINE disponibiliza aqui o capítulo dedicado à dimensão religiosa na obra do pintor gestualista português, da autoria de Joaquim Franco. 


O crítico de arte Egídio Álvaro define o gesto – na pintura gestual – como “o sinal das forças interiores que se afrontam para engendrar qualquer coisa que fala à nossa consciência profunda” (1). Não é uma arte fácil. Nenhuma inovação, sobretudo artística, tem acolhimento unânime. Durante décadas, o gestualismo sofreu pela falta de enquadramento estilístico. Fugia dos padrões artísticos vigentes.
Não ousamos aqui uma definição ou redefinição de beleza que os clássicos introduziram na complexidade e profundidade da filosofia. A beleza não é só estética, é também ideal. E é neste caminho que podemos arriscar uma reflexão sobre a impressiva inspiração bíblica na obra de Artur Bual. A beleza torna-se “mais percetível através da transfiguração que a arte consegue realizar com os seus recursos expressivos” (2), lembra o biblista e exegeta Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura. 
O gestualismo de Bual “nunca atinge o abstracionismo do gesto levado ao extremo”, constata Manuel Cargaleiro, “tem sempre uma relação com o figurativo” (…) fazendo “uma relação de síntese entre o gesto livre e a estrutura do figurativo” (3). Não se trata de um artista que segue os padrões convencionais do crente praticante cristão ou católico, longe disso. Não podendo dissociar-se a obra das vivências em ambiente social e culturalmente católico, Bual é uma «provocação» da cultura à própria religião.
A figuração e a abstração alternam-se e confundem-se na obra de Artur Bual, que pode sintetizar-se em duas frentes temáticas: a profana – «tourada», «cavalos», «meninas», «paisagens», «retratos» e «abstratos»… – e a religiosa, mais delimitada – «ceia», «crucificação», «cabeças» de Cristo e decoração de capelas sob encomenda –, conjugando o abstracionismo com a técnica retratista. Os amigos relatam que em ambiente de confraternização Bual desenhava «rostos» de Cristo inspirados em pessoas concretas. “Amigo é aquele que tem o direito de incomodar o amigo”, dizia Artur Bual. As relações fortes de amizade e cumplicidade devem também são um fator determinante na obra e inspiração do artista. O(s) Cristo(s) é (serão), entre todos, os mais expressivos dos «retratos» de Bual. Temperamental, o pintor rompe as convenções colocando nas «cabeças» de Cristo e nas «Crucificações» uma angustiante perceção da existência humana, como quem exprime uma busca de sentido e de sentimentos a partir de uma experiência de sofrimento que é, ao mesmo tempo, o eterno combate entre a dúvida e a certeza do devir.

Padres "trepadores" e Deus activista

No Correio da Manhã, Fernando Calado Rodrigues escrevia sexta-feira sobre Padres “trepadores”:

Seria bom que as montanhas ganhassem novos alpinistas e que a Igreja se libertasse desses “trepadores” que procuram o poder pelo poder. E seria bom, também, que os fiéis deixassem de olhar para os sacerdotes como meros funcionários do sagrado, a quem se recorre para determinados serviços, e encontrassem neles os guias espirituais de que necessitam.
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)


No Público de domingo, frei Bento Domingues escreveu no domingo sobre Deus activista dos Direitos Humanos:

1. Roubei este título a uma obra de Boaventura de Sousa Santos – Se Deus fosse um activista dos Direitos Humanos – (Almedina, 2013). Como, porém, Deus é a palavra dos usos mais sublimes e mais perversos, antes de me deter nessa obra notável, respondo à minha pergunta, ao modo dos escolásticos, dizendo: distingo!
Importa, com efeito, saber de que Deus se trata nessa interrogação. Se for aquele que me apresentaram quando comecei a ir à Missa, à catequese, aos sermões que ameaçavam os “pecadores” com o inferno, esse Deus que mandava os padres insistir nos pecados - o original e o actual, o venial e o mortal, além do pior de todos, o sacrilégio – nada tinha a ver com um activista dos direitos humanos. Antes pelo contrário.
O Deus da teologia nacionalista de Israel - presente em muitas passagens da Bíblia - que incita à guerra a e ao extermínio dos inimigos - porque eterno é o seu amor! – também não é propriamente  um bom defensor dos direitos humanos.

domingo, 18 de maio de 2014

Caminhos e mapas, Fátima e a crise

Crónicas

Na sua crónica À procura da Palavra, comentando os textos bíblicos da liturgia católica deste domingo, Vítor Gonçalves escreve, sob o título Caminhos e mapas, na Voz da Verdade:

Na despedida Jesus anima os discípulos. Insiste em que se libertem do medo. E apresenta-se como caminho. Caminho porque caminhante, a pedir ousadia para descobrirmos, para “darmos corda aos sapatos”, e não ficarmos a ver a vida a passar. Ele é o caminho que fazemos por dentro, nos muitos caminhos que fazemos por fora. Tantos quantas as pessoas, mais retos ou mais curvos, mais escarpados ou mais suaves, nenhum caminho se faz sem nós. Apresenta-se como verdade. Verdade que se oferece como a beleza das flores dos jacarandás, e os azuis e verdes do mar. Verdade humilde que se partilha e não envaidece nem condena. E diz também que é a vida. Mais forte que todas as mortes, sempre a criar e a recriar, oferecendo-se em totalidade. 
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)





Procissão das velas em Fátima, na noite de 12 de Maio de 2014

No DN de sábado, Anselmo Borges regressava ao acontecimento de 13 de Maio para falar de Fátima e a crise:

Há ligação entre a crise e as peregrinações a Fátima? Não me custa admiti-lo. Mas, seguindo o Evangelho, isso não pode acontecer no sentido das promessas e do sacrifício pelo sacrifício, mas do que realmente deve ser: o sacrifício da conversão para uma nova mentalidade, um pensamento novo e um coração novo. Em Portugal, ainda há 80% que se confessam católicos. Se todos se convertessem, também no Parlamento, no Governo, nos Tribunais, na Banca, na Igreja, isso havia de ter consequências. E teríamos uma sociedade mais reflexiva, mais justa, mais solidária, mais empenhada no trabalho, menos corrupta, mais confiante.
(o texto pode ser lido aqui na íntegra)