"Pray-as-you-go"
Joaquim Fidalgo
Na sua coluna semanal "Crer para Ver", no Público (acesso para assinantes), escreve hoje o autor:
"A aplicação pode ser moderna, mas o princípio é antigo: se Moisés não vai à montanha, vai a montanha a Moisés... Dito de outro modo: se quem reza não vai à casa da oração, pois vai a oração à casa de quem reza. E quem diz à casa, diz aos bocadinhos de "casa" que cada vez mais levamos connosco para qualquer lado, assim a modos de caracol.
A coisa chama-se "pray-as-you-go". Para consultar na Net, basta acrescentar o ".com" da praxe e já está. É um sítio onde ir buscar downloads, ou peças para, mais portuguesmente falando, descarregarmos nos nossos computadores e afins. E afins, sim, que aqui trata-se de descarregar para os aparelhinhos portáteis de Mp3, aqueles minileitores de pôr à cinta, com dois minúsculos auscultadores de meter no ouvido. Sabem decerto do que falo: quem tem tem; quem não tem tem-se fartado de ver por aí tanto quem já tem.
Mas não se trata de descarregar músicas; trata-se de descarregar orações. Daí o nome, "pray-as-you-go". É do mais fácil que há. Vai-se ao sítio, clica-se no dia da semana e descarrega-se. Sim, que há orações diferentes para cada um dos dias da semana, para variar. E, sendo no essencial orações, não são só orações: é um pacote completo, com a duração aproximada de dez minutos ("Nunca mais de 12 minutos", prometem os promotores), composto de som de sinos a abrir ("chamada à oração"), depois uma musiquinha de abertura para criar o ambiente, a seguir uma passagem das Escrituras, adiante algumas "questões para reflexão pessoal", depois a repetição da passagem das Escrituras para uma melhor apreciação, ainda uma "reflexão final" e, a fechar, um "Glória". Um pacote inteiro, dez a 12 minutos, para descarregar no leitor de Mp3 e ouvir / rezar no meio das músicas com que a gente se vai fazendo acompanhar nas lides diárias, na viagem para o trabalho, no passeio de ginástica ou lazer, no estudo, enfim, por aí, por onde e como se ande.
A produção é de uma entidade chamada "Jesuit Media Initiatives", que se afirma empenhada em nos ajudar a "perceber a presença de Deus nas nossas vidas", a "reflectir nas palavras de Deus", a "crescer na nossa relação com Deus". Se isso se pode fazer em qualquer lado e de tantos diferentes modos, por que não no meio dos sons preferidos do nosso leitor de Mp3, enquanto caminhamos por aí a caminho de algum sítio - ou de nenhum?
"Pray-as-you-go". Reza enquanto andas. Por um lado, não está mal visto: já chega de enfiarmos Deus num compartimento apartado da vida real, rezando quando é de rezar, mas não permitindo que a oração se misture com o que somos e fazemos no nosso quotidiano. Por outro lado, soa meio estranho ver Deus assim descarregado para o nosso leitor de Mp3, entre dois boleros, um adagio e um standard, e o valor da sua mensagem - que nos convida a parar, a parar mesmo - apreciado numa fila confusa de autocarro ou numa corrida musculada para perder gorduras. Não sei... Mas os jesuítas, esses, sabem bem da outra velha máxima: se não podes vencê-los (por exemplo, aos leitores de Mp3...), então junta-te a eles.
quarta-feira, 22 de março de 2006
quarta-feira, 15 de março de 2006
Em Leiria, neste fim de semana
Tendo como tema "Redescobrir a Cidadania ? contributos para a mudança", realizam-se em Leiria, neste fim de semana, as IX Jornadas de Universitários Católicos, promovidas pelo Movimento Católico de Estudantes (MCE) em parceria com o Serviço Nacional de Pastoral do Ensino Superior. O programa engloba diversos paineis que desdobram o debate por vasto leque de áreas nas quais se coloca o problema da redescoberta da cidadania.
Tendo como tema "Redescobrir a Cidadania ? contributos para a mudança", realizam-se em Leiria, neste fim de semana, as IX Jornadas de Universitários Católicos, promovidas pelo Movimento Católico de Estudantes (MCE) em parceria com o Serviço Nacional de Pastoral do Ensino Superior. O programa engloba diversos paineis que desdobram o debate por vasto leque de áreas nas quais se coloca o problema da redescoberta da cidadania.
domingo, 5 de março de 2006
Por causa da lei sobre imigração
Arcebispo dos EUA admite desobediência civil
O arcebispo de Los Angeles, Roger Mahony, deixou aberta a possibilidade de um apelo à desobediência civil relativamente a uma lei de imigração já apresentada na Câmara dos representantes dos EUA, que exige que as confissões religiosas façam depender a assistência aos imigrantes da apresentação de provas de que eles se encontram legalmente no país. A posição deste bispo americano foi já apoiada pelo diário The New York Times, num editorial publicado sexta-feira.
Calcula-se em perto de 11 milhões o número de imigrantes, grande parte deles vindos de países da América Latina.
O arcebispo Mahony pronunciou-se sobre o assunto na celebração de Arata-Feira de Cinzas, altura em que apresentou uma mensagem quaresmal centrada no problema da imigração.
"Diria aos sacerdotes, diáconos e membros da igreja que não iremos cumprir esta lei" - avisou Mahony, ao mesmo tempo que apelou a todos os católicos a que acolham os imigrantes.
Sublinha ainda o arcebispo, na sua mensagem de Qauresma:
"Our Lenten practices, whatever they may be, are much more than pious devotions. Whether our practice takes the form of 'giving up' dessert during Lent, redoubling our efforts at prayer, increasing our contribution to help those in need, fasting, or abstaining from meat, they are all to be understood as a Spirit-assisted effort to empty ourselves of all that would stand in the way of being filled to overflowing with the light and life and love of God. Do we really have room enough for God? So many of us live amid so much clutter, so much noise. We travel through life at breakneck speed. Lent is the time to empty ourselves not only of the seemingly never-ending stuff, sound and speed in our lives, but also of our pettiness, our prejudice, our anxiety, our fear. It is an opportunity to make room, not only for God, but for those who come our way. How open is our door to those who come to us? Is there room enough in our hearts and our homes for those in need?"
O dever moral de acolher os imigrantes não levanta problemas apenas nos Estados Unidos da América. Recentemente, elementos dos episcopados francês e belga insurgiram-se também contra declarações de autoridades dos respctivos países, que consideraram ser criminoso dar assistência a imigrantes ilegais.
Arcebispo dos EUA admite desobediência civil
O arcebispo de Los Angeles, Roger Mahony, deixou aberta a possibilidade de um apelo à desobediência civil relativamente a uma lei de imigração já apresentada na Câmara dos representantes dos EUA, que exige que as confissões religiosas façam depender a assistência aos imigrantes da apresentação de provas de que eles se encontram legalmente no país. A posição deste bispo americano foi já apoiada pelo diário The New York Times, num editorial publicado sexta-feira.
Calcula-se em perto de 11 milhões o número de imigrantes, grande parte deles vindos de países da América Latina.
O arcebispo Mahony pronunciou-se sobre o assunto na celebração de Arata-Feira de Cinzas, altura em que apresentou uma mensagem quaresmal centrada no problema da imigração.
"Diria aos sacerdotes, diáconos e membros da igreja que não iremos cumprir esta lei" - avisou Mahony, ao mesmo tempo que apelou a todos os católicos a que acolham os imigrantes.
Sublinha ainda o arcebispo, na sua mensagem de Qauresma:
"Our Lenten practices, whatever they may be, are much more than pious devotions. Whether our practice takes the form of 'giving up' dessert during Lent, redoubling our efforts at prayer, increasing our contribution to help those in need, fasting, or abstaining from meat, they are all to be understood as a Spirit-assisted effort to empty ourselves of all that would stand in the way of being filled to overflowing with the light and life and love of God. Do we really have room enough for God? So many of us live amid so much clutter, so much noise. We travel through life at breakneck speed. Lent is the time to empty ourselves not only of the seemingly never-ending stuff, sound and speed in our lives, but also of our pettiness, our prejudice, our anxiety, our fear. It is an opportunity to make room, not only for God, but for those who come our way. How open is our door to those who come to us? Is there room enough in our hearts and our homes for those in need?"
O dever moral de acolher os imigrantes não levanta problemas apenas nos Estados Unidos da América. Recentemente, elementos dos episcopados francês e belga insurgiram-se também contra declarações de autoridades dos respctivos países, que consideraram ser criminoso dar assistência a imigrantes ilegais.
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