segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Anselmo e as religiões; Bento e o dinheiro

"Sem diálogo entre as religiões, não haverá paz entre as nações. Para dialogar, é preciso conhecer", diz Anselmo Borges no artigo do DN do sábado passado, aqui.

Bento Domingues fala de Deus e o dinheiro. "A sacralização do dinheiro e do seu império é uma idolatria. Faz dele o absoluto critério de tudo. É preciso sacrificar-lhe tudo e todos os valores. O rico nunca pensa que é suficientemente rico e o pobre ou remediado o que deseja é ser rico. A publicidade incendeia a insatisfação, o desejo, para nos tornar infelizes se não tivermos tudo, e já, que ela nos propõe. (…) Não há rivalidade entre Deus e a riqueza. Há rivalidade entre a Plenitude da Vida e a distorção do desejo que se deixa possuir pelo fascínio do dinheiro e de tudo o que ele exige e permite". Clique no recorte para ler tudo.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

«Centinela, qué hay de la noche?»





















Sólo una cinta en flor guarda el entorno
de la garita, libres los ejidos.
Tarda la lluvia, pero en el bochorno
ya estalla nuestra sed de redimidos.

Para que Dios se vea Dios ahora,
hay que ir haciendo el Reino, a contramano
de cualquier otro reino; y es la hora
de que este mundo lobo sea humano.

¿Qué fue del latifundio, centinela?
¿Qué hay de la esperanza, compañeros?
La noche de los pobres está en vela

y el Dueño de la tierra ha decretado
abrir todos los surcos y graneros
porque el eón del lucro ya ha pasado.

D. Pedro Casaldaliga

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Bento no pátio com ateus; Anselmo às voltas com a linguagem

No Público de hoje. Aqui o texto do Religionline referido por Bento Domingues.



Texto de Anselmo Borges no DN de ontem:


A palavra cura. Uma vez, apareceu-me um homem com imensos problemas e apenas me pediu que o ouvisse, sem interrupção. Falou mais de hora e meia e, no fim, agradeceu-me muito: tinha posto alguma ordem na sua vida. Com algumas palavras, podemos abrir futuro a uma pessoa. Com algumas palavras, podemos destruí-la para sempre: "és um burro, nunca farás nada na vida!"


Ler tudo aqui.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Bento evoca pessoas; Anselmo evoca deveres

Textos de Bento Domingues no "Público" de 13 de Fevereiro  (em cima) e de Anselmo Borges no "Diário de Notícias" do dia 12 (em baixo).
Ainda no início do novo ano, fica aí uma síntese da célebre "Declaração universal dos deveres humanos". Para superar a crise e para que a esperança não seja mera ilusão, wishfull thinking, precisamos todos de ser fiéis às nossas responsabilidades e cumprir os nossos deveres. Ler tudo aqui.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Augusta Martinho: uma história de aquém-túmulo

Há muitos idosos que vivem sozinhos, mas estão acompanhados. Há muitos idosos que vivem acompanhados, mas estão sozinhos. Há cada vez mais idosos que vivem sozinhos, mas estão abandonados. De pouca serventia são. Funcionam mal ou disfuncionam. Desequilibram as contas públicas. Gastam muito do que é de todos. Habitantes de outro planeta, já cá não deviam estar. Há, de facto, pessoas, que "são como lugares mal situados" (Daniel Faria). Só o fisco mesmo se interessa por eles.
Augusta Martinho fez-se mensagem que demorou nove anos a chegar ao destino. Dilacerante história de aquém-túmulo: devolve-nos o nosso retrato.

O caso:

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Manifesto de teólogos católicos alemães
"Igreja 2011: uma renovação indispensável"

Segundo o site da revista Témoignage Chrétien, são já cerca de metade dos 400 professores católicos alemães de Teologia aqueles que subscreveram o manifesto "Kirche 2011, Ein notwendiger Aufbruch"("Igreja 2011: uma renovação indispensável"), publicado na passada quinta-feira no diário alemão Süddeutsche Zeitung.
Ao contrário do que alguns meios de comunicação noticiaram, o documento não se limita a propor mudanças na disciplina da Igreja Católica relativamente ao celibato dos padres, à ordenção de mulheres ou à aceitação de casamentos de pessoas do mesmo sexo. Aborda igualmente a crise da vida das paróquias, com a falta de clero e o estabelecimento de unidades 'administrativas' cada vez mais amplas; a necessidade de estrturas participativas na vida da comunidade eclesial, e, ainda, a liberdade de consciência, a reconciliação e o culto.
O parágrafo inicial dá o tom:
Faz agora um ano que os casos de abuso sexual de crianças e adolescentes por padres e religiosos no Colégio Canisius, em Berlim, foram tornados públicos. O ano que se seguiu lançou a Igreja da Alemanha numa crise sem precedentes. A imagem hoje dada a ver é ambivalente: muito tem sido feito para levar justiça às vítimas, reavaliar o mal que foi feito e voltar às causas que levaram ao silêncio, aos abusos e ao discurso duplo nas nossas próprias fileiras. Depois de um primeiro movimento de terror, a ideia impôs-se a muitos cristãos e líderes cristãos, ordenados ou não, quanto à necessidade de reformas fundamentais. Este convite para um diálogo aberto sobre as estruturas de poder e de comunicação, sobre a forma dos ministérios e a participação dos fiéis na responsabilidade eclesial, assim como sobre a moral e a sexualidade, gerou expectativas, mas também uma preocupação. Será que, numa espécie de esperar para ver e para minimizar a crise, se vai deixar passar aquela que é talvez a última oportunidade para romper com a paralisia e a resignação? O tumulto que pode gerar um diálogo aberto, sem tabus, pode preocupar alguns, especialmente a escassos meses de uma visita papal. Mas a alternativa, o silêncio sepulcral que resultaria de uma aniquilação de todas as esperanças, não é aceitável.
Como seria de esperar, esta tomada de posição suscitou (e certamente vai continuar a suscitar) reacções e comentários de sentido contraditório. No site La Bussola Quotidiana do italiano de Il Giornale, Andrea Tornielli, em "La protesta dei 143 teologi e la fede nell'Occidente secolarizzato" [número inicial de subscritores], pergunta se é em torno da disciplina do celibato ou da ordenação de mulheres que se centram hoje os problemas da Igreja Católica. Um outro jornalista, Vittorio Messori, interroga, no mesmo local, [Che noia le ideologie clericali] os professores de Teologia sobre se as matérias relativamente ás quais é proposta uma mudança de práticas não estão devidamente clarificadas, com os debates e a doutrina definidos desde os anos 60 até hoje.
Mas a Conferência dos Bispos da Alemanha mostra-se, aparentemente, menos contundente no desacordo e mais acolhedora dos argumentos e dos contributos dos subscritores do manifesto, segundo se pode concluir da comparação entre uma curta nota da agência Zenit e um trabalho publicado no Periodista Digital.
A escassos meses de uma nova visita de Bento XVI ao seu país natal - ele que também subscreveu, quando padre e teólogo jovem, um manifesto com alguns pontos comuns a este - as propostas dos teólogos não deixarão de animar os debates. Que não são certamente questões exclusivas da Igreja alemã.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Daniel Sampaio: "Eu não me abstenho"

Na sua coluna de ontem, na Pública, e sob o título Eu não me abstenho, o psiquiatra Daniel Sampaio dá alguns exemplos de como a democracia não se faz sem nós e sem a nossa participação. Eis um trecho:
" (...) Comecemos em casa. Em cada família, importa ver como comunicamos. Temos capacidade de nos escutar com respeito mútuo? Aceitamos as diferenças de opinião, mas temos possibilidade de lutar pelas nossas ideias? Uma família não é uma democracia em que cada pessoa vale um voto, porque a opinião parental deverá prevalecer sempre, mas existe a possibilidade de cada um, em qualquer idade, poder exprimir o seu ponto de vista? Tomada uma decisão, saberemos respeitá-la?
E na escola, existem mecanismos que permitam auscultar a opinião de alunos, professores, pais e auxiliares, ou temos um director que tudo decide sem ouvir ninguém? Na sala de aula, o professor fala sem parar durante 90 minutos, ou pára a olhar em volta e solicita a opinião de um aluno alheado? Manda para a rua um estudante indisciplinado, ou fomenta o trabalho de grupo capaz de mobilizar os mais distraídos? Perante a violência no pátio, corre a chamar o polícia da escola segura, ou tenta falar com os jovens que a tudo assistem sem nada fazer? Faz de conta, ou tenta criar uma comissão que defina uma estratégia anti-bullying? Preocupa-se em difundir a ideia de que a definição de comportamento correcto passa pelo bem-estar dos que nos rodeiam, ou limita-se a gritar regras em aulas de Formação Cívica?
Para consolidar a democracia e fomentar desde cedo a participação, pais e professores têm de salientarjavascript:void(0) a importância dos valores essenciais: o respeito pela vida e pela opinião dos outros, a verdade, a honestidade e o cuidado com as pessoas perto de nós.
É na defesa do sentimento do outro e na crença de que temos de escolher os melhores para nos representarem que reside, desde a infância e em democracia, o combate à abstenção".

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um presidente que diz das razões da sua fé

A propósito da coluna deste sábado de José Pacheco Pereira no Público, no qual tece considerações sobre a tradição anual norte-americana do "National Prayer Breakfast", fica aqui o link para o discurso (vídeo e transcrição) que nessa ocasião proferiu o Presidente Barack Obama.

Bento e Anselmo: Semana Mundial da Harmonia Inter-Religiosa

Textos de Bento Domingues no "Público" de 6 de Fevereiro de 2011 (em cima) e de Anselmo Borges no DN de 5 de Fevereiro (em baixo).


É a primeira vez que se celebra, de 1 a 7 de Fevereiro, a Semana Mundial da Harmonia Inter-Religiosa, na sequência de uma Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, tomada por unanimidade no dia 20 de Outubro de 2010 e proclamando precisamente a primeira semana de Fevereiro de cada ano a "World Interfaith Harmony Week" (Semana Mundial da Harmonia Inter-Religiosa), semana da harmonia entre todas as religiões, fés e crenças. A sua adopção seguiu-se a uma proposta do rei Abdullah II da Jordânia, no dia 23 de Setembro de 2010. Ler tudo aqui.
 

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Bento fala da bem-aventurada desconstrução e Anselmo da tolerância inter-religiosa

Bento Domingues no "Público" de 30 de Janeiro (em cima) e Anselmo Borges no DN de 29 de Janeiro (em baixo).


Na noite de 31 de Dezembro passado, a explosão de uma bomba diante de uma igreja cristã copta, em Alexandria, à saída da celebração do Ano Novo, causou 23 mortos e 79 feridos. Um grupo ligado à Al-Qaeda no Iraque, responsável pelo ataque sangrento da catedral de Bagdad em Outubro, já tinha apontado os coptas como alvo. Independentemente de quaisquer considerações ideológicas, políticas ou religiosas, é legítimo perguntar-se pelas consequências do incêndio que alastraria pelo mundo inteiro, se algo de semelhante acontecesse, diante de uma mesquita, no Ocidente. Ler mais aqui.