"Sempre o mesmo e os mesmos"
Num blogue relativamente recente, EcleSALia,, este texto de Jon Sobrino "Las víctimas de octubre", sobre as vítimas do furacão em El Salvador:
" En El Salvador siempre hay mártires que recordar. Ahora nos acercamos a los de la UCA en noviembre, a las cuatro religiosas norteamericanas en diciembre y a los innumerables mártires de siempre. Pero este mes de octubre ha traído otras víctimas, producto de la naturaleza -tormenta y erupción de un volcán- y de la iniquidad de los humanos. En San Marcos toda una familia, papás y tres niños, murió soterrada. El comentario que se oyó fue lacónico y certero: ?No los ha matado la naturaleza, sino la pobreza?.
Sobre estas víctimas y sus responsables, sobre lo que nos exigen y también sobre lo que nos ofrecen -si nos abrimos al misterio de la vida- queremos hacer unas breves reflexiones.
1. ?Siempre lo mismo y los mismos?. El pueblo crucificado. Las escenas de sufrimiento y crueldad son sobrecogedoras, y la magnitud es escalofriante. Los muertos son más de 70, los damnificados, de una u otra forma, pasan de 70,000, y los daños materiales pueden ser lo equivalente a tres o cuatro veces el presupuesto nacional. La catástrofe se extiende a México y Nicaragua, y sobre todo a Guatemala. El poblado de Panabaj ha sido declarado camposanto: unas 3,000 personas murieron soterradas. ?Una aldea maya yace bajo 12 metros de lodo?, decía la noticia. Al escribir estas líneas ha ocurrido el terremoto en Cachemira: 30,000 víctimas y dos millones y medio de damnificados.(...)".
Continuar a ler AQUI.
quinta-feira, 13 de outubro de 2005
terça-feira, 11 de outubro de 2005
Os pobres
Da coluna "Palavras", de Manuel António Pina, no JN de hoje:
"No meu tempo de menino tínhamos pena dos pobres. Eles cabiam naquele lugarzinho menor, carentes de tudo, mas sem perder humanidade. Os meus filhos, hoje, têm medo dos pobres. A pobreza converteu-se num lugar monstruoso. Queremos que os pobres fiquem longe, fronteirados no seu território." A passagem é de um conto de Mia Couto e ocorreu-me quando Rui Rio, durante a recente campanha autárquica, foi insultado e ameaçado nos bairros camarários por onde andou.
Sempre me intrigou o motivo por que os cães ladram aos pobres (curiosamente também ladram às fardas, o que, convenhamos, complexiza o problema). É o que nós temos vindo a fazer à pobreza, ladrar-lhe, empurrando-a progressivamente para periferias onde não a possamos ver ou encerrando-a em "bairros sociais" e em guetos étnicos de cuja existência só nos apercebemos pelos casos de polícia dos jornais ou pelos "safaris" eleitorais dos políticos de quatro em quatro anos. Porque a pobreza mete-nos medo. E, para nos protegermos dela, reclamamos mais polícias nas "nossas" ruas, mais câmaras de vídeo, mais muros e fechamo-nos em casa atrás de portas chapeadas a aço e de alarmes. E, no entanto, alimentamo-nos da pobreza, é o seu sangue que move os nossos carros topo de gama e as nossas fábricas e é à sua sombra que florescem os nossos paraísos de consumo.
Por isso, fechar os olhos não adianta. O desemprego, a toxicodependência, a exclusão, a humilhação continuam lá, e, como Rui Rio descobriu da pior maneira, dispostos a pedir-nos contas".
Da coluna "Palavras", de Manuel António Pina, no JN de hoje:
"No meu tempo de menino tínhamos pena dos pobres. Eles cabiam naquele lugarzinho menor, carentes de tudo, mas sem perder humanidade. Os meus filhos, hoje, têm medo dos pobres. A pobreza converteu-se num lugar monstruoso. Queremos que os pobres fiquem longe, fronteirados no seu território." A passagem é de um conto de Mia Couto e ocorreu-me quando Rui Rio, durante a recente campanha autárquica, foi insultado e ameaçado nos bairros camarários por onde andou.
Sempre me intrigou o motivo por que os cães ladram aos pobres (curiosamente também ladram às fardas, o que, convenhamos, complexiza o problema). É o que nós temos vindo a fazer à pobreza, ladrar-lhe, empurrando-a progressivamente para periferias onde não a possamos ver ou encerrando-a em "bairros sociais" e em guetos étnicos de cuja existência só nos apercebemos pelos casos de polícia dos jornais ou pelos "safaris" eleitorais dos políticos de quatro em quatro anos. Porque a pobreza mete-nos medo. E, para nos protegermos dela, reclamamos mais polícias nas "nossas" ruas, mais câmaras de vídeo, mais muros e fechamo-nos em casa atrás de portas chapeadas a aço e de alarmes. E, no entanto, alimentamo-nos da pobreza, é o seu sangue que move os nossos carros topo de gama e as nossas fábricas e é à sua sombra que florescem os nossos paraísos de consumo.
Por isso, fechar os olhos não adianta. O desemprego, a toxicodependência, a exclusão, a humilhação continuam lá, e, como Rui Rio descobriu da pior maneira, dispostos a pedir-nos contas".
Subscrever:
Mensagens (Atom)