Destino de uma quarentena de procura(s) na dinâmica do calendário religioso, a Páscoa enche o país esquecido de nova vida. O cíclico reencontro familiar é um inequívoco contributo do pulsar religioso.
Nas aldeias e vilas. Com a viagem que estava por fazer. Ou o ritual de uma procissão que se vai apagando nas curtas memórias da ruralidade. Mas também nos areais que voltam a ser procurados. Nas derradeiras neves da montanha. No descanso de um fim de semana prolongado.
O eixo deste tempo liga o essencial disperso. Na natureza que se renova. No sol que volta a ser calor em espaço aberto. Nos dias que vencem as noites.
O tempo meteorológico incerto releva o tempo de renascer e reaproximar. Ousar, repensando os afectos.
Este “encontro” que o calendário religioso facilita pode também ser um reencontro de alteridade com o “outro” que construímos e, assim, somos. Questionando as imperfeições que fazem a nossa percepção. A ignorância que alimenta preconceitos, reforça muros e precipita conflitos. Não se esgotam as possibilidades de conhecimento e comunicação.
Na superficialidade dos modelos de compreensão e de pertença há sempre um “zoom” a fazer… por fora e por dentro.
Os textos bíblicos ouvidos por estes dias nas igrejas falam da fragilidade que é fortaleza, da morte que há-de ser Passagem – Pessah, Páscoa – para a Vida, num mistério interpretável à luz da fé. “Morrer” para fazer novas caminhadas.
A mensagem derruba as barreiras litúrgicas ou a clausura religiosa. Faz parte da contingência do “ser”.
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