domingo, 18 de outubro de 2009

No melhor Nobel cai a nódoa

José Saramago lê a Bíblia - e isso é uma boa notícia, porque a Bíblia é grande literatura, como sabe qualquer pessoa culta, mesmo quando não se é crente; e é um texto que acompanha a história da humanidade, através da poesia, da história, das parábolas.

José Saramago não sabe ler a Bíblia - e isso é uma péssima notícia, quando falamos de um prémio Nobel, que é suposto ser culto.

José Saramago tem boa memória - porque se lembra sempre da Inquisição e das Cruzadas, que todos sabemos que foram crimes.

José Saramago tem algumas falhas de memória - porque não se lembra das centenas de milhar de pessoas mortas por Estaline no gulag soviético.

Quando a leitura do mundo e da vida se fica por banalidades preconceituosas e ignorantes, só podemos lamentar...

10 comentários:

jcerca disse...

A exegese bíblica segundo S.Saramago.
Ler aqui:
http://mirante.aroucaonline.com

Anónimo disse...

António, está ecelente este teu post (eu não diria melhor), ab JF

Anónimo disse...

Não estou de acordo consigo. A bíblia (qual delas?) não é excelente leitura, mas sim um péssimo texto que num contexto cristão e católico tem sido usado para legitimizar a maldade e a superstição, condicionar as mentes e contribuir para o atraso português.
A Torah ainda está no seu texto original hebraico, mas aquilo a que os católicos chamam de bíblia é um texto mal traduzido, manipulado pelo claro católico e servido para controlar os crentes. Uma lástima!
Não pode haver exegese bíblica quando o texto cristão já nem é bíblico, mas uma manipulação duma tradução mal feita. Aquilo que era o texto original do Novo testamento foi destruido pelos cristãos cerca de 200 anos após a morte de Jesus.
Neste contexto é legítimo um escritor como Saramago por em causa todo um texto e a sua utilização pelo clero para controlar as ovelhas do seu rebanho. Sejamos gente novamente e não um rebanho.

António Marujo disse...

Parece que convém repetir: "Quando a leitura do mundo e da vida se fica por banalidades preconceituosas e ignorantes, só podemos lamentar..." É que este anónimo (é pena não se identificar gosto sempre de saber om quem falo insiste num conjunto de disparates, fruto da ignorância. Apenas algumas notas:
- sim, a Bíblia serviu para tudo; leu o Público desta 2ª feira? até serviu para um grupo de cristãos no Brasil criar uma rede de cadeias sem guardas; a Torah também já está traduzida e os Salmos, o livro do Génesis e todos os outros que a compõem são iguais aos das traduções cristãs; e onde é que leu que o Novo Testamento foi destruído ao fim de 200 anos depois da morte de Jesus? No "Código da Vinci", provavelmente, que é a bíblia de quem acha que uma (má) ficção é que nos traz a verdade última. Sabe? nessa altura nem havia o que hoje se chama Novo Testamento; havia cartas e textos chamados "evangelhos" que eram lidos por pequenos grupos em muitas cidades à volta do Mediterrâneo; e só mais tarde esses textos se foram juntando numa obra chamada Bíblia.
E, claro, Saramago tem toda a legitimidade para dizer o que quiser (embora haja quem tenha escrito que era bom era queimar a Bíblia de vez); aliás, se não fsse a Bíblia, onde ia Saramago buscar a inspiração para vários dos seus livros? Ainda bem que ele lê a Bíblia, portanto... (e já agora, há mais um post de um outro escritor, agnostico e italiano, que pode ler mais acima)

Clara Margaça disse...

Concordo, plenamente.
É lamentável, de facto.

Anónimo disse...

Todos tem direito a opinar sobre tudo e sobre todos !!!

Anónimo disse...

Se esta polémica levar a que a comunidade católica passe a ler mais os textos e a debatê-los melhor para a comunidade que é constituida mais por seguidores dogmáticos e que exibem muitas vezes com orgulho que não discutem a Bíblia nem a conhecem minimamente. Para saramago a publicidade eleva-lhe as vendas.. e é sempre uma pedrada no charco

Anónimo disse...

Liberdade de expressão é a liberdade para os outros dizerem não apenas o que consideramos gravemente falso, mas também o que consideramos inadmissível, ofensivo e indesejável.
Se começarmos a policiar o pensamento alheio, mostrando-nos muito ofendidos e dizendo que certas afirmações são intoleráveis, não estamos a explicar por que razão tais afirmações são falsas, estamos apenas a fugir do assunto, dizendo que é inadmissível promover a independência da mente.

Defender a liberdade de expressão não é afirmar a nossa concordância com o teor do que se diz, mas sim, permitir aos outros manifestar as suas ideias apesar de não concordarmos com o que todos eles dizem. O que não é correcto é censurar, ofender ou denegrir quem não veja as coisas como você vê, ou quem chegue a conclusões diferentes.

A autêntica liberdade do ser humano é permanecer “não contaminado” por superstições e crenças injustificadas que deformam a percepção da realidade.

Darius

Skysurfer disse...

Caro Darius, se analisa as coisas por essa perspectiva então é prisioneiro de um querer: permanecer “não contaminado” por superstições e crenças injustificadas que deformam a percepção da realidade.
Ivo

Anónimo disse...

Caro Ivo
Prefiro a liberdade, a autêntica.
A independência da mente.
Darius