domingo, 23 de março de 2014

Fr. Bento Domingues: mulheres, dívidas e dietas

Crónicas


(ilustração: Rembrandt, Cristo e a Samaritana, reproduzida daqui)

Na sua crónica de hoje no Público, intitulada A samaritana não se disfarçou de santa, frei Bento Domingues escreve, sobre o episódio narrado no Evangelho Segundo São João:

Vale a pena percorrer a espantosa narrativa do encontro de um “judeu marginal”, Jesus, com uma samaritana pouco recomendável, junto a um poço, no pico do calor. (...) Foi Jesus quem quebrou a animosidade inicial, mas a samaritana acaba por se esquecer do que foi fazer ao poço, sentindo-se perfeitamente compreendida por aquele judeu que desloca a religião do Templo de Jerusalém e do monte Garisim, para o culto do Pai, em espírito e verdade. Pressente que está a nascer nela uma fonte de eternidade, uma outra religião, um futuro novo.
Os discípulos de Jesus, meio escandalizados com o cenário não entendem, como de costume, o que se está a passar. Entretanto, a mulher partiu em missão: contou a sua experiência, não como protagonista, mas para levar os samaritanos a fazerem eles próprios o seu caminho. (...)
Porque teria Jesus, segundo as narrativas da Ressurreição, confiado a evangelização da própria Igreja às mulheres?
(texto completo aqui)

No domingo anterior, a crónica intitulava-se Conversão da Igreja ao serviço da transfiguração do mundo e nela se falava também do manifesto sobre a reestruturação da dívida portuguesa:

70 personalidades assinaram um manifesto sobre a reestruturação da dívida. A dívida é cada vez maior. Seja qual for a opinião acerca deste gesto, o que parece claro é que nunca iremos ter possibilidades de a pagar. Nestas crónicas antecipámos uma transfiguração quaresmal. O perdão das dívidas é um assunto bem conhecido do AT e NT. É melhor não os esquecer nesta Quaresma, que deve ser transfiguradora. A Alemanha não está arrependida de lhe terem perdoado uma dívida imensa. Desse perdão dependeu o seu milagre económico.
Os deputados, todos os deputados, não se esqueceram das suas condições de vida. Quando acordarem para a situação de vida da maioria dos seus eleitores, talvez descubram que muitos deles já morreram e outros imigraram.
(texto completo aqui)

Dia 9 de Março, na segunda crónica com o título O ser humano tem cura, frei Bento falava também da Quaresma:
A Quaresma não é um programa de dieta alimentar para vencer os desvarios do Carnaval. Este significa que, sem divertimento e prazer, fazemos do ser humano uma simples peça da cadeia de produção. O tempo de Quaresma é dedicado a descobrir quem somos: lembra-te que és pó e em pó te hás-de tornar. Uma tristeza! Os cristãos eram obrigados a voltar ao Antigo Testamento. A alternativa actual é muito melhor: arrependei-vos e acreditai no Evangelho da Alegria, acreditai que tendes cura. 
(texto completo aqui; o primeiro texto com este título pode ser lido aqui)


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