"...As religiões oficiais ganharam uma força que faz com que o seu estímulo seja precisamente uma demonstração das fraquezas humanas. Quem não tem qualquer outra esperança, refugia-se no ignoto, no desconhecido, no mistério. A religião, em parte, é uma tentativa de resposta para problemas cujos dados não conhecemos. As religiões são respostas antiquadas a certos problemas para os quais temos outro tipo de resposta. Não tenho nada contra a religião, desde que os religiosos me tolerem a mim. Agora não tenho religião nenhuma, mas fui católico, apostólico, romano até os 11 anos. Fui menino do coro e algumas pessoas da minha família insistiam para que fosse padre. Até aos 10 anos estive inclinado a sê-lo. Todo o ambiente da minha família era religioso. É curioso lembrar-me que o homem que mais contribuiu para o abalar das minhas convicções foi um padre. Ele próprio não acreditava. A curiosidade levou-me a deitar fora todos os preconceitos que limitam impositivamente a investigação. A pretexto das religiões tem-se falado agora muito do choque de civilizações. Não há choque nenhum de civilizações. Há choque de convicções...."
Óscar Lopes, militante do PCP, 85 anos
Expresso- Revista, 9.11.2002
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