A dignidade dos símbolos religiosos
"(...) A tentativa de promoção a herói nacional do tenente-coronel Maggiolo Gouveia revelou mais uma vez a falta de quaisquer escrúpulos que caracteriza Paulo Portas. No seu afã exibicionista, nada o detém - nem o respeito devido a uma pessoa morta e à sua família, nem o mínimo sentido da verdade histórica, nem a contenção necessária face a feridas por sarar, nem o relacionamento com as autoridades timorenses, nem as regras e a cultura da instituição militar, nem a dignidade dos valores e símbolos religiosos. Devo dizer que me irrita particularmente esta última dimensão. A exibição obscena, em cerimónias do Estado, de supostas poses de devoto e a manipulação descarada para fins políticos (desde os tempos em que a Senhora de Fátima interveio para afastar a mancha negra do "Prestige"...) da linguagem e do ritual católico fazem-me lembrar um dos aspectos mais sinistros do salazarismo. A Igreja Católica não terá nada a dizer? (...)"
Augusto Santos Silva, in Público, 30.08.2003
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