segunda-feira, 28 de maio de 2012

O mordomo do Papa e as fraquezas do Vaticano

Nem complô nem golpe de Estado: os últimos episódios da história plurissecular do Vaticano colocam simplesmente em evidência, na coincidência da demissão forçada do banqueiro do Papa e da prisão do seu mordomo, uma dupla fraqueza, escreve Frédéric Mounier, no La Croix, a propósito dos acontecimentos dos últimos dias.


No final da semana passada, soube-se que o mordomo do Papa foi detido, acusado de ter em sua posse documentos confidenciais. Esse facto sucedeu à publicaçãode um livro com vários documentos que traduzem pequenas questiúnculas e supostas guerras de poder no interior da estrutura do Vaticano. E acontece também na sequência da demissão forçada do presidente do banco do Vaticano, o Instituto das Obras da Religião. Mas tudo isto acontece também num contexto em que se pressentem pequenos jogos de antecipação da sucessão de um Papa que, supostamente, já não controla a máquina governativa da Igreja.

Vale a pena atentar nas duas fraquezas apontadas por Mounier no La Croix:

Antes de mais, uma fraqueza estrutural. Para lá das aparências enganosas do poder imperial do Vaticano, a realidade quotidiana do mais pequeno Estado do mundo é constituída por um pessoal pouco numeroso, raramente coordenado, trabalhando com frequência numa espantosa improvisação duplicada por pesos burocráticos.

Mas também uma fraqueza italiana. Estes jogos de poder permanentes, estes clãs, estes pequenos arranjos entre amigos ou entre famílias, de que o presidente do conselho Mario Monti quer fazer tábua rasa na península, são os mesmos que aprisionam em engodos a missão evangélica da Santa Sé.


Pode acrescentar-se ainda a fraqueza de qualquer instituição humana, onde vêm ao de cima os pequenos jogos de poder, as questiúnculas. Há vinte séculos, já Jesus perguntava: Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida?

O artigo de Mounier pode ser lido na íntegra aqui.

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