sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Inês Fontinha: legalizar a prostituição é legitimar a compra de uma mulher por um homem


Ilustração reproduzida da página du Nid francês, que se pode visitar aqui

Quem defende a legalização da prostituição, deveria defendê-la também para as suas próprias filhas, defende Inês Fontinha, socióloga e ex-responsável d’O Ninho, a instituição que acompanha mulheres vítimas da prostituição e que está a comemorar meio século de existência.
Em entrevista a Manuel Vilas Boas, na TSF, Inês Fontinha, por cujas mãos passaram oito mil mulheres, manifesta-se radicalmente contra a legalização, que estará em debate no Parlamento. “Na prostituição, a sexualidade é vivida na mais profunda desigualdade”, afirma, e o que está em causa é o papel do cliente, que é “sempre um homem”. Por isso, entende que “não podemos legalizar uma situação que fere severamente a dignidade humana e que legitima a compra de uma mulher por um homem”.
A socióloga critica o discurso político dominante e o olhar de vários partidos sobre o tema, bem como o papel de organismos como a Comissão para a Igualdade de Género, cujo silêncio sobre o tema considera inadmissível.
Criada como instituição de inspiração católica, por Ana Maria Braga da Cruz, que para isso contou com o apoio do fundador do Nid francês, padre André-Marie Talvas, O Ninho nunca teve uma ajuda explícita da hierarquia católica, mas apenas de algumas personalidades. Por estes dias, no entanto, o actual patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, almoça numa das casas da instituição com as mulheres apoiadas pel’O Ninho.
Galardoado, em 2003, com o Prémio de Direitos Humanos da Assembleia da República, O Ninho participou também nos debates sobre o Código penal que, em 1982, levaram à despenalização da mulher vítima de prostituição e ao estabelecimento do crime de lenocínio.  
A entrevista pode ser ouvida aqui na íntegra.

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