sábado, 16 de janeiro de 2016

Um Papa que leva a Igreja de regresso ao cristianismo

Que missão se deu o Papa Francisco? Ele está levando a Igreja em direcção ao cristianismo, um lugar que tinha sido esquecido. As palavras são do actor italiano Roberto Benigni, terça-feira passada, na apresentação do livro O Nome de Deus é Misericórdia (ed. portuguesa Planeta). A obra reproduz uma entrevista do jornalista italiano Andrea Tornielli ao Papa.
“Francisco não tem feito mais do que amar e falar do amor”, acrescentou o actor, durante a sessão, ao caracterizar o Papa como “uma cascata de misericórdia”. “Cristo fez da sua vida uma obra-prima do amor. Amar o próprio inimigo é a frase mais alta da humanidade.”
A apresentação de Benigni acabou por ser um espectáculo de humor, pontuado por imensas referências bíblicas e evangélicas. O actor citou o salmo 51 (50), que o comove “sempre”, falou da misericórdia como “uma virtude que nunca está sentada no sofá, [que] se mexe, nunca está parada – vejam o Papa; vai contra a miséria, a pobreza...”
Uma notícia da sessão disse pode ser lida aqui e uma outra aquio vídeo com a intervenção de Benigni (em italiano) pode ser visto a seguir:





Benigni disse ainda que “a misericórdia é a justiça maior” e que a justiça “é o mínimo da misericórdia: a misericórdia não abole a misericórdia, não a corrompe, vai além dela”. Neste livro, referiu, “diz-se uma coisa simples: cada acto de amor, de atenção, de misericórdia, é uma ressurreição; e cada acto de egoísmo e ódio, é uma morte.
A misericórdia é a “fonte do pontificado de Francisco”, acrescentou o realizador do filme A Vida É Bela. “A chave da vida é a misericórdia, o amor” e “a alegria é o gigantesco segredo do cristianismo, devemos fazê-la sair”. Por outro lado, “a dor é o lugar da solidariedade entre o homem e Deus; o paradoxo não é haver dor no mundo; o paradoxo é o oposto: é que, sem dor, a vida pareceria enigmática e a existência, absurda, e a alegria, inacessível.”
Benigni foi um dos apresentadores do livro, a par do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, e de Zhang Agostino Jianquing, um chinês de 30 anos que está preso em Pádua e que se converteu ao cristianismo – um exemplo vivo da misericórdia, como ele contou.
Excertos do livro-entrevista podem ser lidos aquiNum comentário escrito após a apresentação do livro, Paulo Terroso citava Hannah Arendt para dizer que, de novo, e tal como acontecia com João XXIII, está um cristão sentado no trono de Pedro.
(texto na íntegra aqui)

(Sobre o tema da misericórdia no pensamento do Papa, pode (re)ler-se ainda um texto publicado há dias neste blogue.

Texto anterior no blogue
O vinho bom, o futuro da Igreja, o Papa e os refugiados - crónicas de Vítor Gonçalves, Anselmo Borges e Fernando Calado Rodrigues

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