(Este blogue estará com um ritmo intermitente até Setembro)
O último acto do Juntos Pela Europa, em Munique, neste sábado à tarde
Comunidade de
Santo Egídio pede suspensão de artigo de Schengen para acolher refugiados em extrema vulnerabilidade
O Papa Francisco
quer que a Europa reflicta se o seu património é “parte de um museu” ou se
“ainda é capaz de inspirar a cultura e de doar os seus tesouros à humanidade
inteira”.
A pergunta foi
feita pelo Papa numa mensagem gravada e transmitida, em vídeo, na Karlsplatz,
no centro de Munique. Na capital da Baviera (Alemanha), terminou ontem, sábado,
o congresso Juntos Pela Europa, iniciativa que reúne cerca de 300 movimentos e
comunidades de diferentes igrejas cristãs – católicas, ortodoxas, protestantes,
anglicanas e igrejas livres.
Dirigindo-se a
umas quatro mil pessoas concentradas na praça – além dos participantes, também
outros que apareceram para a sessão final, incluindo mais de um milhar de
jovens –, o Papa afirmou que a Europa vive grandes problemas, que os cristãos
de diferentes igrejas devem saber enfrentar com o “acolhimento e a
solidariedade em relação aos mais débeis e desfavorecidos, construindo pontes e
ultrapassando conflitos”.
Aludindo aos
refugiados que buscam protecção no continente, Francisco insistiu na ideia de
uma Europa que coloque no centro a pessoa humana, através do acolhimento e da
cooperação económica, cultural e social.
O documento final
insiste numa ideia repetida por diferentes intervenientes e de muitos modos
durante os três dias de trabalho: a Europa, com uma profunda crise a
manifestar-se em vários aspectos – incapacidade de acolher os refugiados que
buscam protecção, o “brexit” da semana passada, a crise financeira que não se
ultrapassa –, não deve tornar-se “uma fortaleza e erigir novas fronteiras”.
Pelo contrário, afirmam, “não há alternativa ao viver juntos”.
As “experiências
terríveis de duas guerras mundiais” serve para mostrar onde pode acabar a
lógica dos egoísmos nacionais ou culturais, avisam os participantes.
Um apelo às Igrejas: já chega de separação
Também para os
responsáveis das igrejas cristãs vai um apelo, um ano antes de se assinalarem,
em 2017, os cinco séculos anos do início da Reforma protestante de Martinho
Lutero, e reconhecendo o contra-testemunho que é dado pela divisão das igrejas:
“Pedimos aos responsáveis das igrejas que ultrapassem as divisões. Enquanto
cristãos, queremos viver juntos, na reconciliação e em plena comunhão.”