sábado, 17 de junho de 2017

Fátima, 100 anos, de Maio a Outubro (1) – Visões, não aparições – pôr Fátima no sítio

Depois de Maio, podemos voltar a parte do muito que se publicou sobre Fátima e que ajudará a sistematizar informação e elementos para vários debates sobre o fenómeno, que importa agora aprofundar.
Começo por duas entrevistas de D. Carlos Azevedo a propósito do debate sobre visões ou aparições, e por um texto que publiquei na revista digital Forma de Vida, do programa em Teoria da Literatura da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Este artigo serve de porta de entrada a vários outros, pois nele sintetizo algumas das questões que abordei, de forma mais específica, em outros artigos, que serão por sua vez publicados no RELIGIONLINE, nos dias 13 dos próximos meses, até Outubro.

O Papa Francisco a pôr Fátima no sítio


(Foto: a Cruz Alta, de Robert Schad; foto reproduzida daqui)

Foi o próprio Papa Francisco que, com aquilo que disse e fez em Fátima ou a propósito da sua viagem ao santuário português, ajudou a repor no lugar vários aspectos da devoção mariana e da própria mensagem de Fátima. Na conferência de imprensa no voo de regresso a Roma, a propósito das «aparições» que ocorrem em Medjugorje (Bósnia), desde 1981, o Papa afirmou: «Eu, pessoalmente, sou mais “ruim” [do que o relatório inicial preparado pelo Vaticano]: prefiro Nossa Senhora mãe, nossa mãe, e não uma Nossa Senhora chefe dum departamento telegráfico que todos os dias, a determinada hora, envia uma mensagem; esta não é a Mãe de Jesus.»
É fácil adivinhar que, se o fenómeno de Fátima ocorresse hoje, Francisco colocaria reservas às aparições com data marcada uma vez que, também na Cova da Iria, a visão dos três pastorinhos acontecia num dia previsto. Mas este é um pormenor, porque o mais importante é o Papa ter dito que Fátima tem uma mensagem de paz e que ele veio como peregrino – duas dimensões fundamentais da relação das pessoas com o santuário.
(O texto pode continuar a ser lido aqui)

D. Carlos Azevedo: “Em Fátima não houve aparições!”

“Em Fátima, não houve aparições”, defende, em entrevista a Manuel Vilas Boas, da TSF, o bispo e historiador Carlos Azevedo, actualmente a trabalhar como delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, do Vaticano. A mãe de Jesus, explica, nunca esteve, fisicamente, em qualquer parte do mundo. Por isso, não se deve falar em aparições mas visões.
Carlos Azevedo publicou recentemente o livro Fátima – Das Visões dos Pastorinhos à Visão Cristã, no qual segue a tese do então cardeal Joseph Ratzinger. O futuro Papa Bento XVI escreveu, no ano 2000, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina, o Comentário Teológico sobre o segredo de Fátima. No texto,  distingue exactamente aquelas duas perspectivas. Retomando no livro essa distinção, o bispo defende, nesta entrevista, que se deve passar a usar mais rigor na linguagem.  
Um mês depois da visita do Papa Francisco ao santuário da Cova da Iria, o bispo analisa ainda, na entrevista, os comportamentos do Estado português e da Igreja Católica e diz que não prevê regressar, definitivamente, a Portugal, nos próximos anos.
A entrevista pode ser ouvida aqui.

A partir do mesmo livro, uma outra entrevista publicada no Público, ainda em Abril, pode ser lida aqui.

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