Agenda/Evocação
O padre Manuel Antunes na biblioteca da revista Brotéria
Uma exposição
itinerante intitulada Padre Manuel Antunes, sj: Pedagogo da Democracia,
dedicada ao autor de Repensar Portugal será inaugurada nesta
terça-feira, dia 10 de Abril, às 11h30, no átrio da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa, marcando o início das comemorações do ano centenário do antigo professor
universitário e director da Brotéria.
Manuel Antunes (1918-1985) foi
uma personalidade que, embora não muito conhecida, se destacou entre aqueles
“que sonharam um mundo melhor e inspiraram a sociedade livre e democrática em
que hoje vivemos”, como diz a nota de divulgação da exposição. Padre da
Companhia de Jesus, foi professor de mais de 15 mil alunos na Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa. Entre eles, estão muitos que entretanto se
viriam a tornar personalidades destacadas da vida portuguesa, na política e na
economia, no ensino, na literatura e nas artes.
Entre muitos outros,
estão figuras como Marcelo Rebelo de Sousa, Maria do Céu Guerra, Maria Filomena
Mónica, Jaime Gama, Lídia Jorge, António Dacosta, Sophia de Mello Breyner
Andresen, Luís Miguel Cintra, José Barata-Moura, José Pedro Serra ou Ana
Zanatti.
Ajudou muitos, diz
ainda a mesma nota, “com sabedoria e paciência revolucionária, aquando da
perseguição política e da censura, de que também foi alvo”. Mas a vastidão de
pensamento de Manuel Antunes levou-a a reflectir sobre temas e problemas muito
diversos, não só da contemporaneidade, como também na sua relação com o passado
e na perspectivação do futuro. Essa obra enciclopédica – que abarca domínios tão
diversos como a filosofia, psicologia, história, teologia, literatura, sociologia,
antropologia, economia, política, civilizações antigas e modernas – foi reunida
em 13 volumes, na colecção Obra Completa,
publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Quer a publicação da
Obra Completa quer este ano centenário
foram precedidos pelo congresso internacional que, no final de 2005, iniciou a “projecção”
da herança intelectual do padre jesuíta. Nessa altura, começou a debater-se a
raridade do pensamento e da vasta cultura de Manuel Antunes no século XX
português; a actualidade e universalidade dos seus escritos e uma mensagem que
ultrapassa o seu tempo; a figura humana de "conciliador nato, mas não
eclético", na expressão de Eduardo Lourenço; a opção clara pela democracia
e pela justiça social, como na ocasião Arnaldo Espírito Santo recordava nesta notícia.
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