terça-feira, 31 de dezembro de 2013
sábado, 28 de dezembro de 2013
A alegria de ler Francisco (11) - Os últimos e a política
Na sua
crónica do DN desta sexta-feira, José Manuel Pureza escreve sobre “Os últimos e a política”, a partir da exortação Evangelii Gaudium, do
Papa Francisco:
Há uma exigência ética essencial no tempo que estamos a
viver: ouvir o clamor dos pobres e devolver-lhe o que lhes cabe. A advertência
feita por Francisco, o Papa, na sua exortação apostólica Evangelii
Gaudium (EG) coloca um critério claro na condução do nosso quotidiano:
"Assumir a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e
deita fora" (EG 195) como prioridade.
Estar com os últimos, fazer deles a razão de ser das nossas
escolhas, impõe coisas difíceis a que a bolsa de valores deste tempo não dá
cotações altas. Impõe, desde logo, pôr em causa o endeusamento da propriedade
como limite das possibilidades das políticas. Ao contrário do pensamento que
tem norteado o desmantelamento do contrato social na Europa, para o qual o que
é da titularidade dos pobres é frágil por natureza e o que é da titularidade
dos ricos é sagrado por definição, Francisco coloca a propriedade privada como
realidade subordinada ao destino universal dos bens: "A posse privada dos
bens justifica-se para cuidar deles e os fortalecer, de modo a servirem melhor
o bem comum" (EG, 189).
O texto pode ser lido aqui na íntegra.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
A terra: de vale de lágrimas a lugar onde Deus colocou a sua tenda
Deus está connosco e continua a confiar em nós.
É generoso o Deus nosso Pai.
Vem habitar com a Humanidade.
Escolhe a terra como sua morada.
A terra já não é um vale de lágrimas,
mas o lugar onde Deus colocou sua tenda,
o lugar da Sua solidariedade com o Homem.
Ainda mais surpreendente:
A sua presença não aconteceu num mundo ideal,
mas no mundo real, cheio de guerras e prepotência ...
Ele decidiu viver na nossa história tal como ela é.
Jesus é Deus connosco.
Papa Francisco
18.12.2013
domingo, 22 de dezembro de 2013
Inquérito sobre a família até final do mês
O
inquérito sobre a família, que prepara o Sínodo dos Bispos católicos do próximo
ano, está disponível para resposta no RELIGIONLINE, através desta ligação,
até final deste mês de Dezembro. O inquérito pretende aferir a opinião dos
crentes católicos obre a realidade das famílias contemporâneas, incluindo
questões como as uniões de facto, as uniões homossexuais e os divorciados que
voltaram a casar. Ao mesmo tempo, pede-se opinião sobre os modos como as
comunidades católicas e a Igreja no seu conjunto devem lidar com essas várias
questões e com temas como a contracepção.
A
iniciativa do blogue, mobilizando para a resposta ao inquérito, foi apresentada neste texto.
Mais
tarde, publicámos uma segunda nota chamando a atenção para os problemas de tradução
(que incluíam a transformação de uma pergunta numa afirmação) – e que pode ser lida aqui.
Músicas que falam com Deus (23) - para o tempo de Natal#8 - 'Messias' de Handel: tempo para ouvir uma obra sublime
Um convite que, nos tempos agitados natalícios, é também desafio: guardar à volta de duas horas e meia para ouvir e seguir «Messias», uma obra sublime de Georg Friedrich Händel, com mais de 270 anos.
A execução e interpretação é da London Symphony Orchestra e a direção está a cargo de Sir Colin Davis. Este vídeo tem a co-produção da BBC e foi gravado em Londres em 2006.
Para melhor fruir esta obra:
- Ler Libreto (texto): AQUI (com tradução em Português: AQUI)
- Ler partitura: AQUI
- Sobre a história e visão geral desta oratória de Händel: AQUI.
Para melhor fruir esta obra:
- Ler Libreto (texto): AQUI (com tradução em Português: AQUI)
- Ler partitura: AQUI
- Sobre a história e visão geral desta oratória de Händel: AQUI.
Desembrulhar o Natal
Crónica – À Procura da Palavra
P. Vítor Gonçalves
"…será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’”.
(Evangelho de S. Mateus 1, 23 - Domingo IV do Advento, ano A)
O título ficou-me na
memória e a reportagem de domingo passado da revista do Diário de Notícias
também. Por entre os embrulhos natalícios e o que se compra ou se gostaria de
comprar, Diana Cruz, psicóloga clínica e Susana Albuquerque, especialista em
educação financeira, foram respondendo a questões simples e práticas sobre os
“natais embrulhados” que se vivem. Os desejos e as necessidades, especialmente
das crianças, mas no fundo de todos nós, não podem ser exageradamente
satisfeitos nesta onda consumista em que o Natal se pode transformar. “Se uma criança aprende que pode ter tudo,
que a sua vontade não pode ser contrariada e que vale todos os sacrifícios dos
pais ou de quem dela cuida, então temos uma criança que recebe mas não vive e
não valoriza”, dizia Diana Cruz. Curiosamente são o diálogo e a verdade que
se partilha entre pais e filhos as grandes armas para combater o fuzilamento
publicitário a que todos estamos sujeitos.
“Desembrulhar o Natal”
não terá só a ver com presentes, mas com a atenção renovada uns aos outros, a
descobrir como são pequenas coisas que nos fazem felizes, que é bom estarmos
juntos e que por mais bonitos que sejam os papéis que embrulham a vida, o seu
interior é ainda mais belo. É uma experiência interior que o Natal de Jesus nos
propõe. Pode já não ser surpresa este milagre do Filho de Deus nascer menino,
de se terem “esbatido” as fronteiras entre o céu e a terra e até ultrapassadas
as fronteiras entre raças e línguas. Podemos montar os presépios como uma
tradição sem alma, que se repete porque está no calendário. Mas o convite a
encontrar e acolher o “Deus connosco” dentro de nós é permanente. Encontrar
Jesus no meio dos nossos medos e feridas, dos sonhos adormecidos e desta sede
de ser amado não é fácil. Parece inconcebível que Deus venha à nossa vida
embrulhada simplesmente porque nos quer bem, sem dedo apontado aos erros que
teimamos em não esquecer (e se Ele é Deus esquecerá muito menos, não é?).
Continua a ser difícil acreditar que se “Ele está no meio de nós” (não como um
fantasma ou o “homem invisível”) é porque nos quer oferecer a alegria de
estarmos com Ele. Pena é que quando dizemos que alguém “está com Deus”
normalmente estamos a falar de um falecido!
Mais do que passarmos pelo Natal, deixemos que
ele fique em nós. Que o encontro com Jesus possa ir mais fundo, a levar luz ao
que permanece escuro em nós e no mundo. Que ninguém fique às escuras mesmo com
as ruas iluminadas, e todas as realidades humanas saboreiem um pouco deste
divino que nos é oferecido. Que importa não ter tudo quando temos o mais
importante? Que importa ainda não estar tudo bem quando Deus arrisca pisar esta
terra e fazer caminho connosco? Que importam as oportunidades perdidas quando a
melhor oportunidade para amar é esta, que Deus nos dá, agora mesmo?
Desembrulhemo-nos, e façamos Natal!
(in Voz da Verdade 22.12.2013; ilustração reproduzida daqui)
sábado, 21 de dezembro de 2013
Ser religioso, ser inconformista – Deus ainda tem futuro?
Se a palavra “Deus” deixasse de existir, isso
significaria que o ser humano deixaria de se colocar a questão do sentido da
sua existência, voltaria a ser apenas um homo
faber. Essa é uma das ideias defendidas por Anselmo Borges, coordenador dos
colóquios Igreja em Diálogo, no programa “Deus ainda tem futuro?”. Esta
reportagem de Manuel Vilas Boas, que passou na TSF a 10 de Novembro, escutou
biblistas, teólogos, filósofos, cientistas e sociólogos originários de
Portugal, Espanha e França para debater a questão das formas de presença de
Deus nas sociedades contemporâneas – e do modo como as comunidades religiosas
vivem essa experiência.
“A religião tem um futuro, mesmo se não somos
religiosos do mesmo modo que o fomos antes”, diz Jean-Paul Willaime, um dos
mais importantes nomes da sociologia religiosa contemporânea e outro dos
participantes e entrevistados no programa. Willaime acrescenta que, hoje, ser
religioso, é ser inconformista.
O programa tem como ponto de partida a edição
de 2013 do colóquio Igreja em Diálogo, com o mesmo título, que decorreu no Seminário
da Boa Nova, em Valadares. Nele se incluem ainda depoimentos dos cientistas portugueses Carlos Fiolhais e
Miguel Castelo Branco e dos teólogos Juan Masiá, Andrés Torres Queiruga, Isabel
Gomez-Acebo (de Espanha) e Paul Valadier (França). O programa pode ser escutado aqui.
Os 98 sinos podem cair – Viagem pelos tectos e telhados do Convento de Mafra
São
98 sinos, que custaram 400 mil reis – o que equivaleria hoje a quase dois
euros. Estes instrumentos históricos estão, apesar de intervenções técnicas realizadas há alguns anos,
em avançado estado de destruição: alguns dos sinos dos carrilhões
do convento de Mafra podem podem cair a qualquer momento.
Já em
2013 foi escorado um dos maiores sinos, que tem nove toneladas de peso, mas a
situação é muito grave, a avaliar pelo que dizem os especialistas. Colocados
em 1730, os sinos de Mafra já tocaram muitos concertos de carrilhão. Vários
deles, aliás, foram editados num disco de 1994 cuja capa se reproduz ao lado e que
contou com a participação dos carrilhonistas Arie Abbenes, Todd Fair, Abel
Chaves e Francisco José Gato.
Neste programa de Manuel Vilas Boas, que passou na TSF a 8 de Dezembro, viaja-se pelos tectos e telhados do convento de Mafra e fala-se da situação dramática dos sinos, que estão em risco de cair. Participam no debate Mário Pereira, director do Convento, José Nelson Cordeniz, investigador sineiro da Universidade Nova de Lisboa, Francisco José Gato, antigo carrilhonista de Mafra e Ana Elias, da nova geração de carrilhonistas. A sonoplastia
é de Mésicles Helin e o programa pode ser escutado aqui.
(foto cedida por Mário Pereira/Convento de Mafra)
(foto cedida por Mário Pereira/Convento de Mafra)
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Respeitar e actualizar biografias – a reutilização de mosteiros e conventos
(foto: Mosteiro de Tibães, objecto de intervenções recentes de recuperação; © Daniel Rocha)
O
património não existe, antes o fazemos todos os dias quando olhamos para um
edifício, por exemplo. Essa é uma das ideias defendidas pelo arquitecto
espanhol Celestino Garcia Breña, um dos
participantes neste programa sobre a reutilização de mosteiros e conventos.
Outras ideias que passam por esta emissão são as de que a memória desses
edifícios e lugares não pode perder-se e que a resposta à pergunta sobre a
melhor forma de os utilizar hoje em dia é aquilo que pedir a vida das pessoas e
dos próprios edifícios – ou seja, respeitar
a biografia dos sítios, mas acrescentar-lhe as nossas actuais biografias.
A crise vocacional na Igreja Católica levou à perda
de grandes conjuntos monásticos, enquanto outros renasceram com a
recuperação e reutilização dos seus espaços, convertidos por exemplo em hotéis
e pousadas. Um encontro sobre esta temática realizou-se há cerca de dois meses
no mosteiro de Alcobaça, onde Manuel Vilas Boas debateu, com alguns
investigadores, a questão da reutilização de conventos e mosteiros de Portugal
e Espanha, entregues à ruína e abandono. No debate
participam ainda os também arquitectos Domingo Posuelo, João Carlos dos Santos
e Manuel Lacerda.
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