quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Taizé anuncia próximo encontro europeu para Riga, na Letónia

Será a primeira vez que a comunidade promove um grande encontro numa república ex-soviética


O irmão Aloïs, de Taizé, ladeado pelos arcebispos luterano (à esqª) e católico de Riga, quarta à noite, depois de anunciar a cidade que acolherá o próximo encontro europeu de jovens

Do Mediterrâneo para o Báltico, do Sul para o Norte, de Valência (Espanha) para Riga, capital da Letónia. Pela primeira vez, um encontro europeu de jovens, da peregrinação de confiança através da terra, promovido pela comunidade monástica ecuménica de Taizé (França) decorrerá numa ex-república soviética e num país báltico.
O anúncio foi feito pelo irmão Aloïs, prior de Taizé. Primeiro numa conferência de imprensa, depois na oração do final da tarde de ontem, em Valência.
Um aplauso enorme acolheu a decisão da comunidade monástica ecuménica, numa das duas enormes tendas de oração montadas no jardim do Turia, no centro de Valência.
“Da costa do Mediterrâneo iremos à costa do Báltico”, disse o irmão Aloïs, anunciando que Riga será a próxima cidade que acolherá o encontro. Presentes na oração, acompanhando a divulgação da notícia, estavam os arcebispos luterano e católico, respectivamente Janis Vanags e Zbignevs Stankevics.
Já à tarde, na conferência de imprensa em que informou os jornalistas, o prior de Taizé estava com os dois responsáveis, que representam as maiores igrejas cristãs do país e onde o diálogo ecuménico é muito forte.
 “Fui consagrado na catedral luterana, do arcebispo Vanags, e isso diz tudo sobre a nossa colaboração” ecuménica, entre as diferentes igrejas, afirmou o arcebispo católico Stankevics, durante a conferência de imprensa.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A revolução franciscana (2) – Os sapatos do Papa contra o suicídio


Foto Patrick Aventurier/Getty Images, reproduzida daqui


Sob o título genérico A revolução franciscana, publiquei no Jornal de Notícias, durante este mês de Dezembro, oito trabalhos sobre o Papa Francisco, que tentam fazer um balanço do que tem sido este ainda curto mas intenso pontificado. Este é o segundo trabalho da série. 

Domingo passado [dia 29 de Novembro], em Paris, um par de sapatos tornou-se num ícone, fotografado na Praça da República, no meio de milhares de outros, com a indicação do seu anterior proprietário: o Papa Francisco, que desse modo se associava à manifestação simbólica pelo clima, na véspera da abertura da cimeira das Nações Unidas dedicadas ao tema.
Os sapatos do Papa tornaram-se assim uma representação do que Francisco vem repetindo desde o início do pontificado: a urgência de guardar a criação - a expressão cristã para referir a natureza - e, com isso, garantir ao mesmo tempo um Mundo socialmente mais justo e mais pacífico.
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Vaticano quer liderar combate aos gases com efeito de estufa

Não são de agora as preocupações dos papas com o ambiente. João Paulo II e Bento XVI referiram-se muitas vezes à questão e foi com o anterior Papa que no Vaticano se tomaram mesmo um conjunto de decisões com o objectivo de fazer do centro da Igreja Católica o primeiro Estado do Mundo a compensar totalmente as emissões de gases de efeito estufa.
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A encíclica do Papa, uma oportunidade perdida?

A pergunta do título não se relaciona com os resultados da cimeira de Paris, mas com o reflexo que o documento do Papa Francisco, publicado em Junho último, pode vir a (não) ter no conjunto da Igreja Católica. Se é verdade que vários grupos católicos e outros protestantes, anglicanos e ortodoxos estão empenhados na causa ambiental, também é verdade que em muitos sectores do catolicismo a questão ambiental ainda está muito longe das preocupações.
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"Pessoas muito diferentes, que conseguem viver juntas" - um testemunho sobre Taizé e os encontros europeus de jovens

Texto anterior da série A Revolução Franciscana:


“Pessoas muito diferentes, que conseguem viver juntas”

“Em Taizé, encontro pessoas muito diferentes que conseguem viver juntas, quase como irmãos”. Com estas palavras, Catarina Barbosa, 19 anos, de Braga, define a sua experiência na pequena aldeia da Borgonha francesa, onde se localiza a comunidade de monges ecuménica, reunindo católicos e protestantes.
Catarina Barbosa deu o seu testemunho numa curta entrevista no programa A Fé dos Homens, na véspera do início do encontro europeu de jovens, que decorre em Valência (Espanha) até depois de amanhã, 1 de Janeiro. A entrevista pode ser vista a seguir:




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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Irmão Aloïs, de Taizé: “Na Síria todos perguntam onde está Deus”


O irmão Aloïs, de Taizé, durante a meditação 
de segunda-feira à noite, em Valência

O irmão Aloïs, de Taizé, disse hoje em Valência (Espanha) que, na Síria, toda a gente pergunta “porquê tanta violência” e “onde está Deus”.
Numa conferência de imprensa durante o encontro europeu de jovensanimado pela comunidade ecuménica de monges, o prior de Taizé contou que passou o dia Natal em Homs, uma cidade devastada pela guerra civil.
“Todos os que encontrei na Síria me disseram: ‘Reze por nós’. Escutemos o seu apelo e confiemos a Deus os que sofrem a violência no Médio Oriente. Trazemos dentro de nós as perguntas pungentes que eles fazem: Porquê toda essa violência? Onde está Deus?”, disse o responsável da comunidade, durante a meditação da oração de segunda-feira à noite.
O irmão Aloïs marcava deste modo, com a questão dos refugiados e da guerra na Síria, uma das preocupações que trouxe para o encontro. Outras inquietações, acrescentaria depois na conferência de imprensa, são a Ucrânia, que também vive uma guerra civil no leste do país; a África, que a Europa deve em primeiro lugar “escutar” e não exportar coisas; e Cuba, “neste novo período de transição que não sabemos como acabará”.
Da Ucrânia, vieram a Valência dois mil jovens participantes (o segundo maior grupo, depois dos polacos). O prior de Taizé recordou ter estado na Páscoa na capital do país, Kiev, bem como em Moscovo, capital da Rússia. “Quisemos mostrar que em todo o lado há pessoas que querem a paz”, afirmou.
Sobre a África, continente que “está muito perto da Europa”, mas cuja situação “não entendemos”, diz que o mais importante a fazer é “escutar” o continente. Um encontro em Cotonou (Benim), entre 31 de Agosto e 4 de Setembro do próximo ano, será uma forma de a comunidade chamar a atenção para a realidade africana.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Taizé em Valência: uma colher e um oásis


Foto ao lado: Pinturas nas telas dos lugares de oração em Valência, inspiradas na encíclica Laudato Si', do Papa Francisco, e na cerâmica hispano-mourisca de Paterna (Valência), do século XIV, que combina geometria e motivos góticos


Em Valência (leste de Espanha), milhares de jovens de toda a Europa estão desde esta segunda-feira a participar no encontro europeu da peregrinação de confiança através da Terra, animado pela comunidade de Taizé. Convidados a trazer apenas o essencial - além dos objectos pessoais, uma colher para as refeições - são acolhidos pelas famílias de Valência e da região. 
Sobre Taizé e o significado do encontro de Valência, estive no programa Princípio e Fim, da RR, onde conversei com a Ângela Roque. O som do programa pode ser escutado aqui.

Dirigidas aos jovens participantes, chegaram várias mensagens de responsáveis religiosos cujos textos (para já em inglês ou francês) podem ser lidos aqui.
Na mensagem que enviou, o Papa Francisco pede aos jovens que criem um “oásis de misericórdia”, em especial para “os inúmeros migrantes que têm necessidade de acolhimento”. Um resumo da mensagem pode ser lido aqui.
Os migrantes são um dos campos em que o prior de Taizé propõe acções mais concretas. Nas suas propostas para 2016o irmão Aloïs sugere que os jovens procurem descobrir como se envolver “em novas formas de solidariedade; elas são hoje urgentes. Em toda a terra, há novos problemas – migratórios, ambientais e sociais – que desafiam quer os crentes das diversas religiões quer os não crentes”.
Sobre o programa do encontro, pode ler-se também esta notícia.

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Francisco, o reformador, e a blasfémia na Bíblia - crónicas de Anselmo Borges e frei Bento Domingues


Francisco o reformador, e a blasfémia na Bíblia

Crónicas

No DN de  sábado, a crónica de Anselmo Borges é dedicada a Francisco, o reformador:

Há quem deseje para Francisco o que aconteceu a João Paulo I. Mas ele foi dizendo que "as resistências não travam..., impulsionam" e assegurou, há dias, perante a Cúria, que a reforma "continuará com determinação, lucidez e resolução, porque a Igreja tem de estar sempre em reforma". É expectável que na próxima Exortação Apostólica torne possível, como referiu recentemente o cardeal M. Sistach, a comunhão para os divorciados recasados; também admitiu que o preservativo "é um método para prevenir a sida"; há indícios de que o próximo Sínodo possa ter como tema os padres casados, revendo-se então a lei do celibato: este problema, já disse, "está presente na minha agenda".

No Público de domingo, frei Bento Domingues pergunta: Será a Bíblia blasfema?:

Quando se tenta explicar a violência das religiões ou contra as religiões resvala-se facilmente para a justificação do crime. 
Nos últimos tempos, repetem-me: o Papa Francisco considera o terrorismo, em nome de Deus, como uma blasfémia, mas, nesse caso, o Antigo Testamento (AT) não é também ele blasfemo? 


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A revolução franciscana (1) - Um nome estranho, que Bergoglio entranha - porque é que a escolha de um nome pode ser decisiva


domingo, 27 de dezembro de 2015

A revolução franciscana (1) - Um nome estranho, que Bergoglio entranha

Sob o título genérico A revolução franciscana, publiquei no Jornal de Notícias, durante este mês de Dezembro, oito trabalhos sobre o Papa Francisco, que tentam fazer um balanço do que tem sido este ainda curto mas intenso pontificado.

Um jesuíta muito franciscano


O Papa Francisco a rezar diante do túmulo de São Francisco, em Assis 
(foto reproduzida daqui)

Foi preciso ser eleito um padre jesuíta para que, pela primeira vez, o nome do mais popular santo do catolicismo fosse adoptado por um Papa. Francisco aponta, do seu santo patrono, o homem que dá atenção preferencial aos pobres, o homem da paz e do cuidado com a criação. Francisco é um Papa franciscano.

O nome é todo um programa: ao falar aos jornalistas, a 16 de Março de 2013, três dias depois de ter sido eleito, o novo Papa contou a história de como tinha escolhido o nome e exclamou: “Ah, como eu queria uma Igreja pobre para os pobres!”
Coisa estranha esta: o nome do mais popular santo em todo o mundo – Francisco – nunca tinha sido escolhido por um Papa. O primeiro a entranhá-lo acaba por ser Jorge Mario Bergoglio, de ascendência italiana mas nascido argentino.
(texto para continuar a ler aqui)


Um compromisso assinado nas catacumbas

Foi na Catacumba de Santa Domitília, um dos cemitérios romanos dos primeiros séculos da era cristã, que o documento foi assinado, no final de uma missa, há 50 anos: a 16 de novembro de 1965, cerca de meia centena de bispos católicos, que estavam em Roma a concluir o Concílio Vaticano II, assinaram o que viria a ficar conhecido como Pacto das Catacumbas. O documento acabou por ficar quase desconhecido, sendo ressuscitado apenas nos últimos cinco anos.
(texto para continuar a ler aquisobre o Pacto das Catacumbas, pode ler-se uma crónica de José Tolentino Mendonça aqui e ver-se um programa Setenta Vezes Sete aqui)

Cinco gestos
A Casa de Santa Marta
Levado aos aposentos pontifícios depois da sua eleição, o Papa Francisco terá comentado que eram demasiado grandes para um homem só e que neles caberiam muitas pessoas. Por isso, o Papa decidiu continuar a  viver no quarto que lhe tinha sido atribuído para o conclave na Casa de Santa Marta, uma residência moderna, como uma residencial onde ficam alojados bispos e outras pessoas de passagem pelo Vaticano. Esta decisão significou também que o Papa passou a contactar diariamente com funcionários do Vaticano, gente normal que ali trabalha e outras pessoas de passagem e não apenas com bispos e funcionários da Cúria.

Do Natal intemporal ao diálogo inter-religioso

Parte-se dos atentados em Paris a 13 de Novembro, para falar depois sobre o olhar dos três monoteísmos acerca da guerra e da violência e do conceito de Deus. O diálogo inter-religioso é o mote para esta conversa moderada por Manuel Vilas Boas na TSF e na qual participam a muçulmana ismaili Faranaz Keshavjee, Joshua Ruah, da Comunidade Judaica de Lisboa e o padre católico Joaquim Carreira das Neves, franciscano e investigador da Bíblia.

Também da autoria de Manuel Vilas Boas é a reportagem com frei Lopes Morgadodos franciscanos capuchinhos, durante a apresentação do livro Natal Intemporal, feita em Areias de Vilar (Barcelos), terra do autor. Além dos poemas, o livro mostra 121 dos cerca de 1300 presépios da colecção Evangelho da Vida.



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Natal: Médio Oriente, guerras e refugiados - cenas de guerra em zona de paz (mensagens de Natal e uma reportagem fotográfica na ilha de Lesbos)