O padre Anastácio Jorge em Moçambique
“Para mim não há poder, há serviço”,
repete o padre Anastácio Jorge, membro da Sociedade Missionária da Boa Nova, a trabalhar
em Moçambique há 30 anos. Nascido no hospital Rovisco Pais (Tocha), em 1959,
como o sétimo filho de mãe leprosa, Anastácio cresceu vendo a sua mãe através
de um vidro, como numa prisão, sem que ela pudesse tocar-lhe.
“O poder mata e corrompe”,
insiste, nesta entrevista dada há dias ao jornalista Manuel Vilas Boas, da TSF.
E por isso o missionário português avisa que a Igreja “não pode manter um
sistema de pobreza com a promoção” de uma caridade limitada ao socorro, que não
liberta nem dá dignidade ou rosto às pessoas. “Esta coisa de as pessoas todos
os dias baterem à porta para pedir pão, não é bom...”, diz. E a igreja deveria
estar “ao serviço da liberdade e das escolhas”.
A sua paixão, acrescenta, é
anunciar Jesus, ouvir coisas novas, reaprender e ouvir os outros. Inquieto
enquanto jovem, integrou a União de Estudantes Comunistas (UEC), após o 25 de
Abril de 1974 e o tempo de esperança que a Revolução significou. Depois,
desiludido, viveu uma experiência mística que o levou a entrar, com 21 anos, no
Seminário das Missões de Valadares (Gaia). Depois do Porto e Roma, seguiu para Moçambique,
onde foi ordenado padre em 1992.
Hoje, admirador confesso da acção
do Papa Francisco, é pároco de Malavane e do Aeroporto, onde tem desenvolvido obras
de promoção social, incluindo dirigidas a leprosos, e apoiado iniciativas de
microcrédito, que considera uma “escola de valores”.
A entrevista pode ser ouvida aqui.
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