(...) O que mais ameaça o natal é o próprio natal, isto é, a sua representação diminuída, estagnada culturalmente entre a quinquilharia dos símbolos e a oportunidade comercial, domesticada pela pieguice das frases feitas e das boas-maneiras.
«Toda a repetição é anti-espiritual», dizia Óscar Wilde, não para acusar a acessibilidade permanente do mistério, mas para pôr-nos em guarda quanto ao uso sonâmbulo e aos melíferos tiques de freguês avezado.
E, contudo, bastaria considerar como o Messias Jesus é ex-cêntrico ou é outro, desde o seu nascimento: por um lado cumpre as expectativas messiânicas linha a linha, mas depois também as despista, revolve e transcende. Jesus de Nazareth constitui aquela “infinita diferença qualitativa”, como explicaram Kierkegaard e Karl Barth nos últimos dois séculos. Um cristianismo
cultural não basta. (...)
Tolentino Mendonça, Página 1 /RR, 18.12.2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
A ex-centricidade do Messias
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