Um movimento que se confessa ateu pretende lançar proximamente, na cidade de Londres, uma campanha pública de afirmação, que tem o seguinte mote: There's probably no God. Now stop worring and enjoy your life" (Provavelmente Deus não existe. Então, deixe de preocupar-se e desfrute a vida).
Anselmo Borges comenta, no DN, o sentido e alcance desta iniciativa, que ele - tal como vários dirigentes religiosos britânicos - considera "interessante", visto que "obrigaria as pessoas a pensar nas questões essenciais, e Deus é uma dessas questões decisivas". E acrescenta estes complementos:
"É significativo aquele 'provavelmente'. Dawkins [biólogo darwinista e professor da Universidade de Oxford, envolvido na campanha] não sabe que Deus não existe e, por isso, escreve: 'Provavelmente.' A existência de Deus não é objecto de saber de ciência, à maneira das matemáticas ou das ciências verificáveis experimentalmente. Nisso, Kant viu bem: ninguém pode gloriar-se de saber que Deus existe e que haverá uma vida futura; se alguém o souber, "esse é o homem que há muito procuro, porque todo o saber é comunicável e eu poderia participar nele". Afinal, também há razões para não crer, mas, quando se pensa na contingência do mundo, no dinamismo da esperança em conexão com a moral e na exigência de sentido último, não se pode negar que é razoável acreditar no Deus pessoal, criador e salvador, que dá sentido final a todas as coisas. Numa e noutra posição - crente e não crente -, entra sempre também algo de opcional."
"Mas, nos cartazes - escreve Anselmo Borges - o mais impressionante é a segunda parte: 'Deixe de preocupar-se e desfrute a vida.' É claro que o que está subjacente a esta conclusão é a ideia de um Deus invejoso da vida e da alegria dos homens e das mulheres. Se a primeira parte obriga os crentes a pensar, retirando da fé tudo o que de ridículo - pense-se em todas as superstições - lhe tem andado colado, a segunda tem de levá-los a "evangelizar" Deus. É preciso, de facto, reconhecer que houve e há muitos a quem "Deus" tolheu a vida, de tal modo que teria sido preferível nunca terem ouvido falar no seu nome - pense-se no horror do inferno, nas guerras e ódios em seu nome, no envenenamento da sexualidade, na estreiteza e humilhação a que ficaram sujeitos. Agora que está aí o Natal, é ocasião para meditar no Deus que manifesta a sua benevolência e magnanimidade criadoras no rosto de uma criança.(...)".
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