terça-feira, 23 de junho de 2009

"Crise ética na economia e na política"

«CRISE ÉTICA NA ECONOMIA E NA POLÍTICA» é o tema de um seminário que a Comissão Nacional Justiça e Paz promove no próximo sábado, dia 4, em Lisboa.
É o seguinte o programa desta iniciativa que tem lugar no Auditório da Estação de Metropolitano Alto dos Moinhos, Rua João Freitas Branco em Lisboa:

09h30•
Abertura com D. Carlos Azevedo Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social
Apresentação do Seminário Alfredo Bruto da Costa Presidente da CNJP

10h00•ÉTICA E GOVERNANÇA (Nacional e Mundial) - Adriano Moreira
11h00•LEITURA ÉTICA DA CRISE: ASPECTOS GLOBAIS E NACIONAIS
Contexto mundial - José Manuel Pureza
Reabilitar o trabalho na economia e na sociedade - Ulisses Garrido
Moderadora: Maria do Rosário Carneiro Vice-Presidente da CNJP
Debate

14h30•ÉTICA, ECONOMIA E POLÍTICA - Guilherme d’Oliveira Martins
15h00•PARADIGMAS E COMPORTAMENTOS, INDIVIDUAIS E COLECTIVOS
Sociedade civil e o exercício da cidadania - Álvaro Laborinho Lúcio
Exigências éticas na conservação do planeta - José Carlos Marques
Moderador: Pedro Vaz Patto Membro da CNJP
Debate

17h00•Conclusões - Joana Rigato, Vice-Presidente da CNJP
17h30•Encerramento

segunda-feira, 22 de junho de 2009

No Página Um desta quinta-feira, José Tolentino Mendonça avalia a relação dos cristãos com a política:

É interessante constatar que nos anos 60 e 70 os movimentos cristãos juvenis e universitários acalentavam um grande entusiasmo pelo compromisso social e político, discutiam-se acaloradamente as formas de participação política dos cristãos, qual o seu lugar e missão na edificação de um mundo novo ou de um mundo melhor.

É verdade que houve ambiguidades e derivas, tornando-se a política não uma dimensão, mas o centro e, em alguns casos extremos, a totalidade, relegando para um plano secundaríssimo a função eminentemente espiritual da proposta cristã. Mas a verdade é que hoje se corre o perigo oposto: o de buscar apenas uma espiritualidade, desenhada à maneira de um bem-estar íntimo, ou intimista, em que a Fé se torna um assunto privado, uma gestão exclusiva do eu, onde as necessárias implicações históricas e colectivas não entram.

Será possível conjugar um grande amor por Deus com um grande desinteresse pelos homens? A rarefação do entusiasmo e da presença dos cristãos nas várias dimensões da vida pública é um sintoma preocupante na Igreja portuguesa.

O Deus em que os cristãos crêm não plana acima das questões escaldantes da história: Ele aparece claramente comprometido com a justiça e uma ordem social de equidade, manifestando-se a favor dos mais pobres. A opção pelos pobres, a escolha preferencial pelos sem voz nem vez remonta ao próprio Cristo e ressoa claramente nos textos das origens cristãs. Como resume a 1ª Carta de São João (1 Jo 4,20): «Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas não amar o seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê». A Fé para ser vital tem de aceitar o risco de ser uma Fé encarnada. O Evangelho para ser vital tem de ser recebido como palavra transformante, como fermento colocado na massa.

O cristianismo não coincide com nenhuma realidade política, mas em todas introduz uma tensão de amor, de justiça e de verdade. O cristianismo tem um sonho. Aqueles cristãos que dizem, “eu não quero sujar as minhas mãos na realidade do mundo”, como lembra Charles Péguy, “acabam rapidamente por ficar sem mãos”.

domingo, 21 de junho de 2009

Sophia, cinco anos depois


Cinco anos depois da morte de Sophia de Mello Breyner, o P2 [segundo caderno do Público] visitou o seu espólio e revela diários, poemas e cartas, entre histórias contadas por dois dos filhos, Maria e Miguel Sousa Tavares. Um trabalho de Alexandra Lucas Coelho (texto) e Daniel Rocha (fotos). Boa leitura para este "O mundo de Sophia".

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O CERN a ciência e a teologia

As verdades científicas e teológicas nunca se podem contradizer porque ambas “derivam da mesma fonte, que é Deus”, afirmou o cardeal Giovanni Lajolo, durante uma mesa-redonda sobre diálogo entre fé e ciência, celebrada este mês na sede da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra.
A deslocação da delegação do Vaticano ao centro que acolhe o maior túnel acelerador de partículas do mundo incluía ainda o observador permanente do Vaticano na ONU e o director do Observatório Astronómico Vaticano.
O cardeal citou Roberto Belarmino, doutor da Igreja que pesquisou Galileu, segundo o qual se uma declaração científica é evidentemente verdadeira e não se encontra em absoluta conformidade com a Bíblia, é necessário investigar como se pode interpretar correctamente a Escritura para não contradizer a verdade científica.
Para o purpurado, esta afirmação “continua a ser um princípio válido em relação aos fatos científicos”.
Segundo o cardeal Lajolo, que é o presidente da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano, a Igreja católica é uma defensora da razão e da verdade e por isso “reconheceu mais tarde a posição científica defendida por Galileu e o erro cometido na sua condenação”.
(Fonte: Zenit)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O mundo está melhor. Mas melhor para quem?

Uma resposta de Victoria Camps, catedrática de Ética, da Universidade Autónoma de Barcelona, publicada na revista El Ciervo:
"(...)El mundo ha mejorado si lo contemplamos haciendo la vista gorda, sin entrar en las menudencias de las que cada día nos informan los periódicos. Nuevos enfrentamientos bélicos, algo más sofisticados, pero igual de violentos; una esclavitud encubierta en la explotación infantil de que son víctima los niños de los países subdesarrollados; un racismo que no se extingue; violencia contra la mujer.Por lo que hace a la innovación tecnológica, nos preguntamos si compensa alargar el tiempo de vida cuando la calidad del vivir disminuye, o si realmente las facilidades comunicativas contribuyen a disminuir el sentimiento de soledad y desamparo. Se mire por donde se mire, todo lleva a la conclusión de que afirmar el progreso sin más es exagerado e injusto. Hay que matizar mucho diciendo que la teoría es más satisfactoria, pero la práctica queda muy lejos de la teoría.
Queda lejos sobre todo porque la desigualdad que discrimina a las personas y las excluye de los bienes más básicos sigue siendo escandalosa. Lo ponen de manifiesto los inmigrantes que acuden desesperados a los países más ricos en busca de trabajo y que no dudan en arriesgar su vida para conseguir un poco más de bienestar. Mientras haya hambre en algún lugar del mundo, dificultades para sobrevivir, tiranías públicas y privadas y analfabetismo, mientras los intereses de los más poderosos sean los que dominan, sólo podremos afirmar que el mundo mejora con la boca muy pequeña. Siempre habrá que añadir: ¿mejora para quién?"

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Silenciar a religião?

No Página 1 de hoje, Manuel Pinto questiona o silêncio mediático sobre o fenómeno religioso.

Um estudo realizado pelo jornalista José António Santos sobre as notícias difundidas pela agência Lusa no ano de 2008 indica que os assuntos de natureza religiosa não chegaram a 1 por cento da produção geral da agência. Ficaram-se por 0,71%, tendo atrás de si apenas dois temas: meteorologia e agenda.

Sabendo-se do peso da Lusa no fornecimento das redacções da generalidade dos media nacionais, fácil se torna compreender uma tomada de posição e de alerta da Igreja Católica, esta semana surgida entre nós. As conferências episcopais de Portugal e de Espanha, através das respectivas comissões especializadas de comunicação social, reunidas em Braga, sugerem que a dimensão religiosa e cristã, que faz parte da realidade social e cultural em que vivemos, está a ser silenciada nos media.

Os bispos chamam a atenção para uma atitude de suspeita sobre a presença do facto religioso cristão na esfera pública e para o desejo de “relegar a dimensão religiosa para o âmbito privado, sem deixar espaço para Deus na opinião pública”.

O tema nem se limita à religião nem será específico dos católicos e eu diria que é, antes de mais, um problema cultural, que ganharia em ser discutido como tal. Para tal, importa encontrar critérios que sirvam como referenciais para o debate e para a acção e que possam ser, digamos assim, conversados entre todos, sejam crentes ou não. Um deles julgo que seja a expressão social da dimensão religiosa, que parece indesmentível.

Outro é a relevância histórica desta componente no forjar da nossa identidade colectiva. Poderíamos acrescentar ainda um factor de equidade – atendendo à visibilidade social e cultural que outros fenómenos da vida das pessoas adquirem no espaço público.

Quanto aos media, parece-me preocupante o silêncio. E não é pelo facto de alguns deles terem cronistas ou transmitirem celebrações que o problema diminui. Porque o que está aqui em causa é a cobertura noticiosa – notícias breves ou contextualizadas, entrevistas, reportagens, investigação jornalística.

Claro que muitos crentes e alguns hierarcas gostariam de ver os media sobretudo como ‘púlpito’. Claro, também, que os crentes e as religiões instituídas precisam de aprender a comunicar muito melhor. Mas nada disso justifica o silêncio, porque o jornalista não é (não deve ser) aquele que fica à espera que a notícia lhe venha parar às mãos.

domingo, 14 de junho de 2009

João Calvino em português

Na sua crónica deste domingo no Público, frei Bento Domingues fala das obras de/sobre Calvino e Lutero publicadas recentemente em Portugal.

1. Tem sentido reabrir o passado, não por ser passado, mas, como dizia Paul Ricoeur, para “libertar a sua carga de futuro”. As obras teológicas de Lutero e Calvino – dois dos nomes mais influentes da Reforma protestante – nunca foram incorporadas na cultura religiosa portuguesa. Consciente desta lacuna, o Cento de Estudos de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, para assinalar os 450 anos da morte de Martinho Lutero (1483-1546), organizou um importante colóquio para situar o seu papel no advento da Modernidade (1).


Recordando, depois, uma data decisiva na célebre controvérsia em torno da questão das indulgências (31 Outubro 1517), o mesmo Centro não se contentou com o seu debate anual sobre o significado da Reforma. Publicou a tradução das famosas 95 Teses de Martinho Lutero, tenham elas sido ou não afixadas na porta da Igreja de Vitemberga (2).

João Calvino nasceu há 500 anos, no dia 10 de Julho. De novo, o Centro de Estudos de Ciência das Religiões não quis deixar essa data em branco, publicando a tradução da sua Breve Instrução Cristã (3).

As esmeradas traduções e introduções dos textos referidos – que apontam para a obra imensa desses clássicos – pertencem a Dimas de Almeida, professor da Universidade Lusófona.

A importância do pensamento calvinista foi destacada por Max Weber (1864-1920), um dos modernos fundadores da Sociologia e autor de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Seja qual for a opinião sobre a tese desta grande obra de Max Weber, não podemos esquecer o seu impacto na discussão da génese e interpretação do capitalismo. Além disso, como recorda Dimas de Almeida, o contributo de Calvino para a ideia de democracia no Ocidente foi sublinhado por alguns analistas e não seria descabido encontrar, na origem do nosso sistema democrático, marcas dos presbiterianos dos EUA.

2. Se João Calvino influenciou a história do mundo ocidental não foi, apenas nem sobretudo, no plano económico, social e político. Aos 24 anos abraçou a causa da Reforma e, para ele, o fundamental era submeter a Igreja à Palavra de Deus. Karl Barth, de tradição calvinista e uma das figuras mais importantes da teologia do século XX, tem o cuidado de sublinhar que Calvino “nunca foi o nosso papa. (…) Os reformadores, nossos pais na fé, unidos aos pais da Igreja antiga, não podem ser para nós mais do que antepassados que nos ajudam a compreender. A verdadeira autoridade dos cristãos protestantes é a Palavra, aquela que o próprio Deus pronunciou, pronuncia e pronunciará eternamente mediante o testemunho do seu Espírito Santo nos escritos do Antigo e do Novo Testamentos. Calvino é para nós um mestre na arte de escutar esse singular e único ensino da Igreja”.

Não é por acaso que se deve a Karl Barth o empenho na luta pela independência da Igreja frente ao nacional-socialismo. Foi ele que redigiu a Declaração Teológica de Barmen, adoptada no Primeiro Sínodo Confessante da Igreja Evangélica Alemã, realizado entre 29 e 31 de Maio de 1934, tentando encontrar uma orientação para os cristãos confusos diante da ascensão de Hitler: a Igreja deve obediência exclusiva ao seu Senhor e ao Evangelho e a sua característica essencial é ouvir a Deus. O último parágrafo da Breve Instrução Cristã, agora traduzida, reza assim: “Enfim, não é de nenhum outro modo senão em Deus que somos submetidos aos homens que foram estabelecidos acima de nós. E se eles nos ordenam algo contra o Senhor, não devemos ter isso em conta, pondo antes em prática esta máxima da Escritura: Impõe-se-nos mais obedecer a Deus do que aos homens”.

3. Hoje, é voz corrente sublinhar que tanto Lutero como Calvino pretendiam trabalhar na reforma da Igreja, mas dentro do catolicismo e sob a autoridade do Papa. Devido a vários e complexos factores, a ruptura trágica consumou-se e continua. Durante a Contra Reforma católica, a personalidade religiosa de ambos foi, muitas vezes, injustamente denegrida. Só no século XX, os historiadores católicos reapreciaram essa história, mostrando a grande estatura humana, cristã e teológica destes reformadores.

Superada a violência pela tolerância recíproca, chegou o tempo da procura do conhecimento mútuo que favoreça um diálogo que vá alterando a mentalidade e a atitude de todos. É esse o caminho do ecumenismo entre as Igrejas cristãs.

O diálogo ecuménico exige rever questões histórico-teológicas, mas não as pode rever como se procurasse voltar ao século XVI. Seria anacrónico e já não têm remédio. Importante seria ver o que há de futuro nessas problemáticas, nesses encontros e desencontros. O verdadeiro ecumenismo só pode ser realizado perante os desafios que afectam a missão presente das Igrejas na luta contra situações de exploração intolerável, seja onde for. Se as Igrejas cristãs não se quiserem deixar inter-fecundar na busca de caminhos de evangelização, não podem pretender ser o sal da terra e a luz do mundo.

(1) VV.AA., Martinho Lutero. Diálogo e Modernidade, Edições Universitárias Lusófonas, 1999.
(2) Org., trad. e introdução de Dimas de Almeida, Cadernos de Ciência das Religiões, nº15, 2008.
(3) João Calvino, Breve Instrução Cristã, Org., trad. e introdução de Dimas de Almeida, Revista Lusófona de Ciência das Religiões, Série Monográfica, Vol. III, 2009.

Martini: o outro Papa?

Na sua crónica deste sábado no DN, Anselmo Borges fala do novo livro-entrevista do cardeal Carlo Maria Martini. O antigo arcebispo de Milão refere o sofrimento que lhe causa "o facto de ver que a cultura do mundo avança com um passo mais veloz do que o da Igreja oficial", aborda o tema do celibato, que deve caminhar no sentido da opção livre, fala de uma Igreja "demasiado afastada da realidade", aponta os divorciados recasados como algumas das "muitíssimas pessoas que na Igreja sofrem porque se sentem marginalizadas" e refere a eleição dos bispos, que "deve ser objecto de "discussão pública".
Anselmo Borges conclui: "Martini não é o outro Papa, no quadro de uma cisão na Igreja. Ele exprime a sã multiplicidade de opiniões na Igreja. Como ele próprio diz, 'é necessário que a Igreja toda se ponha a reflectir e, guiada pelo Papa, encontre vias de saída'".
O texto completo da crónica está aqui.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Interrogações sobre a celebração da Eucaristia

Sendo a Eucaristia - que é, no dia de hoje, motivo de festa no Catolicismo e que já foi um dia festivo esplendoroso no passado - o centro celebrativo da experiência cristã, deveria ser motivo de exame e consequência a deserção crescente dos católicos, especialmente no assim chamado Ocidente. É esse o motivo do post que acaba de publicar o blog ecleSALia:

Corpus Christi, de Amadeo de Sousa-Cardozo

"Los estudios sociológicos lo destacan con datos contundentes: los cristianos de nuestras iglesias occidentales están abandonando la misa dominical. La celebración, tal como ha quedado configurada a lo largo de los siglos, ya no es capaz de nutrir su fe ni de vincularlos a la comunidad de Jesús.

Lo sorprendente es que estamos dejando que la misa « se pierda » sin que este hecho apenas provoque reacción alguna entre nosotros. ¿No es la eucaristía el centro de la vida cristiana? ¿Cómo podemos permanecer pasivos, sin capacidad de tomar iniciativa alguna? ¿Por qué la jerarquía permanece tan callada e inmóvil? ¿Por qué los creyentes no manifestamos nuestra preocupación con más fuerza y dolor?

La desafección por la misa está creciendo incluso entre quienes participan en ella de manera responsable e incondicional. Es la fidelidad ejemplar de estas minorías la que está sosteniendo a las comunidades, pero ¿podrá la misa seguir viva sólo a base de medidas protectoras que aseguren el cumplimiento del rito actual?

Las preguntas son inevitables: ¿No necesita la Iglesia en su centro una experiencia más viva y encarnada de la cena del Señor, que la que ofrece la liturgia actual? ¿Estamos tan seguros de estar haciendo hoy bien lo que Jesús
quiso que hiciéramos en memoria suya?

¿Es la liturgia que nosotros venimos repitiendo desde siglos la que mejor puede ayudar en estos tiempos a los creyentes a vivir lo que vivió Jesús en aquella cena memorable donde se concentra, se recapitula y se manifiesta cómo y para qué vivió y murió Jesús? ¿Es la que más nos puede atraer a vivir como discípulos suyos al servicio de su proyecto del reino del Padre?

Hoy todo parece oponerse a la reforma de la misa. Sin embargo, cada vez será más necesaria si la Iglesia quiere vivir del contacto vital con Jesucristo. El camino será largo. La transformación será posible cuando la Iglesia sienta con más fuerza la necesidad de recordar a Jesús y vivir de su Espíritu. Por eso también ahora lo más responsable no es ausentarse de la misa sino contribuir a la conversión a Jesucristo".

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Conferências episcopais: por uma consciência europeia

“A baixa participação é o sinal de que ainda falta uma sociedade civil europeia”, assinala a Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE), em comunicado.
O presidente da COMECE, D. Adrianus Van Luyn, bispo de Roterdão, lamentou “a baixa participação” (42,9% de média) e assinalou que “uma participação tão baixa é ainda mais incompreensível ante a influência e competências que o Parlamento Europeu ganhará se o Tratado de Lisboa entrar em vigor”.

Segundo o bispo holandês, “o processo de democratização na União Europeia tem vindo a aprofundar-se continuamente”, permitindo que o Parlamento Europeu se converta “cada vez mais em um órgão de representação forte dos cidadãos”. Não obstante – acrescentou –, ainda não se formou uma sociedade europeia como tal.

“A baixa participação é sinal de que ainda falta uma sociedade civil europeia – disse –. Não se colocou suficiente ênfase nesta questão, em comparação com o que se pôs para estabelecer um mercado comum”.

“As instituições europeias, os governos nacionais, os partidos políticos, mas também as Igrejas, devem-se perguntar: contribuímos suficientemente na promoção de uma consciência europeia em nossos cidadãos?”.

O bispo destacou que, desde os anos 60, a integração europeia apareceu como um “processo único na história da humanidade” que actualmente é “mais oportuno que nunca”. Assinalou que, perante a crise económica, a mudança climática e a crise alimentar à escala mundial, “não existe alternativa a uma Europa unida com uma só voz e comprometida pela justiça e a paz”, tanto no continente europeu como no resto do mundo.

Na sua assembleia plenária de Primavera, os bispos membros da COMECE publicaram uma declaração, “Construir a Casa da Europa” (20 de março de 2009), na qual convidavam os cristãos a votar.

(Fonte: Zenit)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dez anos sem Daniel Faria

Daniel Faria morreu faz hoje dez anos.

As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.

É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas

Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos

As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.

(Daniel Faria, Homens que São Como Lugares Mal Situados, ed. Fundação Manuel Leão, também disponível nas Edições Quasi)



Mais poesia de Daniel Faria, textos sobre o poeta e notícias sobre a homenagem que hoje à noite decorre no Porto aqui.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Não querem ver

No Página 1 de hoje, Francisco Sarsfield Cabral fala da abstenção nas eleições de ontem e da atitude da maior parte dos políticos:

A abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu foi a maior de sempre no conjunto da União. Não houve surpresa. Não só as sondagens a previam, como a tendência para uma crescente abstenção vem de trás. Os deputados europeus começaram por ser escolhidos pelos parlamentos nacionais. Em 1979 passaram a ser eleitos por sufrágio directo e universal. Pois a abstenção não cessou de aumentar ao longo deste trinta anos, ao longo dos quais, paradoxalmente, o Parlamento Europeu tem vindo a ganhar mais poderes.

No entanto, as pessoas desinteressam-se do PE. Parece que este alheamento – que não é conjuntural, antes exprime uma tendência de fundo - deveria merecer atenção por parte dos dirigentes da UE. Ele suscita uma questão óbvia: será o PE a melhor via para aproximar os cidadãos das instituições europeias?

Parece que não. Mas os políticos e os dirigentes europeus não querem ver e fazem de conta que tudo corre bem. Depois queixam-se de que os eurocépticos estão a ganhar as opiniões públicas. É que não se pode construir a Europa sem o envolvimento dos europeus.

Mais uma nota, à margem deste texto de Sarsfield Cabral: Recorde-se que, em cada dez europeus, quase seis não votaram. E que, em cada dez portugueses, mais de seis não votaram. Disto, pelos vistos, voltaremos a falar em próximas eleições - porque até lá o tema voltará a ser arrumado na gaveta das inconveniências. Aliás, é interessante ver o modo como tantos políticos agora pretendem encostar-se a Barack Obama. Há uma diferença fundamental entre o Presidente dos Estados Unidos e a maior parte dos líderes políticos europeus: é que Obama, além das ideias que tem (mesmo discordando dele) e da forma como pretende resolver vários problemas, foi para a política porque entende que essa é uma forma importante de serviço público...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fraternidade nas cartas de Paulo


O actor António Durães lê as cartas de S. Paulo aos Tessalonicenses e aos Filipenses, naquela que é a terceira e última sessão dedicada, cada qual, a um vértice da trilogia liberdade-igualdade-fraternidade.
O evento realiza-se na próxima sexta-feira, dia 5, às 21.30, no Auditorio Vita, em Braga.
No final, D. António Couto, bispo auxiliar de Braga, sintetizará o espírito das três sessões que contaram já com leituras de cartas de Paulo por Luís Miguel Cintra, António Fonseca e Mária Breia.

A fé envolve não só a mente e o coração, mas também os sentidos

“Este método de harmonizar todas as artes, a inteligência, o coração e os sentidos, que procedia do Oriente, seria sumamente desenvolvido no Ocidente, atingindo cumes inalcançáveis nos códices da Bíblia e noutras obras de fé e de arte, que floresceram na Europa até a invenção da imprensa e até mesmo depois. Em todo caso demonstra que Rábano Mauro tinha uma consciência extraordinária da necessidade de envolver a fé na experiência, não só a mente e o coração, mas também os sentidos através desses outros aspectos do gosto estético e da sensibilidade humana que levam o homem a desfrutar da verdade com todo seu ser, ‘espírito, alma e corpo’.”
“Isto é importante. A fé não é só pensamento, toca a todo o ser”.

Papa Bento XVI, na apresentação, feita na audiência geral de ontem, em Roma, de Rábano Mauro, um monge que é considerado “mestre da Alemanha”. Nascido em Mainz, por volta do ano 780, Mauro viria a ser eleito primeiro abade do famoso mosteiro [beneditino] de Fulda e depois arcebispo da cidade natal, Mainz e, mais tarde, conselheiro de príncipes empenhado em garantir a unidade do Império. Mas ficou igualmente conhecido como exegeta, filósofo, poeta, pastor e homem de Deus. Ele próprio ilustrava algumas das obras que escrevia. Atribui-se-lhe a criação do famoso hino
Veni Creator Spiritus. (Fonte: Zenit)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A dimensão do cuidar - ciclo de conferências


"A dimensão do cuidar na re-significação do espaço público" é o tema de um Ciclo Internacional de Conferências que a Fundação Cuidar O Futuro, a Universidade de Évora, em parceria com o Centro Nacional de Cultura, Fundação Gulbenkian e a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género,realização nos próximos dias 25, 26 e 27 e ainda em 10 de Julho, em Lisboa e Évora.
Mais informações: AQUI.