No
dia em que os gregos dizem que é possível os povos reafirmarem o valor da democracia contra a ditadura dos mercados financeiros, vale a pena revisitar a música de um dos
mais importantes compositores gregos. A propósito das suas canções, Mikis
Theodorakis escreve: “Não há nada mais efectivo como como um anti-corpo contra
as ditaduras do que a música. A música torna as pessoas mais bonitas e
humanas.” As músicas de Theodorakis, pelo menos, são assim: trazem-nos a
nostalgia e a alegria, o ritmo e as cores dançantes da água do Mediterrâneo,
esse grande lago comum a tantos povos e onde se cruzam tantos sons — talvez por
isso, as canções de Theodorakis têm sido tão bem interpretadas pela cantora
maiorquina Maria del Mar Bonet. Neste vídeo, pode ver-se e ouvir-se a força do
bailado Zorba, num concerto gravado
em Munique (Alemanha), há precisamente 20 anos, com a Orquestra Estatal de
Atenas. A força, que é como quem diz, a beleza. Como nos poemas: “Detrás da
onda azul, sobre o horizonte azul,/ espera uma mãe que não vi durante anos/
porque me recusei submeter à lei.”
(O livro de Nikos Kazantzakis Zorba, o Grego, conta a história de um intelectual em crise de identidade, que tenta refazer a sua vida com a ajuda de um misterioso Alexis Zorba. A parte mais conhecida da composição musical pode ouvir-se, neste vídeo, após os 51’30”; depois, a peça é repetida com um bailado.)
(O
texto adapta um artigo sobre um disco de Theodorakis publicado na revista Além-Mar, em Outubro 2001)
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