segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Religião nas múltiplas modernidades

Agenda

Nesta terça-feira à tarde, e durante o dia de quarta-feira decorre na Universidade Católica, em Lisboa, o colóquio 2016 da rede de investigadores A Religião nas Múltiplas Modernidades. A iniciativa tem início às 15h de terça-feira e é apresentada da seguinte maneira pelos seus promotores:

Reunindo investigadores que estudam a religião e as religiões no contexto das múltiplas modernidades, este grupo informal pretende contribuir para uma aproximação interdisciplinar dos que partilham este âmbito de pesquisa, facilitando a criação de contextos de circulação, troca e cooperação em rede. Esta comunidade de investigadores é articulada a partir de um projeto de colaboração que congrega o Centro de Estudos Sociais (UC), o Instituto de Sociologia (UP) e o Centro de Estudos de Religiões e Culturas (UCP), representados por Teresa Toldy, Helena Vilaça e Alfredo Teixeira. Na organização da presente edição, colaboram também Paulo Fontes do Centro de Estudos de História Religiosa (UCP) e Tiago Marques do Centro de Estudos Socais (UC).
Cumprindo o objetivo de propor e organizar um encontro anual, o «Colóquio 2016» procura facilitar a apresentação, num contexto de troca, das mais recentes pesquisas – em projeto, em curso ou já concluídas. Os itinerários apresentados, situam-se nos domínios da pesquisa de terreno, da investigação documental e da exploração teórica. Apresenta-se como um colóquio de investigadores, mas está aberto aos públicos interessados.
Mais informações e o programa completo podem ser consultados aqui.

Texto anterior no blogue
Resistências ao Papa, ética, saltos e humor - crónicas de Anselmo Borges, frei Bento Domingues, Vítor Gonçalves e Fernando Calado Rodrigues


Resistências ao Papa, ética, saltos e humor

Na sua crónica deste sábado no DN, Anselmo Borges analisa vários episódios do que se tem passado (e pode vir a passar) na oposição ao Papa. Com o título A resistência a Francisco, termina a citar Tomás Halík:

Disse, com razão, o teólogo checo Tomás Halík, um dos mais influentes na actualidade, que fala da fé como “a coragem para entrar na nuvem do Mistério”: “Estou profundamente convencido de que o Papa Francisco inicia um novo capítulo na história do cristianismo. Teve a coragem de dizer que as tentativas para reduzir o cristianismo à moralidade sexual, à criminalização do aborto e à demonização dos gays e dos preservativos foram uma obsessão neurótica. Todos sabemos que a defesa dos que estão por nascer e da família tradicional é importante, mas esta agenda não deve ofuscar valores ainda mais importantes como o amor misericordioso, o perdão, a justiça social, a solidariedade com os pobres, a responsabilidade ambiental, a paz e o diálogo amigável entre pessoas de culturas, nações, raças e religiões diferentes. O Papa é uma personalidade profundamente espiritual com uma mensagem profética que ultrapassa as fronteiras entre Igrejas e religiões, cristãos e humanistas.”
(texto na íntegra aqui)


Domingo, no Público, frei Bento Domingues escrevia sobre Ética e religião:

Jesus de Nazaré pôs em causa o que havia de mais sagrado na religião em que cresceu, a partir de um postulado ético radical: o Sábado é para o ser humano e não o ser humano para o Sábado. O dia de Deus, para não se tornar o dia da suprema idolatria, tem de coincidir com o da promoção da maior liberdade. As instituições que não seguem este critério metem os humanos numa cadeia religiosa e fazem-lhes o que não fazem aos animais
(texto na íntegra aqui)


No comentário aos textos bíblicos da liturgia católica de Domingo passado, Vítor Gonçalves escrevia sobre O grande salto:

Nestas ruas de Roma recordo o gesto inesperado do poeta Rainer Maria Rilke ao oferecer, a uma pedinte de uma destas ruas, uma rosa. Imagino a surpresa dos seus olhos e o salto no coração pela beleza concentrada naquela flor. Nos três dias seguintes “viveu da rosa”, como respondeu o poeta ao seu amigo. A beleza convida-nos a um salto redentor: largar as cadeias da simples sobrevivência, ver para além da tentação de possuir, viver do que alimenta o espírito e na morte quotidiana difunde a eternidade. A mão de Jesus que ergue o jovem morto tem a beleza do gesto criador de Deus que Michelangelo plasmou no tecto da Capela Sistina. E todas as ressurreições nos lembram que só a beleza salva o mundo. Como dizia o poeta António Botto: “O mais importante na vida é ser-se criador – criar beleza.” Que salto para a beleza nos falta ainda dar?
(texto na íntegra aqui)


Sexta, no CM, Fernando Calado Rodrigues escrevia sobre Humor e fé:

A missa dominical não deveria ser sentida, portanto, como uma obrigação. Deve ser antes a celebração de que os cristãos necessitam para recarregar as baterias da felicidade para, durante a semana, irradiarem alegria e amor nos ambientes que frequentam.
(texto na íntegra aqui)

Texto anterior no blogue
A Alegria do Amor: sobre o amor na famíliacomentário de Ana Cordovil e Jorge Wemans, à exortação Amoris Laetitia, do Papa Francisco

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A Alegria do Amor: sobre o amor na família

Texto de Ana Cordovil e Jorge Wemans

(no final do artigo, indicam-se as ligações para várias crónicas sobre o mesmo documento, escritas por frei Bento Domingues e pelos padres Anselmo Borges, Fernando Calado Rodrigues e Paulo Terroso)


(foto © BillionPhotos.com/Fotolia; reproduzida daqui


Falemos então do Amor.

Desse Amor que Jesus anunciou como mensagem maior da Vida.
E falemos da Alegria que todos os homens e mulheres experimentam nas suas relações amorosas. De modo muito concreto lembremos tantos rostos que de formas tão diversas e surpreendentes nos ajudam a dizer a Alegria do Amor!
Cabe-nos agradecer, com respeito e emoção, a coragem de muitos e muitas que enfrentam dificuldades sem sentido na construção do Amor que querem viver, na família que querem construir. São estes rostos de coragem que queremos ter, hoje, presentes!

No meu coração, estes rostos têm naturalmente nomes e histórias que desejava partilhar convosco, mas penso não ter esse direito.

Somos um casal que nos demos mutuamente o matrimónio há quase 40 anos e que continuamos a viver um com o outro. Não nos sentimos em nada melhor que outros que percorreram caminhos diferentes, ou que devamos ser vistos como exemplo. Até nos envergonha a possibilidade de olharem para nós como modelo…
Claro que toda a vida – todas as vidas – é fonte de inspiração, por negação ou simpatia, para outros. Devemos inspiração, companhia e apoio a muitos casais que vivem segundo as “regras” da Igreja para a união entre duas pessoas que se amam. Mas, não menos inspiradores, estimulantes e presença viva de Jesus nas nossas vidas têm sido outros “casais” apontados como “irregulares”: mães solteiras, divorciados, gente perdida em processos de doenças diversas com filhos para cuidar, casais do mesmo sexo, casais apenas com união de facto ou vivendo mesmo em casas diferentes, recasados...
Na nossa vida de casal temos tido muitas incertezas no Amor que nos une, mas temos tido a sorte de encontrar força num Amor maior e generoso que se nos dá e nos guia. Esse Amor maior está em nós, naturalmente, mas fortalece-se com a Palavra, com a vida de todos os dias, com a vida comunitária e, como já referimos, cresce graças àqueles crentes e não crentes que nos têm acompanhado.
Entre estes estão também as famílias que nos precederam e as que se vão construindo hoje e nos surpreendem a cada dia como as dos nossos filhos, genros e netos, mas também um grande número de homens e mulheres que fazem das suas relações diversas de Amor testemunhos de Alegria.
Neste contexto, a exortação A Alegria do Amor é, por várias razões, um ótimo começo de conversa. Nela, o Papa Francisco tenta, de um modo sincero, franco e aberto, dar nome. Dar nome às coisas e às situações. E nomear é já um bom começo…
O texto nomeia homens e mulheres que querem viver o seu Amor com a Alegria do Evangelho e que são olhados como menores, ou pecadores. Como podemos nós fazer esse julgamento contra alguém que quer viver o Amor? O Deus que nos ilumina nas horas mais difíceis e com quem nos alegramos não é esse Deus julgador que se alimenta da verificação das regras cumpridas, ou por cumprir.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Lisboa é a casa do ecumenismo durante quatro dias

O papel das igrejas cristãs numa Europa laica, que enfrenta crises como a dos refugiados, é um dos temas da reunião dos Conselhos Nacionais das Igrejas da Europa

Começou esta terça-feira, em Lisboa, o encontro dos Conselhos Nacionais das Igrejas da Europa, um organismo da Conferência das Igrejas da Europa (CEC).
É a primeira vez que Portugal acolhe este encontro ecuménico, que decorre na catedral de São Paulo, da Igreja Lusitana, ramo português da Comunhão Anglicana.
Para além dos Conselhos Nacionais, alguns dos quais contam com a colaboração da Igreja Católica, a CEC representa um total de 114 confissões religiosas de toda a Europa, sobretudo ortodoxas e protestantes.
Neste encontro, Portugal faz-se representar por D. José Jorge de Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana e dirigente do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC). O papel das igrejas numa Europa laica, mas que enfrenta crises como a dos refugiados, está no topo da agenda até ao fim do encontro, na sexta-feira.
(o texto pode continuar a ser lido aqui)

Texto anterior no blogue
Em nome da Síria, em nome das crianças da Síria - campanha das crianças sírias pela paz, no Dia Mundial da Criança




Em nome da Síria, em nome das crianças da Síria


Foto reproduzida daqui

A Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) promove, durante o dia de hoje, uma jornada de oração pela paz e de solidariedade com as crianças sírias que, hoje mesmo, sairão também à rua no seu país devastado pela guerra. “Em nome dos filhos” é o título da iniciativa, promovida em conjunto pelos patriarcas ortodoxo e católico do país, bem como pelos responsáveis de todas as confissões cristãs, por ocasião do dia Internacional da Criança.
“São milhares as crianças da Síria que apenas conhecem o dia-a-dia de um país em guerra. Todas elas carregam já histórias de sofrimento, de dor, de medo. Estas crianças são o rosto maior de uma tragédia que parece não ter fim à vista”, escreve a AIS, na apresentação da iniciativa.
Estavam previstas concentrações de crianças sírias nas cidades (ou nas ruínas que delas restam) de Damasco, Alepo, Homs, Tartus ou Marmarita.

Numa carta conjunta, os patriarcas ortodoxo e católico escrevem: “As crianças da nossa pátria, Síria, são os pequenos irmãos e irmãs do menino Jesus necessitado. Há mais de cinco anos que sofrem feridas, traumas ou a morte por causa de uma guerra sangrenta. Muitos perderam os pais e tudo o que queriam e gostavam. (...) A Ele, a Cristo, Rei do Universo, que como criança vulnerável nos braços de sua mãe segura o mundo na sua mão, te rogamos: ‘Olha as lágrimas dos nossos filhos, seca as lágrimas das mães, permite que este pranto de dor cesse de uma vez’”.