O Papa Francisco em conferência de imprensa, a bordo do avião,
numa das suas viagens (foto reproduzida daqui)
Declaração final
por ocasião do I Congresso
Internacional de Jornalistas Pro Papa Francisco, realizado em Madrid na
quinta-feira, dia 23
O título do encontro pode ser enganador, pois o que se pretendia não era esquecer o
distanciamento que qualquer jornalista deve ter em relação aos acontecimentos;
por isso, a declaração final aprovada resume melhor o que se pretendeu com esta
iniciativa que, agora, poderá ter continuidade através da criação de redes e
contactos vários que procurem colocar na agenda mediática os temas tantas vezes
propostos pelo Papa. Aqui fica o texto da declaração:
Um grupo de jornalistas e
comunicadores de diferentes lugares do mundo, reunidos por ocasião do I
Congresso Internacional de Jornalistas Pro Papa Francisco, interpelados pelo processo
de reformas empreendido por Bergoglio e as reacções que suscitou, a partir da
nossa vocação pela informação religiosa e de qualidade, declaramos o seguinte:
1. – A religião e a
espiritualidade são dimensões essenciais do ser humano. Partilhamos a
frustração do Papa Francisco, quando afirma na sua encíclica Laudato Si, “vivemos
já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à
honestidade; chegou o momento de reconhecer que esta alegre superficialidade de
pouco nos serviu.” (LS 229)
2. – “Amar a verdade, viver com
profissionalismo e respeitar a dignidade humana” são, como defende o Papa,
chaves para o nosso trabalho. Este é o nosso objectivo: evitar a
instrumentalização ideológica e política da informação, para que esta seja
oferecida à opinião pública de forma rigorosa, frente a fenómenos como as “fake
news” (notícias falsas). Este compromisso exige, mais do que nunca,
honestidade, transparência, busca da verdade, rigor e imparcialidade.
3. – Inspirados pelo protagonismo
que Francisco quer dar às vítimas da cultura dos descarte, e conscientes de que
existe um povo que sofrem comprometemo-nos a oferecer voz, através das nossas
informações, aos mais empobrecidos, e incluir a busca da igualdade, a justiça,
a solidariedade, a liberdade, a paz e o cuidado da nossa casa comum no nosso
trabalho jornalístico, a partir da denúncia e da proposta.
4. – Tudo isto requer o esforço de
incluir, da nossa parte, o que às vezes não encontramos em muitas informações:
- Reconhecemos que a misericórdia,
colocada pelo Papa no centro do seu ministério, é também um elemento essencial
na hora de informar sobre a vida da Igreja.
- Na sua recente mensagem para o
Dia das Comunicações Sociais, o Papa convida “todos a oferecer aos homens e às
mulheres do nosso tempo narrativas relatos permeados pela lógica da ‘boa
notícia’”.
5. – Como jornalistas, queremos
promover uma cultura do encontro, através da escuta e do diálogo, a partir da
nossa independência profissional e pessoal. Por isso, empenhar-nos-emos em
aproveitar as sinergias dos nossos meios, em partilhar informação e ajudar a
fazê-la circular entre os nosso contactos e as nossas redes, para que
frutifique.
Madrid, 23 de Novembro de 2017