A crónica de Manule Vilas Boas no DN e no JN desta segunda-feira faz uma avaliação do dia de ontem na Jordânia, o último do Papa no reino hachemita:
Ficou-me atravessado o coro e a orquestra que ontem tornaram grandiosa a consolação do Papa no Estádio Internacional de Amã. Era preciso fazer festa porque o pastor (liturgicamente era o Domingo do Bom Pastor) conseguiu trazer ao redil 30 mil sofridas ovelhas. Na Jordânia, os cristãos estão contados pelo Vaticano: não são mais do que 5620. Assistiu-se nesta missa ao milagre da solidariedade. Do Líbano, da Síria, de Beirute e da Palestina estiveram delegações armadas também de festa e protesto ainda que silencioso. Bento XVI desta vez, na homilia, poupou-se entre metáforas.
Os refugiados (cristãos do Iraque e na Jordânia são 40 mil) não estiveram explicitamente nas palavras do chefe da Igreja Católica. O que é pena. Diplomacia a quanto obrigas! Quanto ao papel da mulher, todo o louvor às grandes figuras femininas na Bíblia e nos tempos modernos. Bento XVI disse por João Paulo II que elas são possuidoras de “carisma profético”. Os avisos à navegação foram entendidos por uma cultura (Igreja Católica é dela subsidiária) do posso, quero e mando. Mudam-se os tempos, nem sempre se mudam as vontades.
Com tantos pensamentos belicosos, ia-me perdendo no Jordão com a rusticidade do lugar, a austeridade da paisagem e o pó irritante. Talvez me queixe mais do que João, o Baptista, que por aqui andou alimentado pelo deserto e refrescado pelo Jordão e águas mansas. Três templos foram aqui levantados por épocas e sensibilidades religiosas diferentes. O habitual desta terra espartilhada. Dentro em breve serão mais dois, os templos – o de São João Baptista e o do Baptismo de Jesus Cristo. Afinal os actores de toda a memória não paravam por aqui.
Os reis, Abdallah II e Rania, foram o esplendor da festa por uns breves minutos que aqui estiveram com o Papa a dizerem que são os padrinhos destes templos católicos. Gestos a rarear e não só por causa da crise. Bento XVI consolou, por sua vez, os fiéis do movimento neo-catecumenal, nascido nos anos 70 em Espanha. As palavras do Papa sobre o baptismo foram as essenciais, como quando disse que este Médio Oriente é pai e mãe de tantas tragédias.
1 comentário:
Exmos. Srs.
Em seguimento de um post vosso sobre os países onde a liberdade religiosa é restringida, venho pedir-lhes o email para envio de nota.
att,
JFD
(apcab.cultura@gmail.com)
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